Polícia



ESTELIONATO

"Quero esquecer tudo o que aconteceu", conta vítima de golpe do book fotográfico

Idosa, que entregou R$ 1,5 mil aos estelionatários, afirma ter medo de registrar ocorrência 

30/10/2018 - 21h58min

Atualizada em: 30/10/2018 - 21h58min


GZH
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Mateus Bruxel / Agencia RBS
Policiais cumpriram 15 mandados em operação contra esse tipo de crime na Capital

— Oi linda, vamos fazer umas fotos de graça pra colocar no Facebook?

 Assim começa a execução do chamado golpe do book fotográfico, alvo da Operação 15x21, deflagrada pela Polícia Civil manhã desta terça-feira (30) em Porto Alegre. Foi o caso vivido por uma aposentada, de 69 anos, que prefere não se identificar. 

Após desembolsar R$ 1,5 mil por fotos prometidas como gratuitas, ela relata ter medo de procurar as autoridades para registrar ocorrência do crime. 

— Quero apenas pagar o que me cobraram e esquecer tudo o que aconteceu — afirma. 

Segundo um familiar, a idosa foi abordada enquanto caminhava pela Rua Doutor Flores, no centro da Capital, quando um menino a segurou pelo braço, convidando-a para fazer as fotos. A idosa hesitou, mas o estelionatário insistiu: 

— Mas tu é muito bonita e fotogênica, não vai demorar. 

Depois que aceitou fazer o book, a vítima foi levada para um estúdio fotográfico, onde algumas pessoas a esperavam. Ali, foi maquiada e recebeu diversos elogios, enquanto um suposto "contrato de isenção" lhe foi apresentado. O papel deveria ser assinado às pressas e no verso da folha. Do outro lado, estava o valor do serviço — cada foto custaria R$ 50.

A partir daí, a sessão de fotos se iniciou. Dezenas de retratos foram feitos, seguidos pela surpreendente cobrança: R$ 3 mil. 

— Tuas fotos ficaram ótimas, posso fazer um desconto, dependendo da forma de pagamento — completou o golpista. 

Nesse momento, a vítima — que estava sozinha com os criminosos — começou a se sentir pressionada. Acabou pagando R$ 1,5 mil parcelados no cartão de crédito.

Mateus Bruxel / Agencia RBS
Buscas em estúdios dentro de galerias

— Eles vão fazendo aquela barganha, e aí os ânimos mudam, as pessoas não são mais tão simpáticas — explica o familiar, que foi até o local, na companhia da idosa, tentar reaver o dinheiro. 

Ao rapaz, os estelionatários teriam dito que já haviam entregue um CD com todas as fotos para a vítima. Mostraram a ele um documento assinado pela vítima e disseram que ela havia consentido. No dia em que buscou o ressarcimento, ele presenciou mais uma idosa entrando no local. 

— Se permaneci ali por minutos e já vi outra pessoa entrar, imagino que o número de idosas iludidas diariamente deve ser espantoso — constata.


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