Polícia



Crime organizado

 Suspeito de envolvimento com tráfico e homicídios é preso em cobertura de R$ 1 milhão no Vale do Rio Pardo

Cássio Alves, 30 anos, foi capturado por policiais em triplex de Santa Cruz do Sul. Ele seria operador financeiro de facção do Vale do Sinos

18/01/2019 - 21h15min

Atualizada em: 18/01/2019 - 21h23min


Vitor Rosa
Vitor Rosa
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Polícia Civil / Divulgação
Investigado estava em imóvel de luxo na Rua Irmão Emílio, em Santa Cruz do Sul, quando foi preso

Correção: Cássio Alves dos Santos, preso em Santa Cruz do Sul, tem 30 anos, e não 35 anos como informado das 10h até as 16h40min desta sexta-feira (18). A notícia foi corrigida.

Uma operação da Polícia Civil atacou, na manhã desta sexta-feira (18), em Santa Cruz do Sul, o núcleo de uma facção do Vale do Sinos. Chamada de "Cúpula", por ter como alvo os líderes do grupo, a ação prendeu 12 pessoas, entre elas o possível responsável pelas finanças do grupo, Cássio Alves dos Santos, 30 anos. Outros dois alvos não foram encontrados e são considerados foragidos.

Suspeito de ser operador financeiro da facção, Alves foi capturado em uma cobertura triplex no município. O imóvel, com piscina privativa e banheira de hidromassagem, é avaliado em mais de R$ 1 milhão. De acordo com a polícia, o detido se apresentava na região como empresário de jogadores de futebol e dono de um depósito de bebidas para maquiar os altos rendimentos com a venda de drogas. Alves seria o responsável também pela lavagem de dinheiro da facção.

Em setembro, foi alvo de uma operação do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc), que apreendeu uma Hyundai blindada que pertenceria a ela. Ao ser preso nesta sexta, tinha na garagem um Cruze — que também foi recolhido pela polícia. Até a publicação desta reportagem, GaúchaZH não localizou a defesa de Alves.

Polícia Civil / Divulgação
Alves é suspeito de ser operador financeiro de facção

Além das 12 detenções, seis mandados de prisão foram comunicados a criminosos que já estão detidos por outros delitos. Um deles é Antônio Marco Braga Campos, conhecido como Chapolin. Ele está preso em Mossoró, no Rio Grande do Norte, e é apontado pela investigação como o líder do grupo e condenado por outros crimes, como latrocínio.

A investigação da Operação Cúpula identificou que, mesmo fora do Estado, ele seguia envolvido com os líderes de sua quadrilha. Com o novo mandado de prisão, a polícia tem a esperança de conseguir mantê-lo afastado do Rio Grande do Sul, onde ficaria ainda mais próximo de seus subordinados. Há temor de policiais de que caso o criminoso retorne ao Estado ele possa ser resgatado por comparsas. Em janeiro de 2018, a Polícia Federal diz ter interrompido um plano de fuga que tinha como alvo Chapolin.

Chamamos de Operação Cúpula exatamente para pegar os importantes. Não estamos prendendo o "vapozeiro", o pequeno traficante, e sim os líderes da facção.

FABIO MOTTA LOPES

Delegado e Subchefe da Polícia Civil

De acordo com o subchefe da Polícia Civil, delegado Fabio Motta Lopes, a operação é considerada estratégica e visou desestabilizar o poderio financeiro da quadrilha.

— Chamamos de Operação Cúpula exatamente para pegar os importantes. Não estamos prendendo o "vapozeiro", o pequeno traficante, e sim os líderes da facção — alerta.

40 assassinatos

São investigados ao menos 40 homicídios ligados ao braço da facção que seria gerenciada por Alves desde a sua chegada ao Vale do Rio Pardo, em 2013. Durante a operação Cúpula, a polícia confirmou que somente no bairro Bom Jesus, em Santa Cruz do Sul, o grupo ganha por semana R$ 200 mil com a venda de cocaína.

A investigação teve início no primeiro semestre de 2018. Naquele período, foi percebido o aumento do número de casos de violência relacionados ao tráfico de drogas em Vera Cruz, cidade vizinha de Santa Cruz do Sul. Policiais da delegacia local começaram a investigação e perceberam que havia relação com mesmos líderes do tráfico que tinham o comando no Vale do Rio Pardo.

Cerca de 70 policiais civis participam da operação, com reforço de agentes do Denarc, enviados de Porto Alegre. Ainda são procuradas quatro pessoas que não foram encontradas em seus endereços.


Contraponto

Procurado, o advogado que defende Cássio Alves, Roberto Oliveira, afirma que ainda não teve acesso aos autos e só deve se manifestar na próxima semana. 


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