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Para evitar assaltos em paradas de ônibus, Base Comunitária da BM circula pelo bairro Lomba do Pinheiro, em Porto Alegre

De acordo com moradores que residem na região leste da Capital, antes da ação policial, estavam ocorrendo ataques em série nos pontos

14/06/2019 - 21h15min

Atualizada em: 26/09/2019 - 17h09min


Renato Dornelles
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Tadeu Vilani / Agencia RBS
Ronda da Brigada Militar na Rua São Marcos, onde fica o final da linha Bonsucesso, traz segurança aos passageiros

Em março, GaúchaZH esteve nas paradas 15 e 16 do bairro Lomba do Pinheiro, na zona leste de Porto Alegre, onde, de acordo com moradores que residem naquela área, estavam ocorrendo assaltos em série nas paradas de ônibus. Os crimes aconteceriam especialmente à noite e no início das manhãs, conforme relatos.

À época, a Brigada Militar prendeu uma quadrilha de adolescentes que, de acordo com o que apurou a polícia, roubava carros e motos durante a noite em Viamão e, no dia seguinte, utilizava os veículos para assaltar pedestres na Lomba do Pinheiro. A expectativa era de que, a partir daí, caísse o número de ocorrências. Nesta semana, a reportagem retornou ao bairro.

— Nunca nos aconteceu nada aqui, mas houve uma época em que estavam passando de moto e assaltando nas ruas de dentro — conta a digitadora Priscila Rodrigues, 32 anos, que aguardava ônibus na Estrada João de Oliveira Remião, pouco antes das 7h.

Tadeu Vilani / Agencia RBS
Passageiros aguardam ônibus na Estrada João de Oliveira Remião

A reportagem esteve em uma das ruas citadas por Priscila, a Gervásio Braga Pinheiro. Em março, o DG já tinha estado no local.

— Fico sempre assustada. Teve um dia em que cheguei na parada e fazia pouco tempo que outras três pessoas tinham sido assaltadas — diz uma auxiliar de serviços gerais de 30 anos que pediu para não ser identificada.

Próximo dali, na Rua São Marcos, onde fica o final da linha Bonsucesso, usuários do transporte coletivo não compartilham da mesma situação de insegurança. O motivo: uma ronda que tem sido feita pela Brigada Militar. 

— Agora pararam um pouco (os assaltos). Uns meses atrás estava complicado. Agora, a Brigada está passando por aqui com frequência — disse uma doméstica de 59 anos que também pediu anonimato.

Mal ela acabou de falar, um micro-ônibus, usado como base da Base Comunitária Móvel do 19º Batalhão de Polícia Militar passou pelo local. A bordo, o sargento Luiz Brizola e o soldado Fernando Guimarães.

— Nós circulamos para dar segurança às pessoas na hora em que elas saem de casa para o trabalho — explica Brizola.

Pela Polícia Civil, de acordo com a diretor do Departamento de Polícia Metropolitana, delegada Adriana da Costa, estão sendo mapeados pelo setor de inteligência os locais de maior incidência de assaltos, para subsidiar o trabalho das delegacias distritais.

— Há um foco nos crimes patrimoniais contra pedestres, que incluem usuários de ônibus, residências e comércio, e cruzamento de informações, inclusive para identificar quadrilhas — explica a delegada.        

Tadeu Vilani / Agencia RBS
Polícia Civil está mapeando pelo setor de inteligência os locais de maior incidência de assaltos

 Para usuários, situação melhorou no Centro

Em dois locais de grande concentração de passageiros de ônibus, no Centro Histórico, o sentimento de insegurança não é tão elevado quanto nos bairros. Mesmo assim, ainda paira a desconfiança.

— Não tenho visto assaltos por aqui, mas, mesmo assim, a gente sempre fica olhando em volta para ver se está tudo normal — diz uma auxiliar de escritório de 44 anos, enquanto aguarda pelo ônibus, à noite, na Avenida Salgado Filho.

Na mesma via, um vendedor de 19 anos, que aguardava na fila da linha 395 (Quinta do Portal), afirma que se sente seguro tanto no terminal do Centro, quanto no do bairro.

— Aqui (no Centro) tudo ok. No bairro, para mim que fui criado na vila, também está tudo tranquilo. Mas quem não é de lá não tem a mesma tranquilidade — diz.

Na Praça Rui Barbosa, sob o Pop Center (Centro popular de Compras), onde há concentração de terminais de linhas que atendem a Zona Norte e a Região Metropolitana, ainda há medo entre os usuários de ônibus. Mas já foi pior.

— Já vi muito assalto aqui. Então a gente sempre tem receio e anda se cuidando. Mas agora já faz um tempo que não vejo — conta uma comerciante de 33 anos.

A área, principalmente pelo lado da Avenida Voluntários da Pátria, já foi apontada como uma das mais perigosas da região central. Arrastões, furtos, assaltos e brigas eram relatados quase que diariamente por pedestres, comerciantes e rodoviários que circulam pelo local.

— Acontecia um número elevado de delitos. Uma medida que nos ajudou bastante foi a retirada dos ambulantes que se concentravam no entorno e dos gradis que eram utilizados pelo comércio da região. Os autores de delitos aproveitavam-se que o corredor em volta ficava muito estreito e se escondiam ou repassavam o produto do crime. Agora, com maior fluidez, ficou mais fácil de persegui-los e prendê-los — explica o comandante do 9º BPM, tenente-coronel Luciano Moritz Bueno.

Usuários criam grupos para se proteger

Reprodução / Whatsapp
Alguns fóruns já superaram o número de 200 usuários

Os esforços para a redução dos riscos de assaltos em paradas de ônibus envolvem também iniciativas próprias dos usuários. Enquanto um sistema que está sendo implantado pela Associação dos Transportadores de Passageiros (ATP), com a instalação de GPS em todos os ônibus, ainda não foi colocado em operação, passageiros criam grupos pelo WhatsApp, pelos quais compartilham informações.

O sistema da ATP possibilitará que, por aplicativo, os usuários do transporte coletivo controlem a localização dos ônibus e só se desloquem às paradas quando eles estiveram próximos. Com isso, o tempo de espera nos pontos será reduzido, e o risco de assaltos, também. De acordo com a associação, a previsão é de que o sistema entre em operação ainda neste ano.

Enquanto isso, passageiros buscam soluções não tão sofisticadas, mas eficientes. Desde maio, estão sendo criadas comunidades de usuários de linhas no WhatsApp. Por meio delas, compartilham a localização dos coletivos. Já há cerca de 50 grupos em Porto Alegre. Um deles, com passageiros da linha T1.

— A ideia partiu de um tuíte de um cara do Rio de Janeiro, no qual contava que lá já estavam rolando comunidades deste tipo. A galera de Porto Alegre gostou também e começaram a surgir grupos de algumas linhas. Como eu uso bastante, o T1 para ir para ir à aula na PUC, eu resolvi criar dessa linha — conta o estudante de Publicidade Eliakim Pedroso, 21 anos.


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