Polícia



Dirigia o Audi

Motorista do Audi envolvido em acidente com Camaro fala pela primeira vez sobre o caso

No processo em que o motorista do Camaro virou réu, Robson Cordeiro, que dirigia um Audi envolvido na batida, é apontado como vítima e testemunha. No entanto, também está sendo processado pela defesa de Jeferson Bueno, que pede mais de R$ 200 mil de indenização

22/03/2017 - 19h00min

Atualizada em: 22/03/2017 - 19h26min


Leonardo Thomé
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Pela primeira vez desde que se viu envolvido no acidente que matou uma pessoa e feriu outras três na madrugada de Réveillon, em Ingleses, em Florianópolis, o pedreiro Robson de Jesus Cordeiro falou com a imprensa. Morador de Canasvieiras, o baiano de 24 anos é testemunha do processo movido contra Jeferson Rodrigo de Souza Bueno, 29 anos, motorista do Camaro que na ocasião atropelou três pessoas, matando Cristiane Flores e ferindo gravemente Nilandres Lodi e Gean Matos.

Bueno se tornou réu na ação penal na terça-feira, dia 21. Desde 1º de janeiro, ele está foragido da Justiça. Sua defesa, além de tentar responsabilizar Cordeiro pelo atropelamento, também entrou com uma ação indenizatória contra o jovem por suposto dano moral. O advogado de Bueno, Ademir Costa Campana, pede o valor de R$ 206.492,00 para reparar seu cliente por supostos danos morais que teria sofrido devido à exposição na mídia e dentro da própria investigação, em que foi apontado pela polícia como responsável pelo acidente.

Ao descobrir o processo contra ele, após ler reportagem da Hora de Santa Catarina, Cordeiro, que não foi indiciado nem denunciado, diz ter ficado surpreso com a ação proposta por Campana, advogado do motorista do Camaro, que responde na Justiça por homicídio triplamente qualificado e três tentativas de homicídio qualificadas.

Cordeiro garante inocência e afirma aguardar ser intimado para se defender no processo movido contra sua pessoa na Justiça do Rio Grande do Sul. O Audi, ano 2000 que ele havia comprado com "muito esforço" e não tinha seguro, teve perda total e nunca mais rodou desde a virada do ano.

Agredido por populares após o acidente, conta ter ficado uma semana sem mastigar com a mandíbula fraturada devido aos socos e chutes que levou ao ser confundido com Bueno, que dirigia o Camaro e fugiu do local antes mesmo de Cordeiro descer do carro. A seguir, trechos da entrevista com Cordeiro.

Hora – O que aconteceu antes do acidente daquela madrugada?

Cordeiro – Eu vinha pela faixa da esquerda. Passei pelo Camaro, mas em uma velocidade baixa, uns 40 km/h. Eu estava indo num mercado pegar uma amiga da minha irmã. Quando eu passei pelo Camaro, ele também estava em baixa velocidade. Daí eu dei seta para ir à direita, e nesse momento eu senti o choque no meu carro, mas com a película eu só ouvi a pancada. Ele grudou na lateral do meu carro na batida e foi assim até desgrudar e acertar a Hilux estacionada, e depois atropelar as pessoas na calçada.

Hora – Você conseguiu ver o motorista do Camaro fugir?

Cordeiro – Não deu para ver ele, porque quando eu abri a porta tinha pedaços de pneu na porta e outros objetos no chão. Daí eu coloquei as peças no canteiro e vi a Hilux destruída e o Camaro quase lá dentro da loja. Mas o motorista sumiu. Eu vi uma imagem que ele desceu do carro, olhou e fugiu. Eu só fui ver o estrago que fez no meu carro quando ele já estava em cima do guincho.

Hora – O que você fez após descer do carro?

Cordeiro – Eu desci, fui ver as vítimas e comecei a pedir que chamassem socorro para elas. Meus documentos e meu celular estavam dentro do carro. E eu comecei a pedir para chamarem a emergência e perguntar "cadê o infeliz que fez isso?". Foi quando algumas pessoas acharam que eu era o motorista e me lincharam no local. Tinha muitas pessoas embriagadas que conheciam as vítimas, como me viram perguntando do cara, acharam que eu estava mentindo e que era eu o motorista do Camaro. Fui espancado. Fiquei uma semana sem comer direito, não conseguia mastigar, porque quebraram a minha mandíbula. Eram muitas pessoas me agredindo. Só não me bateram mais porque as minhas irmãs se colocaram na frente, se não eu seria outra vítima disso. Mesmo sendo agredido, eu não fui embora do local. Se eu tivesse ido embora, estaria assumindo uma culpa que não tinha.

Hora – Você chegou a soprar o bafômetro?

Cordeiro – Me dispôs a fazer, porque eu não tinha bebido, já que trabalhei no dia 31. Só não fiz o bafômetro na hora porque a Polícia Militar estava sem o aparelho.

Hora – Como você recebeu a informação que está sendo processado, mesmo não tendo sido indiciado?

Cordeiro – Se o advogado está falando isso ele é mentiroso ou o cliente (Bueno) está mentindo para ele. As filmagens mostram que estava andando normalmente, depoimentos, todos também disseram isso. Ele (Campana) está acusando um inocente.

Foragido, Bueno será julgado mesmo sem se apresentar

Se você tiver informações de Jeferson Bueno (na foto) entre em contato com as polícias de SC ou RS

A reação de muitos ao descobrirem que Bueno se tornou réu por homicídio triplamente qualificado e três tentativas de homicídio qualificadas, foi a de questionar como fica o processo com ele foragido e, segundo Campana, ainda sem previsão de se entregar às autoridades.

O processo seguirá seu rito normal, com as primeiras tentativas de citação nos endereços do réu que constam nos autos, no caso em Sapiranga, no Rio Grande do Sul. Nesse meio tempo, caso o advogado Campana apresente a defesa de Bueno, automaticamente o réu será considerado como ciente do feito, mesmo sem ser citado pessoalmente. A citação também pode ser feita por edital. Mesmo foragido, uma coisa é certa: Bueno será julgado de qualquer forma.


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