Polícia



Estelionato no futebol

Polícia investiga estudante que se passou por empresário de Luan e Damião para aplicar golpes

Investigado, que atuava como ajudante de empresários, passou a tentar intermediar direitos de jogadores sem autorização deles ou dos clubes

18/10/2018 - 21h14min


Vitor Rosa
Vitor Rosa
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Reprodução
Polícia encontrou anotações de supostos salários de jogadores, com custos e lucros de cada falsa negociação

Uma ação da Polícia Civil, na manhã desta quinta-feira (18), apreendeu documentos falsos de jogadores da dupla Gre-Nal com um estudante de Direito, de 33 anos, que se apresentava como empresário de atletas em Porto Alegre. De acordo com a investigação, o homem realizou tentativas de negociação de passes de atletas com diversos clubes do mundo. 

Entre as tentativas do estelionatário, estaria uma falsa negociação do jogador Luan, do Grêmio, com o clube inglês Everton, e outra de Leandro Damião, do Inter, com o Al Wehda Soccer Club, da Arábia Saudita

Durante cumprimento de mandados em endereços dos bairros Cavalhada e Passo da Areia, na Capital, foram encontrados documentos falsos – como uma Carteira Nacional de Habilitação (CNH) com foto e assinatura falsa de um atleta –, documentos bancários, assim como da Confederação Brasileira de Futebol e do Grêmio. Havia ainda anotações em libra esterlina (moeda do Reino Unido) de supostos salários de jogadores, com custos e lucros de cada falsa negociação.

A investigação teve início após a descoberta da existência de um perfil falso se passando por um empresário renomado no aplicativo WhatsApp. De acordo com o delegado Marco Guns, o investigado usava outro número para falar com o próprio perfil falso criado por ele. Depois, se aproximou de empresários de futebol usando prints de suas conversas para ganhar credibilidade, passando a trabalhar como ajudante no ramo. 

— A partir de um ponto começou a ele mesmo tentar ser o intermediador entre o empresário e o clube que pretendia comprar o jogador, só que sem a devida autorização e conhecimento do clube detentor do contrato, do jogador e muito menos do empresário respectivo — explica Guns. 

Até o momento, a polícia não identificou nenhum golpe que tenha resultado em prejuízo financeiro a algum clube ou jogador. No entanto, segundo o delegado, as meras tentativas já configuram crime. Não se descarta que o investigado tenha tentado outras ofensivas. 

— Agora vamos aprofundar a investigação para ver se houve lesão patrimonial para alguém, também se houve prejuízo contratual ou de algum outro tipo a algum clube, porque envolve o emocional do atleta — declara.

O estudante é investigado pelo crime de estelionato e não teve o nome revelado pela polícia. Ele foi levado até a sede do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) para dar depoimento, mas não foi preso. A Polícia Civil disse que teve seu pedido de prisão negado pelo Judiciário. 

A polícia reforça que os clubes detentores dos atletas e seus reais empresários não tinham informações sobre os golpes no início, mas quando souberam colaboraram com as investigações. Grêmio e Internacional foram procurados pela reportagem e preferiram não se pronunciar.


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