Polícia



Crime organizado

Advogados envolvido com facção que queria matar juiz são presos em Porto Alegre

Anderson da Roza foi detido em sua casa na Capital. Anderson Cruz se apresentou no Deic na noite desta segunda-feira (15)

15/10/2018 - 21h35min


GZH
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Carlos Macedo / Agencia RBS
Réu foi preso e encaminhado à sede do Deic, na Zona Norte

O advogado Anderson Figueira da Roza, réu por suspeita de envolvimento com uma facção criminosa da zona leste de Porto Alegre, foi preso nesta segunda-feira (15) em sua casa no bairro Petrópolis, em Porto Alegre. Conforme o delegado do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), Arthur Teixeira Raldi, Roza foi detido por participação em organização criminosa e coação de testemunhas.

— Ele não teve reação no momento que foi preso, estava bastante tranquilo — detalha o delegado.

Roza é réu ao lado de outros dois advogados — Anderson da Cruz também foi detido  e Anderson Rembowski é procurado.  A facção criminosa, entre outros planos, pretendia assassinar um juiz na Capital. 

O mandado de prisão preventiva foi expedido pela Justiça ontem após a Promotoria de Lavagem de Dinheiro recorrer da negativa anterior. A 8ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça entendeu que os advogados excederam-se "nos seus deveres e integraram a organização, protagonizando uma atuação criminosa". 

Na tarde desta segunda-feira, os policiais estiveram nos possíveis endereços nos quais os réus poderiam ser encontrados. Somente Roza foi localizado. Acompanhado de um advogado, Cruz se apresentou logo depois. Segundo o delegado, os dois negaram envolvimento com o grupo.

A decisão negativa para o pedido do Ministério Público, em primeira instância, é de 28 de setembro. Na ocasião, a juíza, que não tem o nome divulgado porque está em sigilo determinado por ela, entendeu que o momento processual não era oportuno para a decretação da prisão dos advogados. A magistrada citou que os fatos investigados teriam acontecido em 2016 e 2017 para justificar a negativa. 

No entanto, para o TJ, Roza é o líder do núcleo jurídico e atende aos comandantes da facção, sendo imputado a ele "o cometimento de delitos de embaraços e processos criminais juntamente com José Dalvani Nunes Rodrigues". Este, mais conhecido como Minhoca, é líder de uma das mais violentas facções da Capital. Na decisão de ontem, é citado que "a imposição de providências cautelares diversas da segregação não demonstram a força necessária" e, por isso, a prisão preventiva foi decretada.

Roza seria responsável por informar Minhoca sobre testemunhas em processos do seu interesse. As pessoas seriam procuradas por membros da facção que, a partir disso, "impedia-as de comparecerem em juízo para serem ouvidas".

Alvo do grupo


Um dos alvos da facção seria o juiz Felipe Keunecke de Oliveira, que conduz mais de 60 processos de homicídios envolvendo integrantes da organização criminosa. Na semana passada, ZH publicou uma reportagem na qual o magistrado conta como tem vivido desde que começou a receber ameaças de morte:

É um regime semiaberto: vou trabalhar de dia e me recolho à noite.

Roza teria repassado à facção criminosa informações pessoais e da rotina do juiz. Em uma conversa com Minhoca via Whatsapp, o líder do grupo pergunta se o advogado costuma ver o magistrado, a quem chamam de Gremista, em um clube da Capital. Ele diz que sim, que viu Oliveira com o filho no local. Por fim, é o próprio Roza quem sugere: "Jogo do Grêmio. Ele vai". 

Roza e Cruz, assim como Rembowski, foram suspensos pelo Tribunal de Ética e Disciplina (TED) da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RS). Como são formados em Direito, por lei, os dois réus devem ficar em uma cela do Estado Maior — na Capital, encontra-se no 1º Batalhão de Operações Especiais da Brigada Militar. 



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