Polícia



Morto em assalto

"Tentei ajudar, mas não tinha mais o que fazer", relata vizinho que socorreu vítima de latrocínio em Porto Alegre 

Comerciante Genivaldo Bezerra Capito, 48 anos, foi atingido por disparo no rosto na noite de terça-feira

12/06/2019 - 21h18min

Atualizada em: 12/06/2019 - 21h44min


Leticia Mendes
Lucas Abati
Lucas Abati
Enviar E-mail
Lauro Alves / Agencia RBS
Aviso sobre cerimônia foi fixado em frente ao comércio nesta quarta-feira

Em folha de caderno fixada em frente à loja na zona sul de Porto Alegre, um aviso improvisado alertava sobre o local do velório do comerciante Genivaldo Bezerra Capito, 48 anos. Vítima de latrocínio (roubo com morte) por volta das 17h30min de terça-feira (11) ao reagir a um assalto, ele foi sepultado no fim da tarde desta quarta-feira (12). O crime aconteceu na Estrada Costa Gama, no bairro Belém Velho

O enterro, assim como o velório, foi realizado no Cemitério Parque Jardim da Paz. A reportagem esteve no local, mas, por estarem abalados com a perda, os familiares preferiram não se manifestar. Capito residia com a esposa e dois enteados no andar superior à loja mantida pelo casal. Ele teria ouvido a mulher conversando com os assaltantes e tentou reagir. A vítima chegou a balear um dos ladrões, mas acabou sendo atingida. 

Vizinho da família, outro comerciante — que prefere manter a identidade preservada — relata que estava atendendo quando ouviu a sequência de estampidos. Ele tem o hábito de manter a porta fechada por receio de ser alvo de criminosos. Da mesma forma, na loja perto dali, a entrada também estava trancada quando a dupla chegou ao local. A esposa de Capito abriu para que eles entrassem porque reconheceu um deles como sendo um cliente que esteve no local horas antes. 

Logo após ouvir os tiros, o vizinho viu dois homens saírem correndo em direção a um veículo, estacionado próximo dali. Na fuga, os criminosos ainda estouraram uma porta de vidro em frente à loja. Ele percebeu que algo havia acontecido e correu até o estabelecimento. Tentou socorrer Capito, que havia sido alvejado no rosto. Mas não houve tempo. 

— Tentei ajudar, mas não tinha mais o que fazer. É muito triste. Conheço a família há muito tempo. Ele já tinha sido assaltado três vezes. E decidiu reagir. Deixa todo mundo com medo —  lamenta. 

Assaltante se passou por cliente

Segundo o delegado Luciano Coelho, da 13ª Delegacia de Polícia de Porto Alegre, antes de cometer o assalto, um dos criminosos esteve na loja por volta do meio-dia e se passou por cliente. Ele estava na companhia de uma mulher, que também é investigada. O comércio vende produtos como cestas para dias comemorativos. O Dia dos Namorados, nesta quarta-feira, seria uma data de movimento no estabelecimento. 

O homem que esteve no local foi identificado como sendo o assaltante baleado. Logo após o crime, Max William Irala Machado, 24 anos, deu entrada em um posto de saúde da Lomba do Pinheiro, com um ferimento de tiro no abdômen. Ele foi preso em flagrante pelo latrocínio. 

— Com certeza é ele. Esteve no local para fazer o levantamento, se passando por um cliente, para depois cometer o assalto — relatou o delegado. 

Além deste preso, outro suspeito foi identificado pela vítima, a esposa do comerciante, e também por uma testemunha como sendo o outro assaltante. Ele teria levado o comparsa até a unidade de saúde e depois fugido. Como ainda não há decretação de prisão, o nome dele não é divulgado pela polícia. Já Machado ainda não prestou depoimento, conforme o delegado, porque permanece hospitalizado. 

Baleado em assalto anterior

Reprodução / Reprodução
Genivaldo Bezerra Capito, 48 anos, vítima de crime

Ainda na terça-feira, logo após o crime, Joelson de Souza Capito, contou que o irmão foi vítima de três assaltos. Há cerca de dois anos, o comerciante foi atingido de raspão em um dos roubos e, depois de recuperado, voltou a trabalhar. Depois disso, Capito teria decidido adquirir legalmente uma arma, o revólver calibre 38 usado por ele para reagir ao assalto. 

 O comerciante estava em casa quando percebeu que o estabelecimento onde a esposa atendia seria assaltado. Joelson contou ainda que o irmão construiu praticamente sozinho a loja e a casa onde morava há cerca de 18 anos. 

— Era um cara honesto, trabalhador. Se tu ver essa casa não acredita que ele construiu sozinho, carregando baldinho nas costas — lamentou. 



MAIS SOBRE

Últimas Notícias