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No Tribunal do Júri 

Absolvidos irmãos acusados da morte de quatro pessoas em Alvorada 

Por quatro a três, jurados entenderam não existir provas do crime ocorrido em 2011 contra o soldado Marcelo Maier e o ex-soldado Márcio Maier 

30/04/2016 - 15h00min

Atualizada em: 30/04/2016 - 15h10min


José Luís Costa
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Crimes ocorreram em Alvorada, mas TJ determinou julgamento em Porto Alegre. Júri começou às 9h desta sexta-feira

Depois de 15 horas de julgamento, encerrado na madrugada deste sábado na 1ª Vara do Júri de Porto Alegre, os irmãos Marcelo Machado Maier, 39 anos, e Márcio Machado Maier, 36 anos, foram absolvidos do envolvimento em uma chacina que vitimou quatro pessoas, há cinco anos, em Alvorada, na Região Metropolitana.

À epoca do crime, os dois eram soldados do 24º Batalhão de Polícia Militar (24º BPM), em Alvorada, e foram apontados como integrantes de um grupo de extermínio. Com a decisão os dois foram soltos. Marcelo, que pertence à BM, estava preso preventivamente no Batalhão de Operações Especiais, na Capital, e Márcio, excluído da corporação, estava recolhido ao Presídio Central de Porto Alegre. O promotor Marcelo Tubino vai recorrer da decisão.

– Foi bastante explorado o episódio do confronto de PMs com bandidos em frente ao Hospital Cristo Redentor (no qual quatro homens foram mortos). Acredito que isso pesou na decisão dos jurados – afirma Tubino.

Por quatro votos a três, os jurados acolheram a tese de que não existia provas no processo da presença dos réus no local do crime. Conforme Christian Tombini, advogado dos irmãos Maier, no momento da chacina, os PMs estava atendendo uma ocorrência na qual resultou em um comerciante preso.

– Eles (jurados) entenderem que esse é um processo que tinha mais cunho político – diz Tombini.

A afirmação se baseia no fato de que Marcelo foi um dos quatro PMs condenados em primeiro grau a nove anos de prisão por incêndios em pneus em vias públicas, em 2011, e na participação de um vídeo, no qual PMs com máscaras encobrindo o rosto, ameaçavam o então governador Tarso Genro, exigindo aumento salarial. Conforme Tombini, essa condenação é contestada em recurso no Tribunal de Justiça do Estado (TJ), sem data para ser julgado. Marcelo também já foi condenado em primeiro grau por tráfico de drogas, mas, depois, inocentado pelo TJ.

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A chacina aconteceu em frente a um bar da Vila Salomé na noite de 13 de julho de 2011. Os quatro mortos _ Celso Santos da Silva, 45 anos, Marcelo de Mattos Berro, 25 anos, Luciano Maier, 37 anos, e Marco Aurélio Costa Fraga, 37 anos _ conversavam em um esquina quando foram alvejados a tiros disparados de dentro de um carro. Há suspeitas de duas das vítimas eram envolvidas com o tráfico de drogas.

Investigações policiais concluíram que os dois irmãos, um terceiro soldado da BM, já aposentado, e outro homem seriam os autores do crime (esses dois últimos ainda não foram julgados). O júri dos dois irmãos deveria se realizar em Alvorada, mas haveria temores de jurados em participar do julgamento, e atendendo pedido do Ministério Público, o TJ decidiu pelo desaforamento (transferência) para a Capital. O julgamento, inicialmente, estava marcado para 18 de março. E até teve início naquela data, mas foi interrompido porque um das juradas passou mal e foi hospitalizada.


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