Violência
"Se for solto, ele vai vir me matar", apela jovem atacada por ex-companheiro
Barbara Penna publicou carta aberta a ministro do STJ que tomará decisão sobre pedido de habeas corpus
Ao saber que seu agressor pode ser solto por um habeas corpus, Barbara Penna, 21 anos, sentiu o sangue gelar. Para ela, a vida depende agora da assinatura de um ministro do STJ.
Com um forte apelo publicado nas redes sociais endereçado a ele, Barbara pede que seu ex-companheiro, João Guatimozin Moojen Neto, 24 anos, continue preso.
Posted by Barbara Penna on Terça, 15 de dezembro de 2015
ATENÇÃO!!!!🏾ÚLTIMAS NOTÍCIAS SOBRE MEU CASO!POR FAVOR, LEIAM ATÉ O FINAL.SALVEM O MEU RESTANTE DE...
Ele é réu no processo sobre um incêndio criminoso que matou os dois filhos do casal e um vizinho, em novembro de 2013, no apartamento em que moravam, na Zona Norte da Capital. Barbara também foi vítima: sofreu queimaduras e teria sido jogada do terceiro andar, enquanto as chamas atingiam o imóvel. Ela sofreu vários ferimentos.
De acordo com a jovem, tramita no Superior Tribunal de Justiça (STJ) uma solicitação de habeas corpus em favor do réu, que está no Complexo Penitenciário de Charqueadas, devido a demora no andamento do processo. O pedido teria sido feito pela Defensoria Pública.
Nesta quinta-feira, ele será ouvido em audiência, no Fórum da Capital. "Estou verdadeiramente triste, derrotada e me sentindo injustiçada", escreveu a jovem em seu desabafo.
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Homicídios
Barbara tinha 19 anos na época em que houve o incêndio. Os filhos do casal, Isadora, de dois anos, e João Henrique, de quatro meses, morreram asfixiados. Um vizinho do casal, Mario Ênio Pagliarini, de 76 anos, também inalou fumaça e morreu. João chegou a confessar a autoria do incêndio no apartamento no Conjunto Residencial Village Lindoia, na Avenida Panamericana. O crime teria sido motivado pelo fim do relacionamento dele com Barbara.
Ele não concordava com o rompimento. De acordo com vizinhos, as brigas entre o casal eram frequentes. O réu responde por três homicídios com dolo eventual (em que teria assumido o risco de provocar as mortes) e uma tentativa de homicídio, além do crime de ter provocado incêndio.
Incêndio consumiu apartamento na Zona Norte da Capital - Foto: Ronaldo Bernardi/Agência RBS
O Diário Gaúcho tentou fazer contato com a defensora pública que o atende, mas foi informado que ela não se manifestaria sobre o caso.
Barbara, no entanto, recebeu a reportagem. Acompanhe trechos da entrevista:
Diário Gaúcho - Por que o desabafo na rede social?
Barbara Penna - Porque eu tenho certeza de que a primeira coisa que ele fará será vir terminar o que começou. Ele vai querer me matar. Já fui ameaçada depois da prisão dele, uma mensagem no meu celular dizendo que eu iria morrer queimada.
Diário - Como é a sua vida com esse medo?
Barbara - Eu não saio sozinha nunca, sempre com conhecidos. Também tenho medo de falar com estranhos, acho que alguém pode ser conhecido dele. Sem contar os traumas... O que adianta eu aqui sem meus filhos?
Diário - O que você deseja para ele?
Barbara - Que fique preso por muitos anos. Que se faça a Justiça pelos meus filhos, pelo seu Ênio. Ele não pode ficar livre depois disso.
"Esse é o cidadão que a Justiça pode soltar"
Em texto publicado no Facebook, a jovem fez um desabado sobre a sensação de medo e injustiça diante da possibilidade de ver seu algoz solto novamente. O Diário Gaúcho reproduz um trecho do desabafo:
"Eu me pergunto, um homem que vivia do seu lado, que teve deliberadamente, a vontade de escolher como me matar, me espancou enquanto eu dormia, tentou quebrar meu pescoço sentado nas minhas costas não dando direito de me defender, jogou álcool em mim, mirando no meu rosto, acendeu o fogo e ali comecei a queimar viva.
Escuto até hoje o barulho do fogo derretendo o meu cabelo e meu rosto (...) Enquanto eu estava naquele situação de pleno desespero, nossos filhos sufocavam até a morte pela fumaça dentro do quarto que ele mesmo trancou (..) Esse é o cidadão que a Justiça pode soltar. Que Justiça, eu pergunto????"
* Diário Gaúcho