Polícia



Zona de conflito

Mortes, tiroteios, prisões e apreensões no fim de semana da Vila Cruzeiro

Pelo menos três pessoas morreram e quatro ficaram feridas em um intervalo de 22 horas, entre o sábado e o domingo. Cinco envolvidos tinham entre 13 e 20 anos.

20/12/2015 - 19h10min

Atualizada em: 20/12/2015 - 19h10min


Arquivo pessoal / Facebook
Lucas, de apenas 15 anos, foi morto

A Vila Cruzeiro do Sul vive mais um final de semana de mortes, tiroteios, tensão e medo. Desta vez, com adolescentes como protagonistas. Em 22 horas, três pessoas foram mortas, quatro baleadas e três presas ou apreendidas em toda a região. Entre elas, jovens de 19, 17, 15 e 13 anos. Além disso, o Pronto-Atendimento Cruzeiro do Sul, o Postão, foi fechado por duas horas e meia, no sábado.

O primeiro episódio ocorreu na Rua Nossa Senhora do Brasil, por volta das 15h30min de sábado. Um Civic escuro passou pelo local, com seus ocupantes disparando contra jovens que estavam na rua. Quatro foram baleados e dois deles morreram, após serem levados para o Postão: Lucas Martins Serpa, 15 anos, e Gian Matheus Godoi da Silva, 19 anos.

Temendo uma invasão do local, servidores do Pronto Atendimento fecharam a unidade de saúde às 16h e só a reabriram às 18h30min, mediante reforço da Guarda Municipal no local, e patrulhamento externo da Brigada Militar.
 
Um dos sobreviventes, de 24 anos, que pediu para não ser identificado, atendido no HPS, ficou com uma bala alojada nas costas. Neste domingo, no velório de Lucas, no Cemitério João XXIII, ele relembrou os momentos de pavor.
- Só pensei em correr e via muita gente correndo. Mas deu para ver o carro direitinho - descreveu.

Brigada

No início da noite de sábado, na Rua Dona Otília, também na Vila Cruzeiro, os cupantes de um Civic trocaram tiros com uma guarnição do 1º BPM. A viatura chegou a ser atingida. Logo depois, um dos ocupantes do carro, identificado pela Brigada Militar pelo apelido de Nego, foi preso, e dois adolescentes, um de 17 e outro de 13, foram apreendidos. Com eles, havia pelo menos dois revólveres calibre 38. Outros dois conseguiram fugir.

O grupo é suspeito de ter efetuado os disparos na Rua Nossa Senhora do Brasil. O carro havia sido roubado na sexta-feira, na Avenida Otto Niemayer, também na Zona Sul.

Mais pavor no domingo

Na mesma rua em que houve a troca de tiros com a Brigada Militar, prisão e apreensão de suspeitos de envolvimento na tentativa de chacina do sábado à tarde, um homem foi encontrado morto por volta da 1h deste domingo. Segundo a Brigada Militar, a vítima, ainda sem identificação, estava amordaçada, amarrada e com marcas de mais de dez tiros.

Já no início da tarde de domingo, por volta das 13h30min, dois homens foram baleados em um novo tiroteiro na região. Socorridos pelo Samu, foram conduzidos ao HPS. Estavam sem documento e não foram identificados. A 6ª DHPP vai investigar se houve ligações entre os três casos ocorridos durante o final de semana.

Caso semelhante em setembro
 
A Rua Nossa Senhora do Brasil já havia sido palco de outra tentativa de chacina, em setembro passado. Na tarde do dia 25 daquele mês, uma sexta-feira, também do interior de um carro,foram disparados tiros de submetralhadora contra pessoas que estavam na rua. Ademir Rodrigo Carpes, conhecido na região como Biquinha, e que seria líder do tráfico na região, foi morto, e outras sete pessoas ficaram feridas.

Logo após o tiroteio, familiares e amigos das vítimas as levaram para o Postão e, pressionando por atendimento, teriam agredido servidores. Na noite do mesmo dia, um ônibus foi incendiado na frente da unidade de saúde.

O Postão foi fechado e só reaberto na segunda-feira seguinte, com uma operação policial da Brigada Militar que envolveu mais de 150 homens, na Vila Cruzeiro. 


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