Polícia



Segunda ocorrência

Guarda civil mata menino de 12 anos a tiros em São Paulo

Morte teria ocorrido durante perseguição ao garoto e dois homens; no início de junho, outro menino foi morto a tiros por policial na cidade

27/06/2016 - 00h49min

Atualizada em: 27/06/2016 - 00h56min


Um adolescente de 12 anos foi morto por um agente da Guarda Civil Metropolitana (GCM) de São Paulo às 22h30min de sábado na Zona Leste da capital paulista. De acordo com a versão apresentada pela GCM, a morte teria ocorrido durante uma perseguição policial ao garoto e a dois outros homens que estariam realizando um assalto na região de Cidade Tiradentes.

É o segundo caso envolvendo perseguição e morte de uma criança este mês em São Paulo. O anterior ocorreu no dia 2 de junho, quando o menino Italo, de 10 anos, foi morto a tiros por policiais militares durante uma perseguição na zona sul de São Paulo.

De acordo com o que informaram ao Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) os três agentes que participaram da ocorrência, a equipe de guardas civis foi procurada, na noite de sábado, por uma dupla de homens em uma moto, informando que haviam acabado de ser assaltados por um grupo em um Chevette prata. Após fazer rondas na região procurando o veículo, ele teria sido encontrado na em Cidade Tiradentes. Durante a perseguição, os guardas teriam disparado várias vezes contra o carro e um dos tiros, desferido pelo guarda Caio Muratori, acertou Wadik Gabriel Silva Chagas, que estava no banco de trás do veículo.

Muratori foi preso em flagrante por homicídio culposo, pagou a fiança e vai aguardar a conclusão do inquérito em liberdade. De acordo com o depoimento prestado pela mãe do menino morto no DHPP, Wadik havia nascido na Bahia e vinha usando drogas há um ano. Os dois homens adultos que os guardas alegaram acompanhar o menino fugiram do local.

Apesar desse relato, os guardas alegam não ter anotado os dados do suposto motoqueiro que teria denunciado o assalto, e que não foi encontrado depois da ocorrência para corroborar as alegações. Os agentes da GCM também dizem que os que estavam do Chevette atiraram primeiro, mas não foi encontrada nem pela Polícia Civil nem pela GCM a arma usada pelos ocupantes do veículo. A polícia diz já ter ouvido testemunhas e periciado o carro ao longo do domingo – em que havia apenas uma marca de tiro no vidro traseiro. Esse dado, de acordo com o advogado Ariel de Castro Alves, do Conselho Estadual de Defesa da Pessoa Humana (Condepe), aponta para contradições no depoimento dos agentes.

– Não há arma usada pelo garoto, não há a vítima do suposto assalto e a perícia mostra apenas um tiro no carro, sem indícios, portanto, de confronto.


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