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Idoso se torna réu por desacato durante confusão em DP de Gravataí

Família acusa policiais de terem agredido o homem, que é surdo e sofre Alzheimer e epilepsia

12/08/2016 - 12h50min

Atualizada em: 12/08/2016 - 12h54min


Vitor Rosa
Vitor Rosa
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O idoso de 65 anos que foi preso depois de uma confusão dentro de uma delegacia de Gravataí está respondendo como réu em um processo que tramita no Judiciário sobre o caso. Ele é acusado de crimes contra a administração pública, por desacato e resistência à prisão.

Conforme o advogado da família, Rodrigo Rollemberg Cabral, a juíza responsável pelo caso pediu que fosse feita uma análise da sanidade mental do idoso – que é surdo, sofre de Alzheimer e epilepsia. Caso seja comprovado, o processo deve ser extinto. As informações são do blog Caso de Polícia.

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Segundo a denúncia feita à Corregedoria de Polícia Civil, que investiga o caso, a família estava na delegacia para registrar um boletim de ocorrência. O idoso, que é interditado judicialmente por causa do estado de saúde, precisava ir ao banheiro, mas errou o caminho e entrou no gabinete de uma delegada. A policial o mandou sair, mas ele não respondeu. Segundo o advogado, o idoso teria sido empurrado naquele momento e tombado. Depois, teria sido atingido por pontapés. A família admite que o idoso chegou a segurar o braço da delegada e gritou que não sairia dali.

Depois da confusão, o homem foi algemado e preso em flagrante. Ele foi levado para a carceragem da delegacia, onde passou a noite, e depois para o Presídio Central de Porto Alegre, onde, conforme Cabral, passou quase dois dias.

O delegado Regional de Gravataí, Eduardo Hartz, negou para a reportagem no dia 29 de julho que o idoso de 65 anos detido na Delegacia da Mulher da cidade, em junho, tenha sido agredido. Conforme Hartz, o homem foi apenas contido por policiais.

O advogado da família reclama que a Polícia Civil sabia sobre a interdição do idoso. Por isso, o defensor considera que o idoso não poderia ter sido preso.

– Na nota de culpa emitida pela polícia, consta que o meu cliente não assinou. Dois policiais assinaram por ele. Outra irregularidade que me chama a atenção é delegada, que está sendo a vítima do processo, assinar o próprio inquérito – enumera.

O Ministério Público ofereceu ao idoso uma transação penal – que é quando o processo é suspenso e o réu paga com prestação de serviço para a comunidade ou pagamento de cesta básica. No entanto, a oferta foi negada pelo judiciário, que requereu o procedimento de avaliação da sanidade mental.

Contraponto

O corregedor-geral da Polícia Civil, delegado Andrei Vivan, disse para a reportagem que o caso ainda está em aberto. Segundo ele, todas as testemunhas apontadas pelas partes estão sendo ouvidas e o inquérito está sendo apurado dentro do prazo.


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