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Porto Alegre

Testemunhas revelam planos de PM para matar bebê antes de chacina que vitimou família em Porto Alegre

Mais três suspeitos de envolvimento em chacina que vitimou cinco pessoas de uma mesma família em Porto Alegre foram presos

11/07/2016 - 17h29min

Atualizada em: 11/07/2016 - 17h30min


Schirlei Alves
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Polícia anunciou prisão de outros três suspeitos em coletiva de imprensa, na tarde desta segunda-feira

Após ouvir cerca de 60 testemunhas em Tubarão (SC) _ cidade natal da família que foi vítima de uma chacina em Porto Alegre, no dia 2 de junho, a polícia voltou com novos indícios sobre a motivação do crime e com mais três suspeitos presos.

Um casal e um homem que seriam primos das vítimas foram detidos com prisão temporária de dez dias. É o tempo que a equipe da delegada Luciana Smith tem para submetê-los a novos interrogatórios e acareação - quando as testemunhas são confrontadas frente a frente.

As provas coletadas através dos depoimentos no município catarinense também possibilitaram na conversão da prisão temporária em preventiva do principal suspeito do crime, que é um policial militar aposentado. A delegada acredita que ele tenha sido o mandante do assassinato, mas não descarta a hipótese de que ele tenha participado da ação.

A chacina ocorreu na casa 335 da Rua José Marcelino Martins, Bairro Itu-Sabará. Os corpos de Lourdes Felipe, 64 anos, seus filhos Walmyr Felipe Figueiró, 29 anos, e Luciane Felipe Figueiró, 32 anos, e os netos João Pedro Figueiró, cinco anos, e Miguel, de um mês, foram encontrados dentro da casa em estado avançado de decomposição. Os adultos e o filho de cinco anos de Luciane foram mortos com um tiro na cabeça. O bebê morreu asfixiado, possivelmente por causa do peso do corpo da mãe.

Segundo a investigação, o bebê seria o pivô da tragédia. Em uma das visitas à família em Tubarão, Luciane se envolveu com o PM e engravidou dele. O policial já mantinha um relacionamento com a prima de Luciane e com outra mulher.

– Ele não queria aceitar a paternidade, tentou de todas as formas com que ela interrompesse a gravidez, depois tentou subornar o laboratório (onde foi feito o exame de DNA) – destacou Luciana.


Bebê na mira

As testemunhas ouvidas em Tubarão revelaram os supostos planos do PM de executar o próprio filho. Ele teria oferecido R$ 5 mil para que familiares matassem o bebê e a mãe (Luciane). Na primeira tentativa, ele teria sugerido que colocassem algumas gotinhas de veneno na boca da criança.

Em outra situação, sugeriu que a sufocassem com um travesseiro. Outra ideia foi a de simular um assalto no trajeto da família entre SC e RS. O PM também propôs provocar um acidente no qual a criança morreria.

Os três presos (um casal e mais um homem) confessaram que o PM ofereceu dinheiro a eles. Porém, negaram envolvimento no crime. Um dos presos, inclusive, tem curso de tiro e é muito próximo ao policial militar.

O casal teria acompanhado o PM no dia em que ele veio a Porto Alegre buscar Luciane para que ela desse à luz em um hospital de Tubarão. No período de internação pós-parto, a prima envolvida amorosamente com o policial, teria entrado no hospital com um faca com a desculpa de cortar uma mecha de cabelo do bebê para o exame de DNA.

PM tentou subornar familiares e laboratório

O policial militar negou participação no crime no primeiro interrogatório. Mas ele será contestado outra vez pela equipe de investigação. O subtenente que já estava na reserva era uma pessoa respeitada em seu convívio social.

Por causa da boa remuneração como policial aposentado, ele contribuía com a família das vítimas pagando contas. O envolvimento financeiro e o medo dos familiares dificultou o trabalho da investigação.

– São provas subjetivas, de testemunhas com muita dificuldade de falar, a todo momento colocavam o receio que tinham em relação à vida delas e dos familiares – disse Luciana.

A polícia descobriu ainda que o PM fez empréstimos para ampliação da residência de uma das companheiras dele em Tubarão, mas que o dinheiro não teria sido utilizado na reforma.

Segundo a investigação, o PM também tentou subornar uma funcionária do laboratório onde foi realizado o exame de DNA com o intuito de alterar o resultado. A funcionária teria recusado a oferta de R$ 5 mil que foi dobrada para R$ 10 mil. Quando o exame comprovando a paternidade ficou pronto, Luciane provavelmente já estava morta.


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