Polícia



Violência em Novo Hamburgo

"Estou vivendo por viver", diz mãe de jovem morto com a ajuda de amigos

Na quinta-feira, a polícia descobriu que Dionatas Trentin Cambruzzi, assassinado em junho, foi atraído para uma emboscada

21/11/2015 - 13h01min

Atualizada em: 21/11/2015 - 13h01min


Lauro Alves / Agencia RBS
Pais ainda sofrem com a morte do filho

Na noite de 30 de junho passado, Inês Maria Trentin, 64 anos, acordou com uma forte dor no peito, em sua casa, em Novo Hamburgo. Minutos depois, recebeu a notícia de que seu filho caçula, o estudante Dionatas Trentin Cambruzzi, 21 anos, havia sido morto em uma tentativa de assalto.

Na quinta-feira passada, a prisão de dois jovens, que eram considerados amigos de Dionatas, aumentou sua dor. Inês e o pai do jovem, Adiloni João Cambruzzi, 80 anos, ficaram em um misto de perplexidade e indignação.

Dionatas foi baleado e acabou colidindo o carro ao ser atacado por dois menores. Seus "amigos" Gabriel Bickel e Maion Micael Bauer Bueno, ambos de 20 anos, o teriam atraído por WhatsApp para o local do crime.


Dionatas
Foto: Arquivo pessoal

Diário Gaúcho - Como vocês receberam a notícia de que Gabriel e Maion são suspeitos do crime?

Inês Maria Trentin - Eu sentia que esses rapazes não eram uma boa companhia para o Dionatas. Eu sempre dizia para ele se afastar, mas ele achava que era implicância minha. Ele era mais próximo do Gabriel. Eles se conheceram no colégio, aos 11 anos,
e o Gabriel veio muitas vezes aqui em casa. Desde a primeira vez que eu o vi, eu disse para o Dionatas: ‘eu não gosto desse guri. Não é companhia pra ti’.

Adiloni João Cambruzzi - Para mim, parece um pesadelo. Inacreditável. Meu filho morreu e o amigo que ele tanto ajudou, ajudou a matá-lo. Ele até dirigia para o Gabriel, que não tinha carteira. Uma vez o levou até o Itaimbezinho. Teve uma vez que ele não dirigiu para o Gabriel, pois tinha um tablete e um notebook suspeitos no carro. Por que meu filho?

DG - Mas alguma vez os "amigos" deram alguma demonstração de que poderiam fazer algo de ruim para o Dionatas?

Inês - O que vinha às vezes na nossa casa era o Gabriel. Como eu disse, não gostei dele desde o início. Não parecia ser uma boa companhia para o Dionatas. Eles chegaram a ficar um pouco distante quando meu filho começou a trabalhar aos
16 anos. Mas depois eles se reaproximaram e o Gabriel voltou a vir aqui.

DG - Como vocês se sentem agora, depois de tudo isso?

Inês - Estou vivendo por viver. Minha vida parou. Eu acordava de manhã cantarolando. Eu era muito feliz com meu marido e dois filhos maravilhosos (Fernanda, 25 anos é a filha mais velha do casal. Adiloni tem outros seis filhos do primeiro casamento). Gabriel era vida, era uma canção, era tudo para nós. Era meu amigo, meu confidente. Não tinha inimigos, estava sempre sorrindo. Todo mundo gostava dele.

Adiloni - É tudo muito triste. Ainda mais agora sabendo do envolvimento dos amigos dele. Os irmãos o consideravam a melhor pessoa do mundo. Para mim e para a mãe dele, sempre estava disposto a ajudar.

DG - Como estava a vida de Dionatas?

Adiloni - Ele estava muito feliz. Era bem conceituado no trabalho, estava estudando. Já tinha um carro e, um mês antes de morrer, ele tinha comprado uma moto. E estava feliz por ter pago as contas.

DG - Ele já tinha passado por alguma situação de violência?

Adiloni - Ele já tinha sido assaltado. Da outra vez, levaram o carro dele, que depois foi encontrado em Pinhal. Agora, em junho, o carro dele (um Fiat Palio) estava estragado. Então, ele foi com o meu (um Ford Ka branco) para a faculdade. Foi esse que tentaram roubar dele e ele acabou batendo na árvore, depois de levar o tiro.

DG - Ele nunca demonstrou qualquer desconfiança de que poderia ser traído pelos suspeitos?

Inês - Não. E, inclusive, seus últimos dias foram de muita alegria. Uma semana antes, ele reuniu os amigos de faculdade em um churrasco aqui em casa. No dia, orgulhoso do trabalho que o pai faz (a produção de carrinhos de madeira para distribuir para crianças carentes), ele escreveu em uma madeira na oficina "Grande pai Adiloni". Antes de sair de casa, ele agradeceu: "Pai, obrigado por tudo" e "Mãe, te amo muito. Te amo minha pequena".


Mensagem ao pai
Foto: Lauro Alves

 


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