Com a repercussão do confronto entre policiais militares e criminosos ocorrida na sexta-feira, em Porto Alegre, o comandante-geral da Brigada Militar, coronel Alfeu Freitas, convocou uma entrevista coletiva na tarde deste sábado. A jornalistas, o comandante elogiou a ação dos quatro PMs que trocaram tiros com suspeitos em dois momentos, o segundo, em frente ao Hospital Cristo Redentor, onde quatro criminosos acabaram morrendo.

Freitas ressaltou diversas vezes o cenários de "stress" que os agentes viveram, a quem chamou de "heróis" por terem salvado a vida de inocentes. Ele informou que, como em toda ocorrência violenta, um inquérito policial militar (IPM) foi aberto e vai apurar a conduta dos PMs envolvidos.

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– Acho importante dizer que não apoiamos aquela expressão de “bandido bom é bandido morto”. O que a gente defende é herói vivo. Mas se alguém tiver que morrer, que seja o bandido – ressaltou Freitas.

Pela "bravura", o coronel confirmou que os quatro agentes receberão medalhas por serviços relevantes na próxima quinta-feira, quando já estava programada uma homenagem a militares que se destacaram na Operação Avante pelo Dia do Policial (21 de abril).

Leia trechos da entrevista coletiva:

Qual a sua avaliação sobre a atuação dos policiais?
A avaliação é de muita coragem, muita técnica policial em razão de todo o estresse que a ocorrência apresentava. Desde o inicio já houve um confronto com dois veículos, depois chegando ao hospital um novo e violento confronto. A coragem dos policiais se destaca e a preocupação com a integridade das pessoas ali, até porque a região do hospital é de muito movimento. Havia uma preocupação séria dos policiais com a vida dos outros, com a vida deles também, sabendo que aqueles marginais, até pelo confronto anterior, estavam com a intenção do combate. Então, a mensagem do comando-geral é elogiar esses PMs e outros tanto que tem feito diversas ações meritórias.

Acredita que houve excesso por parte dos PMs?
É preciso que a sociedade como um todo entenda qual é o cenário que se vivia naquele momento. Foram dois momentos de intenso tiroteio, de estresse, tem que reconhecer quem é marginal ou não, os bandidos estavam armados, então qualquer apuração, qualquer afirmação nesse sentido é muito, hoje, prematura se dizer. Hoje, o que nós temos certeza é que os policiais agiram em legítima defesa, evitaram a morte de inocentes, e isso que queremos salientar: a bravura dos policiais. O comandante do CPC (Comando de Policiamento da Capital) instaurou um inquérito policial militar e vai apurar (a conduta).

A partir das imagens, o senhor acha que a ação dos PMs foi dentro do ideal?
Para nós, é muito fácil aqui no ar-condicionado tecermos algum comentário. Mas imagine-se vivendo aquele intenso tiroteio, não sabendo da onde vinham todos os tiros, é muito difícil fazer qualquer comentário que não seja o de cumprimento aos brigadianos por eles terem evitado que pessoas inocentes tenham morrido.

Os PMs serão condecorados?
Nós já estávamos organizando, até porque dia 21 de abril foi Dia do Policial, um evento na próxima quinta-feira para homenagear vários policiais e bombeiros que se destacaram ao longo de 2015 na Operação Avante. E esses PMs, pela bravura demonstrada, também serão homenageados. E convido toda a sociedade a ir lá e abraçar, cumprimentar, agradecer aos policiais militares que, de forma as vezes anônima, têm defendido a sociedade, mesmo com o risco da própria vida.

Existe medo de uma possível retaliação por parte de comparsas dos mortos?Todo cuidado que a corporação propicia será dado a esses policiais, até porque todos aqueles indivíduos mortos ontem tinham antecedente por homicídios, por roubo de veículos, todos eram perversos para a sociedade. Então, o que nós estamos valorizando hoje são os nossos heróis. Nós estamos acompanhando as mídias, porque são pessoas marginais que têm os seus grupos de seguidores e estamos acompanhando pra evitar qualquer problema.

Os PMs ficarão afastados do policiamento ostensivo provisoriamente por precaução?
Isso é uma ideia, vai depender mais deles, do interesse deles. Existe uma norma interna da Brigada que todo policial que se envolve em ocorrência de estresse passa por avaliação psicológica, e ele é avaliado se retorna ou quando pode retornar à atividade. Acho importante dizer que não apoiamos aquela expressão de "bandido bom é bandido morto". O que a gente defende é herói vivo. Mas se alguém tiver que morrer, que seja o bandido. Todo dia há reação armada dos bandidos contra os policias, mesmo assim, nós não fomentamos a violência, nem mesmo a violência policial necessária quando há violência contra o policial ou a sociedade.