Porto Alegre
Aluno é esfaqueado em frente a escola no bairro Menino Deus
Garoto de 17 anos foi vítima de um ladrão, que tentou levar os seus pertences, segundo a Brigada Militar
Um adolescente de 17 anos foi esfaqueado às 7h30min desta quinta-feira em frente à Escola Estadual Presidente Roosevelt, no bairro Menino Deus, em Porto Alegre. A suspeita é de que o estudante do 2º ano do Ensino Médio tenha sido atingido com pelo menos uma facada após ser abordado por um ladrão.
Segundo a Brigada Militar, a vítima se aproximava da escola, na esquina das ruas Botafogo e Vicente Lopes Santos, quando foi atacada por um homem, negro que usava um moletom e boné, que tentou pegar sua mochila. Os PMs dizem que o adolescente reagiu e lutou com o ladrão, que o feriu a socos e pelo menos uma facada na perna.
– Ele (o estudante) relatou que vinha distraído para a aula, usando fones de ouvido. Disse que o camarada nem anunciou o assalto, simplesmente chegou agarrando. O garoto não teve o que fazer se não reagir – disse o tenente-coronel Kleber Rodrigues Goulart, comandante do 1º Batalhão da Brigada Militar.
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O jovem, morador do Menino Deus, foi levado ao Hospital de Pronto Socorro pelo Samu. Ele passa bem – foi atendido e liberado meia hora depois.
Depois de agredir o garoto, o criminoso fugiu. A polícia fez buscas na região e deteve um homem cm características semelhantes às apontadas pela vítima. O suspeito foi levado até o HPS, mas o estudante não o reconheceu como autor e o homem foi liberado.
A Polícia Civil aposta em um banco de dados para tentar identificar o assaltante. Espécie de álbum de fotos, o banco começou a ser montado pelos investigadores da 2ª Delegacia de Polícia há cerca de três anos. Nele, estão fotos e informações de moradores de rua e usuários de drogas que habitam a região do Menino Deus.
Foi graças a ele que o delegado César Carrion identificou, há menos de um ano, o criminoso que atacou o estudante Denner Schavinski Centeno, 18 anos, no bairro Azenha, vizinho ao Menino Deus. Em julho, o jovem foi esfaqueado na altura do coração quando deixava a aula no Colégio Protásio Alves – a apenas 1,5 quilômetro da Escola Presidente Roosvelt.
– A gente não discrimina, mas como existem muitas reclamações de moradores de rua que atacam e roubam, iniciamos essa coleta de dados e, desde então, solucionamos vários casos, como o do Denner e até estupros – afirma Carrion.
O pedido da Polícia é que testemunhas da tentativa de assalto se dirijam até a 2ª DP (Avenida Getúlio Vargas, 1252, Menino Deus) para tentar identificar o suspeito. Informações também podem ser fornecidas pelo telefone (51) 3233-8685.
Assim como o estudante do Protásio Alves, o menino atacado nesta quinta-feira também conseguiu caminhar até a escola e pedir socorro.
– Quando ele chegou e disse "fui esfaqueado", eu gelei. Chamamos a Brigada, o Samu e a mãe dele, e graças a Deus ele está bem – conta a vice-diretora da Presidente Roosvelt, Maria de Lourdes Moraes Kessler.
Medo ronda a escola
Insegurança foi a palavra repetida por todas as pessoas ouvidas por ZH na manhã desta quinta-feira. Moradores, pais, estudantes, funcionários, motoristas de vans escolares, comerciantes: nenhum deixou de reclamar da falta de policiamento na região do Menino Deus.
– Morei 30 anos na Vila Cruzeiro. Nunca senti tanto medo como nestes 10 anos que moro no Menino Deus, que dizem que é bairro de elite – comentou o aposentado Valdir Nunes. – Banalizaram a vida, esse é o problema.
Uma estudante de 14 anos, aluna do 8º ano da Presidente Roosevelt diz que faz, todos os dias, o mesmo caminho a pé que o adolescente esfaqueado: passa pela Praça Estado de Israel e segue pela Rua Vicente Lopes Santos, até dobrar na Botafogo.
– Podia ser eu, podia ser qualquer um de nós. Não temos segurança – critica a estudante, que usa como estratégia ir e voltar com outros colegas.
A forma de driblar a criminalidade do operador de câmera João Laud, 38 anos, é levar e buscar os filhos dentro da escola. Ainda assim, conta que, na terça-feira, quando deixava o estabelecimento, foi intimidado por dois homens.
– Consegui arrancar o carro e fugir, mas foi por pouco. No outro dia, vi os mesmo caras, um gordo que ficava cuidando a escola, e um magro que cuidava os alunos – conta Laud, que foi convidado por agentes da Polícia a ir até a delegacia para tentar reconhecer os criminosos, cujas características batem com as que o estudante esfaqueado citou.
O comandante Kleber Rodrigues Goulart rebate as reclamações de falta de segurança. Ele garante que o bairro conta com policiamento de bicicleta e a Patrulha Escolar, além das tradicionais viaturas.
– Não temos como estar em todos os lugares toda hora, mas mantemos efetivo constante aqui – disse o tenente-coronel.
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