Avenida Ipiranga
Motorista e manifestantes trocam agressões durante protesto em Porto Alegre
Enquanto atravessavam a Avenida Ipiranga, condutor avançou sobre o grupo e atropelou uma estudante
Um protesto de professores e alunos da escola Emílio Massot contra o novo parcelamento de salários, anunciado na quinta-feira pelo governo estadual, terminou em confusão e com pelo menos três pessoas feridas na manhã desta sexta-feira.
Segundo relatos dos estudantes, o grupo percorria a Avenida Ipiranga, a poucas quadras da escola, no bairro Azenha, quando um veículo avançou sobre a multidão, atropelando uma professora e uma aluna. Posteriormente, outra professora teria sido agredida pelo motorista.
– Estávamos fazendo uma caminhada pacífica, mas esse motorista parece que se irritou e avançou deliberadamente sobre nós. A pessoa pode não concordar com a manifestação, mas tem que respeitar – afirmou o professor João Paulo Silveira, de 64 anos.
Leia mais
Servidores da segurança pública começam operação-padrão no Estado
Sindicatos da categoria convocam paralisação no dia 4
Idosa morre e três ficam feridos após atropelamento em estacionamento de mercado
Revoltados com o atropelamento, os manifestantes correram e conseguiram parar o carro, um Fiat Palio vermelho, a poucos metros dali. Ainda segundo os relatos, o motorista, Alexandre Mota Pivatto, 42 anos, teria saído do veículo e dado dois socos em uma das professoras:
– Eu vim aqui pedir satisfação, porque ele passou por cima da gente de um jeito muito brusco. Ele simplesmente saiu do carro, não falou nada e me deu dois socos no rosto. Não dá pra acreditar, olha minha cara – contou a professora Gislaine Schnack, de 34 anos, enquanto mostrava o rosto inchado.
A Brigada Militar, que chegou logo em seguida no local, isolou o condutor, que ainda discutia com o grupo. Enquanto alguns manifestantes depredavam o veículo, outros, assustados, se afastaram da confusão:
– Foi tudo muito rápido. Quando eu vi, minha colega estava jogada no chão chorando, e todo mundo saiu correndo atrás do carro. Nem sei o que dizer, estou com medo e só quero voltar para dentro da escola – relatou uma estudante.
Chamando o grupo para retornar à escola, a professora Fátima Candia, de 48 anos, lamentava o desfecho da manifestação:
– Não era para terminar assim, não sei o que houve. Nós estávamos lutando pelos nossos direitos.
Alexandre Pivatto, que foi encaminhado à Delegacia de Lesões Corporais de Trânsito de Porto Alegre para prestar depoimento, negou que tenha avançado com o carro para cima do grupo. Conforme seu advogado, João Clair Silveira, o motorista passava cuidadosamente pelo lado do protesto quando manifestantes começaram a chutar seu carro:
– Ele não atropelou ninguém, apenas parou o carro porque começaram a bater no veículo. Ao descer, começou a ser agredido e acabou revidando. Tinha muita gente batendo nele – explicou.
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado e prestou atendimento para a professora atingida pelo carro no local. A estudante, que teve ferimentos na perna direita, foi levada ao hospital de pronto-socorro.
O trânsito foi interrompido por alguns minutos, mas já flui normalmente no local. Os manifestantes retornaram à escola. A menina atropelada foi encaminhada ao hospital pelo Samu apresentando dor em uma perna.