Polícia



Investigação

Sumiço, reviravoltas e encontro de ossada: o mistério que envolve contadora no noroeste do RS

Restos mortais, que, segundo polícia e MP, são de Sandra Mara Lovis Trentin, foram localizados nesta segunda-feira, no limite de Palmeira das Missões e Condor

21/01/2019 - 22h01min

Atualizada em: 21/01/2019 - 22h07min


GZH
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Arquivo Pessoal / Reprodução
Sandra Mara Lovis Trentin desapareceu em 30 de janeiro de 2018

Prestes a completar um ano, um misterioso desaparecimento no Rio Grande do Sul teve desfecho nesta segunda-feira (21). A Polícia Civil afirma que uma ossada, que seria da contadora Sandra Mara Lovis Trentin, foi encontrada, em Palmeira das Missões, no Noroeste. O Ministério Público também afirma que o corpo é o da contadora.

Sandra desapareceu em 30 de janeiro de 2018. O marido Paulo Ivan Baptista Landfeldt, vereador de Boa Vista das Missões, é réu por envolvimento no sumiço da companheira.

O desaparecimento

Sandra saiu da casa onde residia com o marido, Paulo Landfeldt, e três filhas, de 16, 11 e cinco anos, em Boa Vista das Missões, na manhã de 30 de janeiro. Ela pegou a caminhonete que estava na garagem da residência do cunhado, passou no escritório de contabilidade, na mesma rua, e por volta das 7h30min seguiu para Palmeira das Missões.

A contadora disse às funcionárias que resolveria algumas questões do escritório. Ela chegou a passar na Junta Comercial, no centro de Palmeira das Missões. Depois disso, circulou pelas ruas da área central da cidade e estacionou na Rua Rio Branco, ao lado de um CTG. A partir dali, não foi mais vista.

Percurso

A polícia descobriu, analisando imagens de videomonitoramento, que Sandra esteve durante 20 minutos na Junta Comercial, onde ninguém notou nada estranho. Após, embarcou no veículo e estacionou outra vez na Rua Rio Branco.

Uma testemunha afirmou que viu Sandra estacionando o veículo nesse endereço.

André Ávila / Agencia RBS
Carro da vítima foi periciado

Carro encontrado

O carro da vítima, uma Ranger, foi encontrado em Palmeira das Missões. Dentro do veículo, foram achados dois chips e o cartão de memória do celular, a bolsa dela, um par de sapatilhas, dinheiro e diversos papéis do escritório. A família percebeu o sumiço do celular e da carteira de habilitação.

Suspeitos

Em 21 de fevereiro, o marido de Sandra procurou a polícia para afirmar que estava sendo extorquido por um rapaz, que afirmava estar com a contadora. Dois dias depois, este mesmo jovem, identificado como Ismael Bonetto, 22 anos, foi preso em Lages, Santa Catarina. A prisão mudou os rumos da investigação.

Em fevereiro, Bonetto confessou à polícia que tinha sequestrado e assassinado com dois tiros a contadora, a mando do marido dela. O rapaz afirmou ainda que tinha escondido o corpo de Sandra em uma área rural, em Vicente Dutra. Chegou a levar os policiais até uma mata, mas nada foi encontrado. No mesmo dia em que Bonetto confessou o crime, o marido de Sandra foi preso.

Nova reviravolta

Uma semana após a prisão, no entanto, em novo depoimento, o rapaz voltou atrás e disse que mentiu sobre ter assassinado a contadora a mando do vereador.

Contou que ficou sabendo do desaparecimento por uma vizinha e que decidiu extorquir Landfeldt, mentindo que estava com Sandra. Mas não soube explicar porque disse à polícia que havia matado a mulher. A Polícia Civil entendeu, no entanto, que a primeira versão apresentada pelo jovem preso era a mais próxima do que aconteceu com a contadora e indiciou os dois.

Primeiras hipóteses da polícia

Durante a investigação, a Polícia Civil não divulgou detalhes sobre o caso. GaúchaZH conseguiu informações sobre as principais hipóteses da polícia para o desaparecimento da contadora. Dentre as quais estavam briga conjugal, vingança de clientes por serviços contábeis errados ou contra o marido dela e erro de alvo na ação de criminosos. Desaparecimento intencional também não era descartado pelos investigadores.

Denúncia

A Polícia Civil de Palmeira das Missões indiciou o marido da contadora e Bonetto pelo homicídio da contadora. O inquérito entregue ao Judiciário também informa que outras pessoas ainda não identificadas podem ter participação na morte e no desaparecimento da contadora. Para a polícia, Landfeldt pagou quantia em dinheiro para que o jovem e outras pessoas executassem Sandra.

Os dois foram denunciados pelo Ministério Público (MP) por homicídio qualificado, por motivo torpe, mediante pagamento de recompensa, recurso que dificultou a defesa da vítima e feminicídio, além de ocultação de cadáver. Bonetto ainda responde por ter extorquido o vereador. A Justiça aceitou a denúncia e ambos viraram réus.

Entrevista

Após quatro meses preso, o marido de Sandra teve pedido de liberdade acatado pela Justiça. As versões contraditórias nos depoimentos de testemunhas e do réu Ismael Bonetto contribuíram para a decisão do juiz.

Em entrevista a GaúchaZH, Landfeldt disse, antes da prisão, vivia um grande momento em sua vida, que tinha uma relação sem problemas com Sandra e que queria provar sua inocência. Para tanto, ele disse esperar que ela seja encontrada, "melhor se for viva".

— Nenhuma crise em 22 anos que nós estamos casados. Não houve crise alguma nesse período — disse.

Ossada encontrada

Nesta segunda-feira, um cadáver foi encontrado em uma área de mato, próximo de uma lavoura de soja, no limite com o município de Condor, a cerca de 40 quilômetros de onde Sandra desapareceu. Conforme o delegado Carlos Beuter, junto ao corpo havia documentos pertencentes da contadora. 

Beuter afirmou que a camisa que estava no cadáver  é a mesma que a vítima usava no último vídeo onde ela aparece antes de desaparecer. Cartões de banco do banco e do plano de saúde também foram encontrados junto ao corpo. As vestes teriam sido reconhecidas por um familiar de Sandra, segundo o delegado. 


 


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