Porto Alegre
Mais de 600 policiais prendem 46 suspeitos de tráfico em condomínios do Minha Casa Minha Vida
Queixas de moradores expulsos de residências motivaram investigação que durou oito meses e mapeou as quadrilhas da região
Convocados de diversas delegacias e departamentos da Polícia Civil, 652 policiais estiveram envolvidos nesta na manhã em uma ação que fechou 100 pontos de tráfico de drogas na Zona Sul de Porto Alegre. A Operação Gênesis teve a missão de desbaratar 14 quadrilhas que atuam na Restinga. Dois locais foram o foco principal dos policiais: unidades habitacionais do programa Minha Casa Minha Vida.
Foram cumprida 143 ordem judicias, cem mandados de busca e apreensão e 43 de prisão. Os residenciais Camila - o primeiro empreendimento do Minha Casa Minha Vida destinado a pessoas com renda de até três salários mínimos entregue em Porto Alegre - e Ana Paula são o ponto de referência. Ambos ficam na Estrada João Antônio da Silveira.
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Às 9h, em entrevista coletiva com a presença da cúpula da segurança pública do Estado, foi divulgada a prisão de 46 pessoas hoje - de um total de 62 presos ao longo da investigação, que durou nove meses. O principal alvo foi identificado como Fabrício Taisses Duarte, conhecido como "Alemão Fabrício", suspeito de comandar o tráfico dentro dos condomínios do Minha Casa Minha Vida, também foi capturado.
Nesses conjuntos habitacionais, o tráfico impôs o terror e transformou seus moradores em reféns. A face mais cruel desse domínio, que também tem ameaças e intimidações, é a expulsão de moradores de suas casas.
- Fizemos um cruzamento de dados baseado em queixas de moradores, informações da Caixa Federal e investigação policial no local. Há indícios fortes de, pelo menos, 46 residências tomadas pelos traficantes. Os locais foram transformados em depósitos de drogas, pontos de venda e até mesmo locais para o consumo - conta o delegado Mario Souza, titular da 1ª Delegacia do Departamento Estadual do Narcotráfico, que coordenada a operação.
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Quem se negou a sair após ameaças acabou despejado pelos traficantes com violência. Em um dos casos, no condomínio Camila, um casal foi agredido a coronhadas e colocado para fora da casa apenas com as roupas do corpo. Móveis, roupas e documentos ficaram com a quadrilha.
Outro caso, no condomínio Ana Paula, ocorreu quando os proprietários se ausentaram do apartamento por um dia. Quando retornaram, encontraram o local invadido e receberam um aviso: se procurassem a polícia, toda a família seria executada.
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Dezesseis prisões já foram realizadas nos oito meses de investigação, que contou também com a infiltração policial. Fingindo-se de consumidores fiéis, policiais disfarçados compraram drogas diversas vezes. Em uma das gravações obtidas pelo Diário Gaúcho, é comprovada a ação dentro do Camila. O homem, que parece ter posição hierárquica superior no grupo, se vangloria para o policial, que ele imaginava ser um consumidor.
- Pô, a melhor droga, não por nada. Aqui é o Camila, o melhor ponto, a melhor droga, o melhor pó, a melhor maconha, a melhor pedra. - diz o suspeito.
Segundo o chefe de Polícia, delegado Guilherme Wondracek, foi a maior operação da história da Polícia Civil em Porto Alegre. A partir da próxima semana, uma força-tarefa deve iniciar um trabalho para identificar as famílias que foram expulsas pelo tráfico e saber quais delas desejam voltar para suas casas. Estarão envolvidos, além da Polícia Civil, o Ministério Público, a Caixa Federal e a PF.
Os alvos principais
Residencial Camila: Em abril de 2011, 192 casas foram entregues. Fica na Estrada João Antônio da Silveira, 4.850, Bairro Restinga.
Residencial Ana Paula: Em abril de 2012, foram entregues 416 apartamentos. É localizado na Estrada João Antônio da Silveira, 4.760, também no Bairro Restinga.
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* Diário Gaúcho