Polícia



Estelionato

 Falso soldado americano se aproxima de mulheres do RS em sites de relacionamento e aplica golpe

Com alegações variadas, homem pede que as vítimas façam depósitos

17/01/2019 - 22h14min

Atualizada em: 17/01/2019 - 22h22min


Renato Dornelles
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Um golpe está sendo aplicado em usuárias de redes sociais e sites de relacionamento. Afirmando ser soldado das forças armadas norte-americanas em ação no Afeganistão, o autor busca aproximação com mulheres, conquista a confiança delas e, após semanas de trocas de mensagens, pede que lhe enviem valores, com alegações variáveis.

Uma moradora de Canoas, de 58 anos, que pediu anonimato, não chegou a cair no golpe. Ela conta que, no final do ano passado, começou a se comunicar com o suposto militar dos Estados Unidos em um site de relacionamentos. A troca de mensagens foi em português.

— Nas primeiras conversas, falou de assuntos interessantes. Então, passamos a nos comunicar via WhatsApp — contou a vítima.

Segundo a mulher, o suposto soldado disse que perdeu os pais quando era criança e que cresceu em orfanato. Disse que sairia do exército norte-americano e que, quando isso acontecesse, moraria no Brasil, “coincidentemente” em Canoas, onde reside a vítima.

— Depois de umas duas semanas de conversa, me disse que tinha de resolver um problema, mas que, por medo de me perder, não me contaria qual. Eu insisti para que me dissesse, pois, caso contrário, não falaria mais com ele — relembra a mulher.

O suposto soldado alegou que, em um palácio da capital afegã, Cabul, ele e colegas encontraram uma fortuna e, mediante pacto, decidiram dividir o dinheiro. Ele ficaria com US$ 5 milhões (R$ 18,65 milhões). O valor sairia clandestinamente do Oriente Médio e, para isso, ele necessitaria da ajuda da gaúcha. 

— Alegou que enviaria os US$ 5 milhões numa caixa. Mas, para isso, precisaria pagar US$ 807 (R$ 3 mil). Então, queria que eu depositasse esse valor para ajudá-lo. Disse que se eu fizesse isso,me daria US$ 1 milhão (R$ 3,72 milhões). Percebi que era golpe e falei para ele que não tinha como ajudá-lo — conta.

De acordo a mulher, o suposto soldado fingiu entender as alegações dela, mas não deixou de contatá-la. Dias depois, voltou ao assunto.

— Insistiu novamente para que eu fizesse o depósito. Disse que só confiava em mim para dividir o segredo. Imagina, nos falávamos há duas semanas por WhatsApp e ele já confiando tanto em mim. Estava na cara que era golpe. Decidi bloqueá-lo — conta.

A delegada Larissa Fajardo, que já investigou casos em que pessoas foram enganadas pelo falso soldado, afirma que a primeira suspeita era de que havia uma quadrilha por trás da fraude. Com o andar da apuração, a polícia constatou que uma única pessoa pratica o golpe.

— Tivemos várias ocorrências em que idosas se envolveram emocionalmente e realizaram depósitos vultosos para o golpista. Infelizmente, não houve avanço na investigação e não foi possível identificá-lo, nem de onde ele age — afirma a delegada.  


Vítima diz que  depositou R$ 20 mil ao vigarista

Viúva e moradora de São Leopoldo, uma mulher não percebeu o golpe e acabou sendo vítima. De acordo com relato feito por ela ao colunista do Diário Gaúcho, Gugu Streit, durante cerca de dois meses comunicou-se por redes sociais com um homem que também se apresentou como soldado norte-americano, solteiro, pai de uma menina e em missão de paz no Líbano.

O golpista alegou que sua filha estava com grave problema de saúde nos Estados Unidos e que, por estar no Oriente Médio, não tinha como ir à agência bancária fazer transferência de valores. Desta forma, teria conseguido convencê-la a depositar R$ 20 mil em uma conta fornecida pelo suposto soldado. Quando percebeu que havia sido enganada, o falso soldado a bloqueou em seu perfil.

A mulher disse ao colunista que, por vergonha, não registrou ocorrência e não contou aos filhos que havia caído no golpe.

Preste atenção

Não forneça dados pessoais, como RG, CPF e endereço físico.

Sempre que possível, tente marcar um encontro em lugar seguro para verificar se a pessoa está falando a verdade.

Nunca atenda a pedidos de dinheiro ou outros valores.

Fonte: delegada Larissa Fajardo 


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