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Mãe procura pela filha há 15 anos: "Não quero morrer sem saber notícias"

Dozolina Abreu nunca desistiu de procurar a filha desaparecida desde o ano 2000

13/10/2015 - 07h09min

Atualizada em: 13/10/2015 - 07h09min


Tadeu Vilani / Agencia RBS
Dozolina procura pela filha Sandra há 15 anos

Era um domingo, 21 de maio de 2000, quando Sandra Adriana Abreu da Silva, 25 anos, saiu de casa, em Alvorada, para ir a um baile. Nunca mais voltou. Ela tinha envolvimento com drogas, mas segundo a mãe, Dozolina Abreu, nunca passava a noite fora e, muito menos, deixava as filhas, Pâmela e Paloma, de cinco e quatro anos, sozinhas.

Naquela noite ela foi vista pela última vez conversando com um rapaz, que nunca foi sequer identificado. Na manhã seguinte, começou a peregrinação de Dozolina, hoje com 63 anos, em busca da filha. E lá se vão 15 anos sem respostas.

- Quando vejo um caso de alguém que apareceu depois de muito tempo, me pergunto se um dia vai acontecer comigo. Eu não quero morrer sem saber notícias da minha filha - desabafa a mãe.


Foto: Tadeu Vilani / Agência RBS

Um drama que, apesar de ser solitário para a família, está longe de ser isolado. Segundo a Secretaria Estadual da Segurança Pública, foram registrados
2.063 casos de desaparecimento de adultos entre janeiro e julho deste ano no Estado.

As ocorrências de localização, que incluem casos registrados como desaparecidos antes deste ano, foram 3.417. Isso sem falar nos menores desaparecidos: 2.312 só nos primeiros sete meses de 2015.

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No caso de Dozolina, que teve a filha desaparecida fora da Capital, a probabilidade de não ver um final feliz para essa longa história só aumenta. A falta de uma estrutura adequada para solucionar o desaparecimento segue intransponível.

Na época, a mãe procurou uma delegacia em Alvorada. Depois, foi encaminhada para a antiga Delegacia de Desaparecidos, que funcionava no Palácio da Polícia, em Porto Alegre. Na sequência, os departamentos foram novamente reorganizados e o caso teria voltado para a polícia na cidade, mas não há certeza.

Família é fundamental

Independentemente da estrutura do Estado para investigar desaparecimentos, há unanimidade de que a participação da família é fundamental para garantir um rumo positivo às buscas. E esse esforço nunca faltou à Dozolina.

Segundo a delegada Jeiselaure Souza, responsável pela 5ª DHPP de Porto Alegre, que concentra os casos de adultos desaparecidos na Capital, o papel da família é ainda mais importante em casos mais antigos.

- Quando todas as possibilidades de investigação se esgotam e o desaparecido não é encontrado, a investigação fica aberta, mas a polícia tem que aguardar novos elementos, que podem vir das famílias - explica.

Luz no fim do túnel

A Polícia Civil começou a traçar um plano que pode, ao menos, acelerar respostas. Um software do DML para identificação de corpos pode ser adaptado à polícia. A intenção é que a cada registro, cada delegacia possa lançar no sistema as características da pessoa e cruzar os dados.

Mas, por enquanto, o que deveria ter representado um alento a pessoas como Dozolina não passou do papel. Em janeiro entrou em vigor uma lei para tratar dos desaparecidos.
Entre as principais medidas previstas no projeto sancionado estão a criação de uma estrutura policial específica para as investigações de desaparecimentos e a estruturação de um cadastro único de desaparecidos.

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*Diário Gaúcho


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