Polícia



Novo Hamburgo

Corregedoria deve abrir novos inquéritos para apurar conduta de equipe do delegado Fermino

Moacir Fermino foi indiciado por corrupção de testemunhas e falsidade ideológica na condução das investigações da morte de duas crianças esquartejadas no Vale do Sinos. Além dele, responderão pelos mesmos crimes um outro policial e uma testemunha

25/03/2018 - 14h00min


Cris Lopes
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Vanessa Kannenberg / Agencia RBS
Delegado Moacir Fermino (foto) citou "revelação divina" ao apresentar os resultados da investigação

A Corregedoria da Polícia Civil (Cogepol) pretende abrir novos inquéritos para apurar a conduta do delegado Moacir Fermino e da equipe de quatro agentes que atuaram com ele, no caso das crianças esquartejadas, encontradas em setembro de 2017, em Novo Hamburgo.

Conforme o corregedor-geral da Polícia Civil, Marcos Meirelles, os inquéritos ainda não instaurados pretendem averiguar possíveis delitos no curso das investigações, relatados por testemunhas e por pessoas presas na época. Caso comprovadas novas irregularidades, tanto o delegado quanto os quatro agentes poderão ser indiciados por outros crimes não detalhados pelo órgão.

Na apresentação do primeiro inquérito, na sexta-feira (16), o delegado Moacir Fermino, um policial e um informante do delegado, que atuava interinamente nas investigações, foram indiciados por corrupção de testemunhas e falsidade ideológica. A corregedoria informou que Fermino e os quatro agentes seguem afastados das funções.

Histórico da reviravolta

- Os corpos de duas crianças foram encontrados nos dias 4 e 18 de setembro de 2017, no bairro Lomba Grande, em Novo Hamburgo.

- Perícias nos restos mortais comprovaram que se tratavam de dois irmãos, por parte de mãe. A investigação foi conduzida inicialmente pelo delegado Rogério Baggio, mas foi assumida nas férias dele pelo delegado Moacir Fermino.

- Na época, uma testemunha relatou a Fermino ter presenciado um ritual satânico em uma casa em construção, no qual teria visto duas crianças e sete suspeitos, para os quais o delegado pediu à Justiça e obteve prisão preventiva.

- Depois do retorno do delegado Baggio ao caso, constatou-se que tudo era uma "farsa" e que testemunhas haviam mentido após receber promessa de dinheiro.

- As prisões foram revogadas e a investigação voltou à estaca zero. Um homem, que teria orientado os testemunhos falsos, foi preso — ele não teve a identidade revelada.

- Cinco policiais foram afastados das suas funções, entre eles o delegado Moacir Fermino. A Corregedoria da Polícia Civil (Cogepol) abriu apuração sobre o equívoco.

- No dia 16 de março, a Cogepol indiciou Fermino, outro policial e o homem que está preso por falsidade ideológica e corrupção de testemunhas.

- No mesmo dia, a delegacia de homicídios de Novo Hamburgo pediu a retirada do prazo para a investigação das mortes das crianças. A Justiça ainda não deu decisão.


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