Polícia



Missão: matar ou morrer

"Sobreviver é a prioridade", dizem especialistas ao analisarem ação de PM morto na Capital

Especialistas em abordagem policial analisam a ação do soldado Luiz Carlos da Silva Filho, que resultou na sua morte, segunda-feira à tarde

06/07/2016 - 09h06min

Atualizada em: 06/07/2016 - 09h12min


Mariana Furlan
Mariana Furlan
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O vídeo gravado por uma moradora próxima da Rua Santa Flora, Bairro Cavalhada, registrando toda a abordagem, até a morte do soldado Luiz Carlos da Silva, servirá como exemplo em aulas de preparo para abordagens policiais. Entre especialistas no assunto, há unanimidade na análise do caso: a regra básica em uma abordagem é agir para sobreviver.

– Mas a decisão de atirar ou não cabe apenas ao policial que está na ação naquele momento. Não dá para dizer que ele agiu errado. A academia fala em superioridade numérica no momento de uma abordagem, mas quem já vivenciou uma situação como essa sabe que pesa o compromisso do policial – diz o instrutor do Centro de Treinamento de Técnicas e Táticas Especiais, o policial aposentado Marcos Vinícius Souza de Souza.

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Segundo ele, havia na cena do crime as circunstâncias para que o policial fizesse mais um disparo contra o suspeito como forma de contê-lo. O soldado não o fez.

– Além da técnica policial, o agente também é preparado com freios éticos e morais. O suspeito,até o momento em que se aproxima do carro, estava desarmado, e isso pode ter pesado na decisão do soldado de não atirar mais uma vez. O bandido não tem esse freio – afirma.

"A coragem lhe custou a vida"

Para o coordenador do curso de abordagem policial da Academia da Polícia Civil (Acadepol), delegado Mauro Duarte Vasconcelos, o caso expôs a necessidade cada vez maior de treinamento e inteligência no policiamento.

– O soldado foi corajoso, mas isso lhe custou a vida – diz.

Tecnicamente, ele admite que há diversas falhas na abordagem. A primeira delas, no momento de avaliar a situação.

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– Quando confirmado que se trata de um carro roubado, com mais de um indivíduo, o policial sozinho precisa chamar o reforço. A decisão de agir cabe a quem está naquela situação,mas, se não chegar reforço, o melhor é não abordar, mas alertar ao policiamento. O contexto atual é de confrontos cada vez mais comuns, então,precisa pesar muito o bom senso – diz o delegado.

O vídeo mostra o momento em que um dos criminosos entra em luta corporal com o soldado, que se defende comum tiro em uma das pernas do suspeito. O criminoso ainda fica livre para chegar na porta do carro, onde estava guardada a sua arma.

– Durante todo o tempo, fica claro que o crime está no carro. O policial deveria controlar os suspeitos, afastá-los do carro e jamais entrar em luta corporal. O risco era todo para ele próprio – aponta o especialista.

A recomendação em uma abordagem policial é de que o agente sempre tenha a vantagem na posição de tiro. Quando foi atingido, o soldado estava com a arma abaixada. Ele não teve tempo de reagir ao disparo do criminoso.

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