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Motorista morto em assalto comprou carro há um mês para fazer corridas por aplicativos

O motoboy Luis Fernando Rodrigues Dorneles, 41 anos, foi assasinado após deixar passageira no bairro Formoza, em Alvorada

07/05/2019 - 23h10min

Atualizada em: 07/05/2019 - 23h10min


Lucas Abati
Lucas Abati
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Arquivo Pessoal / Arquivo Pessoal
Gremista, motorista era motoboy e entrou no aplicativo um mês antes de ser morto em assalto

Há menos de um mês, Luís Fernando Rodrigues Dorneles começou a fazer corridas como motorista de aplicativo. Na segunda-feira à noite, após finalizar uma viagem pela Uber na Rua Fernão Dias, em Alvorada, foi assassinado. Aos 41 anos, a vítima também era motoboy e havia comprado o carro para transportar passageiros e completar a renda da família. Pai de três filhos, o condutor também viu no aplicativo a oportunidade de pagar o financiamento da casa própria onde morava, no bairro Mário Quintana, na Zona Norte de Porto Alegre.

De acordo com a Polícia Civil, dois criminosos anunciaram o assalto com a intenção de levar o Geely EC7, que estava com Dorneles havia pouco tempo. 

A vítima tentou fugir quando foi atingida pelos disparos dos criminosos. O carro ainda colidiu no muro de uma residência.

O assassinato foi logo após Dorneles encerrar uma corrida. Conforme a investigação, o condutor pegou a passageira na Avenida Baltazar de Oliveira Garcia, na zona norte da Capital, e a deixou na rua onde foi assaltado, no município limítrofe. O delegado Luís Carlos Rollsing tem algumas características da dupla, mas admite dificuldade na investigação pela ausência de câmeras e testemunhas.

— A gente tem uma testemunha, que nos deu alguns dados, mas por enquanto ainda não temos a identificação dos autores — disse Rollsing. 

Na tarde desta terça-feira (7), um dia após o assassinato, dezenas de colegas do condutor fizeram carreata com buzinaço pedindo justiça. A manifestação partiu da região do Porto Seco, na zona norte de Porto Alegre, até o cemitério São Jerônimo, em Alvorada, onde ocorreu o enterro da vítima. No trajeto, colegas de aplicativo recolheram dinheiro para ajudar a família a se manter.

Félix Zucco / Agencia RBS
Motoboy e parceiro de futebol, Adilson lamentou a perda do amigo

O também motoboy e motorista de aplicativo Adilson Marques jogava futebol com Dorneles há cinco anos. Acompanhando a carreata de motocicleta, lamentou a perda do amigo.

– Ele desfalcou nosso time. Era nosso lateral direito. Não há palavras para descrevê-lo, a pessoa mais tri que conhecia.

Marques também brincou com as habilidades que o amigo gremista desenvolvia – ou tentava – em campo.

– Ele não era grande coisa, mas era esforçado. Queria que ele estivesse aqui escutando para a gente dar risada junto – completou.

Empresa se manifesta e presta solidariedade

Procurada, a Uber se manifestou por meio de nota informando que “lamenta profundamente que motoristas parceiros sofram com a violência e brutalidade que permeiam nossa sociedade. Nossos sentimentos estão com a família do motorista neste momento tão difícil. A empresa permanece à disposição das autoridades para apoiar as investigações, nos termos da lei.” A empresa ainda disse que “a Segurança é prioridade para a Uber e a empresa está sempre buscando aprimorar sua tecnologia para fazer da plataforma a mais segura possível de uma forma escalável. Em 2018, a Uber passou a adotar no Brasil o recurso de machine learning, que usa a tecnologia para bloquear viagens consideradas mais arriscadas e lançou uma ferramenta que reúne os recursos de segurança para motoristas parceiros, inclusive um botão para ligar para a polícia em situações de risco ou emergência diretamente do app.”

Félix Zucco / Agencia RBS
Motoristas realizaram carreatas nas ruas de Porto Alegre e Alvorada



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