Polícia



VIOLÊNCIA

Chacina esfacelou time de futebol amador de Alvorada

Mortos a tiros em bar, na noite de domingo, eram os jovens talentos do Atlético São Pedro. Erick da Silva, que jogava como meia, comemorava seus 20 anos no local atacado por pelo menos quatro atiradores. Wellisson de Souza, 20, e Sandro Guedes, 18, também foram executados

26/02/2018 - 14h50min


Eduardo Torres
Eduardo Torres
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Eduardo Torres / Diário Gaúcho
Bar era local de confraternização dos amigos de um time amador de Alvorada

Boa parte da vizinhança da Rua São Pedro, no bairro Piratini, em Alvorada, nem dormiu na madrugada desta segunda (26). O dia amanheceu em luto depois de um ataque a tiros, na noite de domingo (25), no bar onde os integrantes do time de futebol amador local, o Atlético São Pedro, faziam uma confraternização. Três jovens foram assassinados e outras cinco pessoas ficaram feridas. Até o começo da tarde, três permaneciam hospitalizadas sem risco de morte. O motivo do crime ninguém sabe dizer ao certo. A única certeza  que Cláudio Gomes, 39 anos, um dos idealizadores do time, tem é de que perdeu mais uma batalha para a violência de Alvorada.

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— Faz nove anos que temos o time, e a nossa principal missão é justamente tirar a gurizada da linha de tiro. Temos muitos casos de guris que tiramos da rua, do tráfico, e hoje são pais de família. Mas essa é a realidade que vivemos na cidade. Não temos uma praça, um campo na vizinhança. O único lugar para os meninos festejarem um aniversário era aquele bar. Foi o lugar escolhido para atirarem dessa vez — lamenta Gomes.

O motivo da festa, depois da goleada por 6 a 1 em um amistoso do Atlético São Pedro, era o aniversário de 20 anos do meia, e mecânico durante a semana, Erick Machado da Silva, conhecido como Balaquinha entre os amigos. Foi um dos autores dos gols na tarde de domingo, e o seu amigo, Wellisson Ituquiere Lucena de Souza, também de 20 anos, atacante no futebol e metalúrgico no dia a dia, marcou outro. Os dois estão entre os mortos na chacina. Sandro Martins Guedes, o mais novo deles, de 18 anos, e que jogava como volante e também trabalhava como mecânico, foi a terceira vítima do ataque. 

— Esses três meninos estavam conosco desde bem pequenos. Participaram de todas as categorias de base conosco. Os três eram trabalhadores, sem envolvimento com nada de errado — desabafa Cláudio Gomes.

O ataque

De acordo com testemunhas, pelo menos quatro homens — um deles usando uma máscara — teriam chegado ao bar em um carro não identificado. Armados com pistolas 9mm, dispararam diversas vezes na frente do bar onde, segundo a polícia, havia em torno de 20 pessoas por volta das 22h de domingo. Os amigos estavam na calçada, do lado de fora do estabelecimento, e não tiveram como escapar dos disparos, que deixaram marcas nas paredes do bar.

— Não foi possível precisar quantos tiros foram feitos, porque o local do crime foi desfeito antes da chegada da polícia. Ao que tudo indica, foi um ataque contra o local, não necessariamente contra as pessoas que estavam ali — aponta o delegado Edimar Machado de Souza.

Uma das linhas de investigação da polícia é de que traficantes frequentassem o bar onde acontecia o festejo. A suspeita é de que criminosos ligados a uma facção inimiga tenham feito o ataque.

Enquanto a polícia ainda procura respostas para a chacina, Cláudio Gomes pensa como juntará os cacos para manter o projeto. 

— Não sei ainda como vamos fazer. Agora é hora de chorar pela perda dos guris — diz.

O time conta com pelo menos 50 meninos a partir da categoria Sub-15.

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