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Crise na Segurança 

Cobrador relembra pânico e incredulidade após jovem ser baleado em ônibus 

Jovem de 23 anos foi baleado no fim da tarde de quarta-feira em Porto Alegre, e polícia trabalha com a hipótese de tentativa de homicídio 

28/01/2016 - 16h06min

Atualizada em: 28/01/2016 - 16h13min


James Pizarro
James Pizarro

Foi através de gritos e do choro de alguns passageiros que o cobrador de ônibus Henrique Canto, 30 anos, notou que algo estava errado dentro do veículo em que trabalha. Alguns segundos antes, havia escutado um barulho forte, como se fossem "estilhaços", mas como ninguém reagiu de forma abrupta – com exceção de um passageiro, que pediu para sair imediatamente do veículo–, imaginou que o estrondo vinha de fora.

Passageiro é baleado dentro de ônibus no centro da Capital

Somente depois que o passageiro desceu os demais se deram conta que ele recém havia baleado outro homem dentro do veículo. Leonardo Alves Gomes, de 23 anos, foi atingido pelas costas com dois tiros – o terceiro não o acertou – no final da tarde da última quarta-feira, no centro de Porto Alegre. Ele foi encaminhado para o Hospital de Pronto-Socorro (HPS), e permanecia internado em estado regular até a tarde de quinta-feira.

– Foi tudo muito rápido, o motorista não sabia o que estava acontecendo, então continuou andando ainda um pouco. Logo, as pessoas começaram a gritar, ficaram desesperadas. Alguns pediam para o ônibus parar, outros, que achavam que tinha sido um assalto, pediam para ele continuar circulando. Deu um princípio de confusão – lembra Canto.

Crise na Segurança: os relatos de quem foi vítima da violência

O veículo, que faz a linha Rápida Bento, recém havia saído da parada principal, por volta das 19h50min, na avenida Salgado Filho, e transportava cerca de 45 passageiros – em sua maioria, pessoas que retornavam do trabalho – quando Leonardo caiu ferido no corredor do veículo, que ainda estava em movimento, causando pânico entre os demais.

Enquanto alguns tentavam ajudá-lo, outros permaneceram sentados e começaram a chorar. Canto diz que, quando o veículo parou, alguns passageiros saíram correndo, assustados, enquanto outros levaram a vítima para a calçada e ligaram para pedir ajuda:

– Com a demora da ambulância, um taxista que estava parado ali decidiu levar o homem para o hospital. Os outros passageiros ainda ficaram lá para se acalmar e contar à polícia o que havia ocorrido. Muitos não acreditavam que tinham presenciado aquela cena. Foi muito forte. Um dos passageiros disse que o homem ferido estava rindo poucos minutos antes.

Qual a saída contra a violência, segundo BM e Polícia Civil

Conforme o delegado Filipe Bringhenti, da 2ª Delegacia de Homicídio de Porto Alegre, que investiga o caso, a principal suspeita é que tenha sido uma tentativa de execução, já que o criminoso não tentou roubar ninguém que estava no veículo:

– Em depoimento, a vítima nos informou que o homem não tentou roubar ele nem os demais passageiros. Ele disse que não houve diálogo nenhum com o criminoso. Acreditamos que se trata de uma tentativa de homicídio.

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Passado o susto inicial, o cobrador lembra que a reação dos passageiros e das pessoas na rua que presenciaram a cena passou de pânico para inconformidade:

– Todos começaram a falar que a situação está cada vez mais difícil, que não existe mais segurança em lugar nenhum. E se aquele tiro tivesse acertado, ainda, outra pessoa? Todos ali diziam que se sentem inseguros.


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