Polícia



Vale do Sinos

Como a polícia fez a maior apreensão de fuzis do ano no RS

Armas foram desenterradas em sítio localizado na área rural de Novo Hamburgo

13/06/2019 - 21h13min


Leticia Mendes
Leticia Mendes / Agência RBS
Seis fuzis foram recolhidos pela Polícia Civil

O entra e sai de veículos em um sítio em Novo Hamburgo, no Vale do Sinos, às margens de uma estrada de chão, destoava da rotina na área rural. Por mais de um mês, policiais monitoraram o terreno no bairro Lomba Grande. A desconfiança era de que o ponto estivesse sendo usado para armazenar drogas. 

Na tarde de quarta-feira (12), de dentro de um galpão aos fundos dessa propriedade os agentes desenterraram seis fuzis. O arsenal, que estaria sendo usado por traficantes, representa a maior apreensão realizada pela Polícia Civil desse tipo de armamento em 2019 no Rio Grande do Sul (RS). No mesmo local, foram encontrados R$ 385 mil em cédulas. 

Ao retornarem ao local na quinta-feira (13), os agentes encontraram uma pistola 9 milímetros, municiada e com seletor de rajada. A arma estava escondida em meio a uma plantação de alface. 

Quando depararam com um saco plástico preto dentro de um armário em um dos quartos da residência, os policiais acreditaram ter encontrado um carregamento de drogas. Era o que buscavam. Vinte e oito pacotes pesados estavam envoltos em plástico azul. Rasgaram as embalagens para saber se era cocaína ou algum outro entorpecente. O primeiro estava cheio de cédulas de dinheiro. Enquanto abriam os demais, descobriam que todos tinham o mesmo conteúdo. Como as cédulas estavam úmidas, foi praticamente impossível utilizar uma máquina para contabilizar o valor. Foram necessárias mais de quatro horas de trabalho para chegar ao valor de R$ 385,2 mil.

O local onde eram feitas as buscas na tarde de quarta-feira fez o delegado Márcio Niederauer, que coordenava a equipe da 2ª Delegacia de Polícia de Novo Hamburgo, recordar de outra apreensão. Em junho de 2012, ele foi uma dos policiais a participar da apreensão de mais de 400 quilos de drogas, desenterradas de um sítio no interior de Candelária, no Vale do Rio Pardo. Era a maior apreensão de cocaína realizada pela corporação até então. Assim como há sete anos, os agentes do Vale do Sinos começaram a escavar a propriedade.

Polícia Civil / Divulgação
Dinheiro apreendido em sítio na quarta-feira

Uma equipe rumou para um galpão aos fundos da casa. Entre eles, havia um policial, formado em Geologia. Coube a ele o olhar clínico para perceber que havia algo errado com o chão de terra batida. A coloração em determinada área parecia destoar das demais, o que indicava que parte da terra poderia ter sido removida. Os policiais cavaram por um metro, até depararem com sacos de estopa e mais materiais envolvidos em plásticos. Eram cinco fuzis calibre 5.56 e um AK47.

— Imaginávamos que poderia ter algum armamento escondido ou drogas. Mas nunca pensamos em localizar essa quantidade de fuzis —relata Niederauer.

As armas estavam montadas, somente sem os carregadores acoplados. Algumas peças estavam parcialmente enferrujadas, possivelmente por conta da umidade do terreno. Os policiais reviraram a propriedade, mas não encontraram as munições. Embora não tenham sido localizados entorpecentes, a forma como as cédulas de dinheiro estavam embaladas é outro indicativo de que o valor é resultado do tráfico.

Polícia Civil / Divulgação
Dinheiro após ser contabilizado por agentes

— É uma apreensão muito significativa no combate ao tráfico de drogas. É a maior apreensão de fuzis feita neste ano pela Polícia Civil — analisa o delegado regional Eduardo Hartz.

Preso afirmou ser caseiro

Um homem, de 40 anos, foi preso em flagrante no local por tráfico de drogas e posse de armas de uso restrito. No sítio estava ainda a mãe dele, uma idosa, que foi liberada. No entendimento da polícia, ela só estava acompanhando o filho e não tinha conhecimento da ação criminosa.

O preso, que não teve o nome divulgado, alegou que atuava apenas como caseiro e que não sabia da existência do armamento. A versão não convenceu a polícia.

Polícia Civil / Divulgação
Pistola estava escondida em horta

— Pelo que apuramos até o momento na investigação, a participação dele no esquema era mais ampla — afirma Niederauer.

Segundo o delegado, as armas e o dinheiro pertencem a um grupo criminoso que atua no tráfico de drogas no Vale do Sinos. A polícia investiga agora a origem das armas apreendidas e a participação de outras pessoas.

Apreensão de drogas

Um dia antes da apreensão do dinheiro e dos fuzis, também na Lomba Grande, a Polícia Federal apreendeu um carregamento de drogas. Foram encontrados 255 quilos de cocaína, no fundo falso de um caminhão com placas do Paraná. Foi a maior apreensão da droga neste ano no RS. A suspeita é de que os entorpecentes estivessem sendo encaminhados para um ponto de armazenamento. Questionado sobre possível vínculo entre os casos, Niederauer limitou-se a dizer que não está a par do teor das investigações da PF. Sobre o bairro, afirmou que é uma área estratégica.

— É um local isolado e que, ao mesmo tempo, permite acesso a vários locais. Torna-se ponto estratégico para o tráfico — afirma. 


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