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O que disse à polícia a jovem que planejou matar a família em Três Coroas

Jovem de 17 anos teria contado com a ajuda de outro adolescente e dois homens, que foram detidos

20/11/2015 - 12h34min

Atualizada em: 20/11/2015 - 12h34min


Adriana Irion
Adriana Irion
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Divulgação / Polícia Civil
Emerson Maier foi detido em um matagal próximo à casa das vítimas

A jovem apontada como mentora intelectual do plano de morte dos pais e do irmão admitiu o crime à polícia com frieza e sem demonstrar arrependimento. A tentativa de triplo homicídio ocorreu na casa da família, na madrugada de quinta-feira, em Três Coroas. O irmão da jovem, de 19 anos, está em estado grave.
 
Quando foi informada por um policial de que o irmão corria risco de vida, desdenhou: "Eu queria mesmo que ele morresse".

A jovem de 17 anos, que cursa o terceiro ano do Ensino Médio, já era conhecida da Polícia Civil e do Ministério Público. Há cerca de três meses, ela procurou a delegacia para denunciar uma suposta tentativa de estupro que teria sofrido de um conhecido da família. O caso foi apurado e, inicialmente, descartado. Como a jovem apresentava versões confusas e novas histórias, foi encaminhada para Porto Alegre para passar por avaliação psiquiátrica. A polícia ainda não recebeu o resultado.

Jovem confessa plano para matar a família

Na última terça-feira, ela esteve novamente na delegacia para dizer que estava sendo ameaçada. Mostrou, no celular, trechos de gravações de conversas com os pais. Em uma delas, o pai, que é Testemunha de Jeová, dizia: "Se tu continuar assim, Deus vai te castigar". Segundo Edgar Almeida, escrivão da Polícia Civil de Três Coroas, quando os policiais tentaram ouvir outras gravações ou o material completo, ela tentou impedir:

- Ao verificar as conversas, vimos que ela provocava a reação dos interlocutores. Mas essa parte, ela não queria mostrar. Não havia nada diferente do que um pai ou mãe diria a um filho em momento de conflito.

Também na terça-feira, depois de ir uma primeira vez na delegacia, ela esteve no MP. Disse que queria denunciar um estupro e entregar um áudio. Foi atendida pelo promotor Daniel Ramos Gonçalves:

- Ela tinha ido na polícia e disseram para ela voltar com alguém do Conselho Tutelar. Ela foi no conselho e estavam em reunião. Então, veio ao MP. Falei com ela por cerca de cinco minutos. O áudio era com a mãe. A mãe dizia para ela repensar as coisas que estava fazendo, colocar a mão na cabeça. Não havia ameaças.

O promotor pediu que um funcionário contatasse o Conselho Tutelar para que a jovem fosse até a polícia entregar o áudio.

- Ela reclamava dos pais, disse que tinha sido estuprada por um amigo do pai e que o pai não acreditava, tinha ficado do lado do amigo. Me parece que houve um choque de valores dela com os pais, muito religiosos. O ex-namorado usa piercing e tem cabelo colorido. Quando falei com ela depois do crime, ela se manteve em silêncio, mas demonstrou frieza. Perguntei o que o irmão tinha a ver com os desentendimentos. Ela disse que brigavam muito e que queria que ele morresse -  disse o promotor.

A polícia busca verificar a real motivação do crime. A versão dada por ela, de que era porque a família não aprovava o namoro com outro adolescente envolvido no crime, de 15 anos, está frágil. O jovem disse que eles namoraram por oito meses, mas que haviam terminado e eram agora só amigos. O que a polícia descobriu é que o atual namorado da jovem seria outro envolvido no crime, Eugênio Corso David, de 37 anos.

- Ela tinha tablet e celular e dizia ter ganho de uma amiga rica de Israel. A família desconfiava. Tentamos apurar, achar a amiga, mas ela despistava. Agora, soubemos que era David quem dava os presentes - explicou o escrivão.

A semelhança do crime com o caso Richthofen impressionou policiais, que chegaram até a achar a jovem parecida com Suzane, que em 2002 planejou com o namorado a morte dos pais. A motivação, naquele caso, foi pelo fato de a família não aceitar o namoro de Suzane com um rapaz de origem humilde.

A juíza de Três Coroas, Fernanda Pinheiro Tractenberg, que determinou a internação da jovem e do outro adolescente envolvido, disse que a jovem admitiu ter planejado o ataque à família.

- Ela disse que combinou com o namorado (o adolescente que, na verdade, não seria mais namorado) e que deixou as chaves da casa num local para eles pegarem.  E ele (o adolescente) também disse que chamou os outros envolvidos para ir na casa e matar a família.

Os outros dois suspeitos tiveram prisão preventiva decretada e estão presos.

- Sei que ela demonstrou frieza ao narrar o fato, disse que tinha desentendimentos com os pais. Muito revoltada - contou a juíza.

O pai da jovem foi medicado na quinta-feira e liberado. A mãe segue internada em Três Coroas em estado estável. O irmão está no Pronto Socorro de Canoas e, até a tarde desta sexta-feira, seu estado era gravíssimo.

 

 

* Zero Hora


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