Sistema prisional
Presos voltam a dormir algemados em corrimão e em viaturas em Porto Alegre
Com a carceragem da Área Judiciária, no Palácio da Polícia, lotada, há dois dias seis presos dividem lugar em duas viaturas da Brigada Militar na Avenida Ipiranga
Os presos da Região Metropolitana voltaram a ficar algemados em viaturas e até no corrimão do Palácio da Polícia, na Avenida Ipiranga, em Porto Alegre. Há dois dias, seis homens dividem espaço em dois veículos da Brigada Militar. O último a chegar, um homem de 46 anos, que estava foragido e foi recapturado na tarde de quinta-feira (30) no centro da Capital, precisou dormir algemado ao corrimão da Área Judiciária por falta de lugar. De acordo com a Polícia Civil, a carceragem da 2ª Delegacia de Pronto Atendimento (DPPA) está lotada, com dez detentos.
A situação voltou a agravar a partir de segunda-feira (27), quando a Justiça determinou a interdição do Centro de Triagem que funciona junto ao Presídio Central, ordenando que a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) transferisse os detentos para Charqueadas. De acordo com a sentença da juíza Sonáli Zluhan, havia presos há mais de cinco dias naquelas instalações — alguns completavam um mês no Centro de Triagem.
Entre os detidos em viaturas, um está com tuberculose que, na manhã desta sexta-feira (1º), sequer tinha condições de falar.
—Estamos passando fome, frio e aperto aqui. Desde ontem (quinta) eu não vou no banheiro — disse um dos presos, de 23 anos, por volta das 9h desta sexta.
Entre os presos nas viaturas, cinco estavam foragidos e um foi autuado em flagrante por porte ilegal de arma.
De acordo com a assessoria de imprensa da Susepe, a situação no Palácio da Polícia foi excepcional e será solucionada durante a sexta-feira, com o encaminhamento de presos ao sistema prisional, especialmente o detido com tuberculose. Ele tem, segundo o órgão estadual, ordem judicial para receber o tratamento no Presídio Central.
Conforme a Polícia Civil, nesta sexta há 81 presos nas carceragens da Região Metropolitana e Vale do Sinos. O caso de presos em viaturas na Capital é o único até o momento. O Estado ainda recorre da interdição do Centro de Triagem.