Polícia



Porto Alegre

Crime no Sarandi: adolescente foi morto no dia em que completava 15 anos 

Gabriel Moraes Maciel aguardava chegada de carro de aplicativo quando foi alvejado

31/10/2018 - 21h52min

Atualizada em: 01/11/2018 - 09h26min


Hygino Vasconcellos
Hygino Vasconcellos
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Hygino Vasconcellos / Agência RBS
Gabriel Moraes Maciel foi baleado em frente de bar

Era dia de aniversário de 15 anos. Depois de passar a terça-feira (30) com amigos e com a família, Gabriel Moraes Maciel se arrumou para ir à casa de seu pai. Colocou os tênis e boné recém ganhos de presente, e deixou a residência onde mora com a mãe, em um beco no bairro Sarandi, na zona norte de Porto Alegre. 

Caminhou menos de 150 m até chegar ao bar da Rose, na Avenida Souza Melo, onde iria aguardar um carro chamado por um aplicativo. Pouco tempo depois, um Fiat vermelho se aproximou, mas não era o veículo esperado. De dentro do carro, dois homens passaram a atirar com pistolas calibre 380 e 9 mm em direção ao adolescente. Gabriel caiu no chão.

Em seguida, um dos atiradores desceu do carro e disparou para dentro do bar. A proprietária do estabelecimento conseguiu se desvincilhar das tiros e se escondeu no interior do local.

Já o pintor de carros Amarildo Fernandes dos Santos, 53 anos, não teve a mesma sorte. Ele tinha acabado de sair do trabalho e passara no bar para tomar um cerveja antes de assistir ao jogo de Grêmio e River Plate, pela semifinal da Libertadores. Mas não conseguiu nem ver o apito inicial da partida. Foi baleado enquanto estava sentado na cadeira de plástico do bar, com um tiro na região do peito e outro no abdômen. 

Os tiros foram ouvidos de dentro da casa de Gabriel. Parentes e amigos do garoto correram para o bar e encontraram o menino ensanguentado. Não acreditaram no que viram. Tentaram ainda socorrê-lo, mas sem sucesso. Na volta dos dois corpos, havia nada menos que 19 cápsulas e estojos das pistolas. 

A morte precoce acabou frustrando uma festa de aniversário, planejada para esta quinta-feira (1º) na casa da família. Ao som de muito funk, a confraternização incluiria passinhos de dança elaborados pelo próprio jovem e conhecidos por amigos e até pela vizinhança.

— Ele era uma lombriga dançando — se alegra uma tia, em meio às lágrimas. 

O "bebê" da família tinha outros cinco irmãos e estava no 6º ano da Escola Municipal Décio Martins Costa. Perto do local do crime, colegas de colégio entraram em choque ao verem ele caído no chão.

—  Era querido por todos. Meu filho de 16 anos chorou muito — relata outra mulher, que também preferiu o anonimato.

Hygino Vasconcellos / Agência RBS
Crime aconteceu em bar no bairro Sarandi

"Sempre alegre", lembra irmão de Amarildo

A outra vítima também vinha de uma família grande. Amarildo tinha nada menos que nove irmãos. Dois deles já haviam morrido - um de acidente de carro em Santa Catarina e outro afogado em Guaíba. Um familiar de 59 anos destaca o bom humor da vítima.

—Ele era sempre alegre — sintetiza.

Divorciado, ele se dividia entre sua casa e o trabalho de autônomo com a pintura de carros. Deixa três filhos, todos já adultos.

Crime pode ter relação com tráfico de drogas

Para a polícia, o duplo homicídio pode ser mais um capítulo da guerra entre facções ligadas ao tráfico de drogas. Conforme o delegado Cassiano Cabral, da 3° Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), a região é conhecida pelo comércio de entorpecentes. Entretanto, as duas vítimas não tinham antecedentes criminais. 

— Não tinham um alvo específico. A região é de tráfico de drogas e a suspeita é de que os atiradores pertenciam a um grupo rival, passaram pelo local e atiraram em quem estivesse por ali — afirma o delegado.  

Ainda se desconhece o que teria motivado o crime. Investigadores foram para as ruas nesta quarta-feira (31) para encontrar câmeras de segurança que possam ter flagrado a movimentação do carro ou mesmo o tiroteio. O veículo utilizado pelos atiradores ainda não foi encontrado. 


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