Porto Alegre



Violência urbana

Caos em Porto Alegre: como foram as 10 horas da ação organizada de criminosos

Cinco ônibus e um lotação foram incendiados em uma série de ataques na zona sul da Capital

02/12/2015 - 12h25min

Atualizada em: 02/12/2015 - 12h25min


Andre Ávila / Agencia RBS

Porto Alegre enfrentou uma noite de medo e sítio na última terça-feira. Cinco ônibus e um lotação foram incendiados por criminosos em uma suposta represália à morte de um jovem em confronto com a Brigada Militar no bairro Cascata, Zona Sul, às 19h. Uma hora depois, os coletivos começaram a ser atacados numa demonstração da força do crime organizado. O prefeito da cidade, José Fortunati, falou em "noite assustadora" e procurou o governador José Ivo Sartori para novamente solicitar a presença da Força Nacional de Segurança no Estado.

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O Poder Público também trabalha com a hipótese de a ação criminosa ter sido uma resposta à transferência de oito presos que comandaram uma rebelião na Penitenciária Estadual do Jacuí (PEJ), em Charqueadas. Foram três horas de confronto com presos da galeria 3 do pavilhão B. Cerca de 150 policiais tiveram de ser acionados para conter 180 apenados, que quebraram paredes e grades.

Jovem morto no bairro Cascata participou de motim na Fase
 
Confira, a seguir, hora a hora, como foi a tensão vivida na Capital e o que as autoridades fizeram para estancar a violência.

18h
Detentos da Penitenciária Estadual do Jacuí (PEJ), em Charqueadas, iniciaram uma rebelião depois que oito presos foram transferidos. Foram três horas de confronto com apenados da galeria 3 do pavilhão B. Cerca de 150 policiais tiveram de ser acionados para conter 180 presos, que quebraram paredes e grades. O motim só foi controlado por volta das 21h. A transferência foi autorizada pela Justiça devido à falta de disciplina. O grupo comandava a galeria, onde foram encontrados celulares e armas artesanais. Essa é uma hipótese cogitada pelas autoridades gaúchas para os ataques nas ruas de Porto Alegre.

Preso um dos suspeitos dos ataques em Porto Alegre
 
19h
O jovem Cristian Luciano Gustavo da Rosa, 18 anos, foi morto em uma ação da Brigada Militar no bairro Cascata, zona sul de Porto Alegre. De acordo com a polícia, ele teria atirado contra agentes da Companhia de Operações Especiais (COE), do 1º BPM, antes de morrer. Uma investigação vai apontar se realmente houve a troca de tiros ou se Cristian foi executado. A morte dele é uma das hipóteses para o estopim da violência na Capital.

Moradores esperam mais de uma hora por ônibus
 
20h
Um ônibus e um lotação foram incendiados na Avenida Oscar Pereira, zona sul de Porto Alegre. O motorista de um dos coletivos levou uma pedrada e foi levado ao Hospital de Pronto Socorro (HPS). Cinco pessoas armadas fizeram barricadas e interceptaram os coletivos. Elas tentaram colocar fogo em outro ônibus, mas não conseguiram. O motorista do veículo que fazia a linha 289 (Rincão-Oscar Pereira) percebeu o ataque à lotação e parou a cerca de 200 metros.

Ataques foram ordenados de dentro de presídios, diz Fortunati
 
- Eles estavam em cima da lotação em chamas. Quando me viram, correram em minha direção mandando todo mundo descer. Não tinha como eu voltar por causa do movimento na rua - contou Alexandre da Costa Torres, de 47 anos. Segundo ele, o grupo deu tiros para cima e contra o para-brisa do ônibus, mas ninguém se feriu. Após atearem fogo nos dois coletivos, eles fugiram. 22h
Um ônibus foi incendiado na Rua Padre Pedro Leonardi, bairro Restinga, na Zona Sul. Ninguém ficou ferido.
 
22h15

Quinze minutos após o ataque na Restinga, outro ônibus foi incendiado na Avenida Eduardo Prado, bairro Cavalhada, também na Zona Sul. Pelo menos dois motociclistas armados pararam o veículo e atearam fogo. Não houve feridos.
 
22h30
Próximo da Cavalhada, os criminosos queimaram dois coletivos na Rua Ventos do Sul, bairro Vila Nova. Seis pessoas armadas desceram de dois carros e atearam fogo nos dois ônibus, que estavam no final da linha.

Veja fotos dos ataques:

1h
Durante a madrugada, entre 1h e 2h, autoridades se reuniram para definir estratégias e garantir a segurança necessária para reestabelecer o serviço de transporte aos usuários da zona sul de Porto Alegre. Uma reunião a portas fechadas ocorreu na sede da Secretaria de Segurança Pública. O encontro entre representantes da Brigada Militar, Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), empresas de ônibus e rodoviários durou pouco mais de uma hora.

Relembre casos semelhantes em 2015 em Porto Alegre
 
Ficou definido que haveria reforço de policiamento nos principais eixos que ligam a Zona Sul ao Centro a partir das 7h. O serviço de transporte não atenderia os bairros. As linhas afetadas pelas alterações são todas do consórcio STS e cinco da Carris (T2, T2A, T3, T4 e T11). Os demais ônibus, do consórcio Conorte, Unibus e as não citadas da Carris, operariam normalmente. No final da noite, todos os coletivos do STS e as linhas da Carris pararam de rodar na Zona Sul.
 
7h
Com reforço de policiamento, os ônibus dos principais eixos que conectam a Zona Sul ao Centro voltaram a circular, sem atender os bairros. As linhas afetadas pelas alterações são todas do consórcio STS e cinco da Carris (T2, T2A, T3, T4 e T11). Os demais ônibus, do consórcio Conorte, Unibus e as não citadas da Carris, operam normalmente.


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