Polícia



Porto Alegre

Mais de 600 policiais prendem 46 suspeitos de tráfico em condomínios do Minha Casa Minha Vida

Queixas de moradores expulsos de residências motivaram investigação que durou oito meses e mapeou as quadrilhas da região

02/10/2015 - 07h01min

Atualizada em: 02/10/2015 - 07h01min


Convocados de diversas delegacias e departamentos da Polícia Civil, 652 policiais estiveram envolvidos nesta na manhã em uma ação que fechou 100 pontos de tráfico de drogas na Zona Sul de Porto Alegre. A Operação Gênesis teve a missão de desbaratar 14 quadrilhas que atuam na Restinga. Dois locais foram o foco principal dos policiais: unidades habitacionais do programa Minha Casa Minha Vida.

Foram cumprida 143 ordem judicias, cem mandados de busca e apreensão e 43 de prisão. Os residenciais Camila - o primeiro empreendimento do Minha Casa Minha Vida destinado a pessoas com renda de até três salários mínimos entregue em Porto Alegre - e Ana Paula são o ponto de referência. Ambos ficam na Estrada João Antônio da Silveira.

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Às 9h, em entrevista coletiva com a presença da cúpula da segurança pública do Estado, foi divulgada a prisão de 46 pessoas hoje - de um total de 62 presos ao longo da investigação, que durou nove meses. O principal alvo foi identificado como Fabrício Taisses Duarte, conhecido como "Alemão Fabrício", suspeito de comandar o tráfico dentro dos condomínios do Minha Casa Minha Vida, também foi capturado.



Nesses conjuntos habitacionais, o tráfico impôs o terror e transformou seus moradores em reféns. A face mais cruel desse domínio, que também tem ameaças e intimidações, é a expulsão de moradores de suas casas.

- Fizemos um cruzamento de dados baseado em queixas de moradores, informações da Caixa Federal e investigação policial no local. Há indícios fortes de, pelo menos, 46 residências tomadas pelos traficantes. Os locais foram transformados em depósitos de drogas, pontos de venda e até mesmo locais para o consumo - conta o delegado Mario Souza, titular da 1ª Delegacia do Departamento Estadual do Narcotráfico, que coordenada a operação.



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Quem se negou a sair após ameaças acabou despejado pelos traficantes com violência. Em um dos casos, no condomínio Camila, um casal foi agredido a coronhadas e colocado para fora da casa apenas com as roupas do corpo. Móveis, roupas e documentos ficaram com a quadrilha.

Outro caso, no condomínio Ana Paula, ocorreu quando os proprietários se ausentaram do apartamento por um dia. Quando retornaram, encontraram o local invadido e receberam um aviso: se procurassem a polícia, toda a família seria executada.

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Dezesseis prisões já foram realizadas nos oito meses de investigação, que contou também com a infiltração policial. Fingindo-se de consumidores fiéis, policiais disfarçados compraram drogas diversas vezes. Em uma das gravações obtidas pelo Diário Gaúcho, é comprovada a ação dentro do Camila. O homem, que parece ter posição hierárquica superior no grupo, se vangloria para o policial, que ele imaginava ser um consumidor.

- Pô, a melhor droga, não por nada. Aqui é o Camila, o melhor ponto, a melhor droga, o melhor pó, a melhor maconha, a melhor pedra. - diz o suspeito.

Segundo o chefe de Polícia, delegado Guilherme Wondracek, foi a maior operação da história da Polícia Civil em Porto Alegre. A partir da próxima semana, uma força-tarefa deve iniciar um trabalho para identificar as famílias que foram expulsas pelo tráfico e saber quais delas desejam voltar para suas casas. Estarão envolvidos, além da Polícia Civil, o Ministério Público, a Caixa Federal e a PF.

Os alvos principais

Residencial Camila: Em abril de 2011, 192 casas foram entregues. Fica na Estrada João Antônio da Silveira, 4.850, Bairro Restinga.

Residencial Ana Paula: Em abril de 2012, foram entregues 416 apartamentos. É localizado na Estrada João Antônio da Silveira, 4.760, também no Bairro Restinga.

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* Diário Gaúcho


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