Polícia



Decisão judicial

Criminoso que deixou cadeia em BMW e rompeu tornozeleira teve transferência negada para presídio federal

Segundo chefe da Polícia Civil, Emerson Wendt, Gordo Dé tem relação com crimes violentos ocorridos na região do bairro Rubem Berta

11/06/2018 - 12h21min


Vitor Rosa
Vitor Rosa
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Divulgação / Arquivo pessoal
André da Silva Dutra, o Gordo Dé, líder de facção em Porto Alegre

O líder de facção que deixou o Presídio Central de Porto Alegre beneficiado por uma prisão domiciliar e 39 minutos depois rompeu a tornozeleira eletrônica e passou a ser considerado foragido era motivo de preocupação por parte da Polícia Civil. Considerado importante não só nas ruas, mas um dos "plantões" de galeria na cadeia, André da Silva Dutra, o Gordo Dé, teve pedido de transferência a um presídio federal negado pela Justiça. Ele era um dos alvos iniciais da Operação Pulso Firme, que transferiu 27 presos de alta periculosidade do Rio Grande do Sul para outros Estados.

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Conforme o chefe de Polícia Civil do Rio Grande do Sul, delegado Emerson Wendt, além do pedido inicial, a corporação tentou pedir reconsideração para forçar a ida do criminoso para um presídio federal, também negado. Alegados problemas de saúde do preso, principalmente uma hérnia abdominal, embasaram as decisões judiciais de não transferi-lo.

— É lamentável que tenha tido essa decisão (pela progressão), porque a gente sabe da importância desse preso no sistema prisional e sabe o que ele pode ocasionar na rua — critica o chefe de polícia. 

Havia três prisões preventivas contra Gordo Dé. Duas delas eram relacionadas a homicídios e outra por lavagem de dinheiro. Ele já havia sido libertado do regime fechado em duas delas, mas ainda restava uma única que o mantinha preso. Em sua decisão, a juíza Sonáli da Cruz Zluhan manifestou que havia parecer favorável do Ministério Público para sua progressão ao semiaberto e considerou que "existem vários laudos médicos demonstrando o estado de saúde do preso".

Conforme o chefe de polícia, Gordo Dé é um dos principais líderes do tráfico de drogas no bairro Mario Quintana, na zona norte de Porto Alegre. Sua facção criminosa também teria influência nos municípios de Viamão, Gravataí, Alvorada e Cachoeirinha — município onde possui uma casa com piscina, na qual sua mulher cumpre prisão domiciliar. 

— Os principais conflitos nos últimos tempos no Rubem Berta e imediações tinham relação com ele. É um preso extremamente perigoso no sentido de que homicídios e delitos relacionados à facção dele são com requinte de crueldade, como decapitação, esquartejamentos — afirma Wendt. 

O chefe de polícia ainda afirma que sua soltura pode causar uma "nova disputa do tráfico" na zona norte e cidades da Região Metropolitana.

A soltura de Gordo Dé

Após decisão judicial, foi instalada uma tornozeleira eletrônica em Gordo Dé às 19h45min de sábado (8). Ele deixou a cadeia em uma BMW X1, que era acompanhada de uma caminhonete Captiva. Trinta e nove minutos depois, às 20h24min, o equipamento foi rompido. No sinal do GPS, o trajeto feito por ele inicia-se no Central, percorre a Avenida Bento Gonçalves, entra em Viamão pela RS-040 e é finalizado no Morro de Nossa Senhora Aparecida.

Em fevereiro de 2018, o criminoso foi alvo de investigação após comprar uma Captiva blindada e tentar legalizá-la na Polícia Civil. Constam como bens do traficante também uma caminhonete Santa Fé e imóveis de luxo na Região Metropolitana.

Em 2017, o mesmo foragido foi indiciado pela decapitação de quatro jovens em Alvorada, na Região Metropolitana. O plano, segundo a investigação, foi arquitetado de dentro do Presídio Central por ele e um comparsa. Além deste caso, ele também foi indiciado em outros nove assassinatos, segundo o Departamento de Homicídios da Polícia Civil.

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