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VÍDEO: Nenhum de Nós homenageia estudante morto em Charqueadas

Ao final de apresentação em São Jerônimo, banda lembrou de Ronei, espancado até a morte no começo de agosto

16/08/2015 - 19h52min

Atualizada em: 16/08/2015 - 19h52min


Marcelo Gonzatto
Marcelo Gonzatto
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Divulgação / Arquivo pessoal
Ronei Wilson Jurkfitz Faleiro Júnior tinha 17 anos e foi brutalmente assassinado

A banda Nenhum de Nós fez uma homenagem, no final de um show realizado no sábado, ao adolescente Ronei Wilson Jurkfitz Faleiro Júnior. O estudante foi espancado até a morte na saída de uma festa em Charqueadas, aos 17 anos, no começo do mês. Um vídeo com esse trecho do espetáculo foi publicado no Facebook pelo fã Mauricio Maia Dornelles (veja abaixo).

Posted by Mauricio Maia Dornelles on Sábado, 15 de agosto de 2015

Música em homenagem ao Ronei Jr show Nenhum de Nós.

Antes de tocar a versão da banda para a música Tente Outra Vez, de Raul Seixas, o vocalista Thedy Corrêa fez um discurso emocionado em memória ao estudante. Ronei foi espancado com chutes, socos e garrafadas diante do próprio pai, que tentou proteger o filho e também foi agredido, mas sobreviveu. O crime ocorreu na madrugada do dia 2 de agosto.

Grupo que matou jovem atacava quem era de fora da cidade

No final de semana, a banda se apresentou em São Jerônimo, município vizinho a Charqueadas, onde o assassinato foi cometido. Durante o bis, Thedy discursou:

- O Nenhum de nós queria dedicar este show e esta noite a um garoto que talvez estivesse aqui hoje, a um garoto que talvez estivesse aqui na frente cantando com a gente. A gente quer dedicar este show, aonde quer que esteja, ao Ronei. Quer dedicar também ao pai dele, que passou um dos piores Dias dos Pais que alguém poderia enfrentar.

O vocalista revela que a ideia de prestar a homenagem surgiu pouco antes da apresentação, nos camarins. Foi resultado do impacto que o episódio provocou nos integrantes da banda.

- Comentamos esse assunto entre nós, foi uma coisa que nos tocou demais. Para mim, foi até difícil cantar a música depois - conta Thedy.

Como foi o brutal assassinato

O estudante Ronei Wilson Jurkfitz Faleiro Júnior, 17 anos, teria sofrido as agressões que o levaram à morte na madrugada de domingo, dia 2 de agosto, em Charqueadas, só porque estava acompanhado de um amigo da vizinha São Jerônimo.

Ronei morreu atingido por chutes, socos, garrafadas e golpeado com os cacos de vidro. Motivos fúteis como "pegar" quem vinha de outros municípios para festas em Charqueadas eram o combustível das ações do "bonde", que atuava há mais de um ano na cidade. Até então, as agressões não haviam resultado em morte.

- Esses jovens se juntam para cometer delitos sem motivo algum - afirmou o promotor de Justiça Roberto Carmai Duarte Alvim Junior.

O promotor pediu a prisão de oito adultos e representou pela internação provisória de seis adolescentes pela morte de Ronei.Segundo o promotor, o crime explicita diversos problemas que têm incentivado a criminalidade no país, desde as leis brandas que geram um clima de "não dá nada" até a desestruturação da segurança pública e a educação falha dada pelos pais. De acordo com a investigação, os envolvidos comemoraram as agressões pelo aplicativo de mensagens WhatsApp.

- Os pais ajudaram a criar esses monstros. As famílias não deram limites. É crescente a omissão dos pais. Eles entregam à escola e ao Estado a responsabilidade (pela educação) - disse.

Segundo o promotor, o município seria "conhecido pelo alto uso de bebidas alcoólicas e maconha, mas não tem ocorrido repressão das famílias" aos jovens. Os adolescentes envolvidos têm entre 15 e 17 anos, enquanto os adultos não passam dos 20 anos - de classes média e baixa. No total, 14 pessoas participaram do ataque. Boa parte deles tinha menos de 18 anos e não deveria ter tido acesso a bebidas (várias garrafas foram utilizadas como armas contra Ronei), quer dizer, já há aí uma falha no cumprimento da legislação, lembra o promotor.

Completa o panorama o fato de Charqueadas contar com somente uma viatura e dois PMs para patrulhas. O promotor acrescenta que horas extras foram cortadas pelo governo do Estado na segurança pública e muitos PMs tiveram de ser alocados nos presídios do município para evitar que os colegas esticassem seus horários. Para o promotor, a economia de recursos na segurança é uma omissão do Estado.


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