Polícia



Violência na Capital

Ataque que matou duas pessoas no Jardim Carvalho pode ter sido represália por morte na Bom Jesus

Hipótese circulou entre moradores do Núcleo Residencial Ipe 1, onde foi realizada a festa invadida por atiradores, no domingo.

12/01/2016 - 07h02min

Atualizada em: 12/01/2016 - 07h02min


Arquivo pessoal / Facebook
Mônica morreu com tiro nas costas

O ataque a tiros que resultou em duas mortes e ainda deixou quatro pessoas feridas, no Núcleo Residencial Ipe 1, no Bairro Jardim Carvalho, zona leste da Capital, na noite de domingo, pode ter sido uma represália ao assassinato de um jovem no Bairro Bom Jesus, no final da tarde do mesmo dia.

Essa informação circulou na segunda-feira entre moradores do Ipe 1. A comunidade ainda mostrava-se abalada e perplexa com os acontecimentos da noite anterior:

Por volta da meia-noite, o grupo que promovera uma roda de samba com a presença de mais de cem pessoas, ao ar livre, na Rua Comendador Eduardo Secco, já havia cessado a música, e os responsáveis pelas bancas de lanches e bebidas recolhiam suas mercadorias. Mas muita gente ainda permanecia no local.

Foi quando três homens armados com pistolas chegaram atirando, em princípio, aleatoriamente. Houve uma grande correria. Morreram baleados o frentista Cesar Henrique Ferreira Rousselet, 37 anos, que vendia pastéis em uma das bancas montadas no local, e a jovem Mônica Pinto Soares, 19 anos.

- Já estávamos guardando as coisas, quando o Cesar gritou que estavam dando tiros. Nós corremos e muita gente correu. De repente, ele disse "acho que levei um tiro". Em seguida, ele caiu e eu caí por cima dele. Ele me mandou correr e eu corri. Depois, quando voltei, ele já estava morto - relatou a taxista Caroline da Silva Madeira,
32 anos.


Caroline foi baleada no braço
Foto: Ronaldo Bernardi

Caroline trabalhou com Cesar, que era casado com uma prima dela, na banca de pastéis. Correndo em pânico, ela custou a perceber que também havia sido baleada, no braço esquerdo. Quando caiu, sofreu ainda uma lesão no joelho.

Mônica, de acordo com relatos de testemunhas, comprava lanches no momento dos tiros e, ao tentar correr, foi atingida por um tiro nas costas e também morreu no local. Ela deixa um filho de dois anos.

O operário da construção civil Diego Brum Iracete, 24 anos, que vendia bebidas na festa, foi baleado no braço. Outras duas mulheres também foram atingidas por tiros. Os feridos foram levados para os hospitais de Pronto Socorro, São Lucas e Cristo Redentor.

- Vieram atirando para matar e não queriam saber quem estava na frente. Se houvesse crianças, teriam morrido também - descreveu o líder comunitário Luiz Fernando Brito.

Nenhuma das vítimas tinha antecedentes criminais, segundo a polícia.

Estopim

Os três homens que efetuaram os disparos foram vistos desembarcando de um carro numa rua próxima. Eles teriam deixado as portas do veículo abertas para facilitar a fuga, após cometerem o crime. Uma moradora do núcleo disse que ouviu um deles afirmar:

- Isso é só o começo. Ainda tem muita coisa para acontecer.

Por volta das 18h de domingo, o jovem Gabriel Dantas da Silva, 19 anos, havia sido assassinado no Bairro Bom Jesus. Ele tinha antecedentes por ameaça e posse de drogas. Sua morte é cogitada por moradores como o estopim para o ataque no Ipe1.


Nilson Steffens
Foto: Reprodução

RETIRADO DE CASA

Cerca de duas horas depois do ataque na festa, na Rua C, a cerca de 400m do local dos tiros, indiferente à movimentação em torno do local do crime, um grupo de sete homens foi à casa do jovem Nilson Steffens. Ele havia comemorado o primeiro aniversário da filha, no domingo, e dormia com a companheira, Paola Brum, 21 anos, e a criança, quando bateram na porta.

- Ele (Nilson) abriu a janela e mandaram ele sair. Invadiram a casa e puxaram ele para fora. Um deles me ameaçou e disse para não sair de casa - descreveu a companheira.


Paola (D) teve a casa invadida
Foto: Ronaldo Bernardi

Por volta das 7h, o corpo de Nilson foi encontrado crivado de balas, na Rua Aristides Rosa, nas proximidades.

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Os dois casos estão sendo investigados pela 5ª DHPP. O delegado Adriano Pelúsio Melgaço Júnior disse que está sendo apurado, inclusive, se há relação entre eles.

- Já temos uma linha de investigação. Testemunhas disseram que motos e um carro circularam pelo local, antes dos tiros na festa. Temos certeza de que uma pistola foi usada, mas há quem fale também em uma metralhadora - disse. 


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