Polícia



Violência

Roubos violentos fazem Taquari pedir socorro por mais segurança 

Depois de pelo menos dois crimes assustarem os moradores do município de 27 mil habitantes neste mês, prefeito e entidade empresarial exigem aumento no policiamento das ruas

21/11/2017 - 16h19min

Atualizada em: 21/11/2017 - 16h20min


Eduardo Torres
Eduardo Torres
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Divulgação / Arquivo Pessoal/Maicon Costa
População se mobilizou em uma caminhada no dia 14 de novembro

Desde a manhã de segunda-feira (20), o assunto principal nas ruas centrais de Taquari, município com 27 mil habitantes, é o assalto que teve como alvo uma padaria por volta das 7h30min. Homens armados com revólveres levaram o dinheiro do caixa e, diferentemente de tudo o que já foi visto no pequeno município do Vale do Taquari, levaram a proprietária como refém. Naquele momento, apenas um policial militar estava responsável pelo patrulhamento das ruas da cidade. 

A comerciante foi liberada sem ferimentos cerca de duas horas depois, na zona norte de Porto Alegre. A Delegacia da Polícia Civil de Taquari investiga o crime a partir das características dos bandidos descritas por testemunhas. Eles levaram os equipamentos que teriam registrado imagens do roubo.

— Foi a gota d'água de uma situação que já estamos vivendo há cerca de um ano. Achávamos que já tínhamos chegado ao ápice no começo do mês, quando aconteceu um roubo a banco com reféns, mas a vida dos nossos cidadãos segue em risco — desabafou o prefeito Emanuel Hassen de Jesus (PT), em entrevista ao programa Atualidade, da Rádio Gaúcha, na manhã desta terça-feira (21).

Conforme o prefeito, a companhia da Brigada Militar que atua em Taquari conta com apenas 16 PMs. A cada turno, são apenas dois dedicados ao patrulhamento local. 

— Há oito anos, chegamos a ter o dobro de policiais — garante o prefeito.

Uma semana atrás, uma caminhada reuniu cerca de 500 pessoas pedindo mais segurança. Um abaixo-assinado e uma audiência pública sobre segurança também aconteceram para reforçar o pedido da prefeitura à SSP para que mais policiais militares sejam destinados à cidade.

O prefeito, com o apoio da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de Taquari, pleiteia a inclusão do município no programa Segurança Integrada com os Municípios (SIM), da Secretaria da Segurança Pública (SSP). Um projeto já foi entregue ao órgão estadual, prevendo a instalação, inclusive, de 18 câmeras de monitoramento a serem custeadas pelos lojistas.

— O que buscamos é a sensação de segurança. É claro que as câmeras não resolverão o problema por si só, mas ajudam. Eu e outros comerciantes que trabalhamos à noite vivemos um pesadelo, porque nunca sabemos o que pode acontecer — desabafa o presidente da CDL Taquari, Maicon Costa.

Foi assim na madrugada de 3 de novembro, em uma das principais avenidas do município. Um grupo de quatro criminosos armados com fuzis e pistolas atacou a agência da Caixa Econômica Federal. Depois de renderem os frequentadores de uma lancheria que fica ao lado do banco, os mantiveram como um cordão humano enquanto explodiam caixas eletrônicos. Conforme a Polícia Federal, três equipamentos foram destruídos antes que o bando fugisse em uma Blazer preta.

Este foi o terceiro caso de ataque a caixas eletrônicos no município desde o final do ano passado.

Divulgação / Polícia Federal
Moradores foram feitos reféns no ataque a banco do começo de novembro

Mudança de perfil

É um sintoma, de acordo com a delegada Betina Martins Caumo, de que a criminalidade não está necessariamente aumentando, mas mudando a sua característica.

— Nunca tivemos casos com refém, principalmente com a vítima levada até a Região Metropolitana. Isso nos chama a atenção, assim como os ataques a bancos nesse perfil, que também afetam outras localidades no Interior. Mas não podemos dizer que a violência está generalizada — afirma a delegada.

Segundo ela, houve uma concentração de roubos a residências entre julho e setembro na área central de Taquari. Foi justamente o período em que o assaltante Jair Rodrigo Vieira da Silva, 29 anos, esteve foragido da Penitenciária Estadual de Venâncio Aires. Ele foi preso em Candelária, e é apontado como autor de alguns dos crimes no município.

Entre janeiro e setembro deste ano, foram registrados, segundo a SSP, 26 roubos em Taquari. Menos do que os 33 no mesmo período do ano passado. Os casos de tráfico e posse de entorpecentes tiveram uma leve alta de 16 para 22 casos no mesmo comparativo. E, neste ano, houve dois assassinatos no município. Nos primeiros nove meses de 2016, não houve registros de homicídios.

— Em um desses casos, ocorrido em abril, sabemos que foi um crime motivado pelo tráfico de drogas. Executores vindos da Região Metropolitana mataram um criminoso local na Vila São Francisco.  Apuramos e, em três dias, prendemos todos os envolvidos no crime — diz a delegada.

Ela confirma que há registros de que uma facção criminosa estaria atuando em pelo menos uma área do município. A possível liderança do grupo seria um dos criminosos transferidos para penitenciárias federais durante a Operação Pulso Firme. Conforme Betina, no entanto, não há uma guerra entre traficantes. Há duas semanas, houve denúncias de um toque de recolher na Vila São Francisco. A Brigada Militar averiguou e constatou que era um boato.


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