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Golpe

Dono de revenda de veículos é procurado por pelo menos 14 estelionatos em Porto Alegre

Paulo Ricardo Barbiane Assunpção, 54 anos, é investigado por suspeita de cometer crimes na Zona Sul

27/08/2019 - 08h15min


Leticia Mendes
Tadeu Vilani / Agencia RBS
Quinteiro mostra recibo que recebeu da Truck Sul

Com prisão preventiva decretada pela Justiça, o proprietário de uma revenda de veículos que funcionava na zona sul de Porto Alegre está foragido. Paulo Ricardo Barbiane Assunpção, 54 anos, é alvo de investigação da Polícia Civil. São 20 inquéritos para apurar um suposto golpe na negociação de automóveis. A loja Truck Sul, na Avenida Juca Batista, no bairro Hípica, foi fechada há dois meses. 

Segundo a delegada Áurea Regina Hoeppel, da 6ª Delegacia de Polícia, em metade dos casos verificados o prejuízo aos donos dos automóveis soma R$ 500 mil. Os veículos têm valores que vão de R$ 20 mil até cerca de R$ 100 mil. A expectativa da investigadora é encaminhar nesta semana à Justiça 14 procedimentos. Em todos eles, o empresário é apontado como autor de estelionato. Um homem que teria envolvimento nas negociações, mas não teve o nome divulgado, será indiciado pelo mesmo crime. Neste caso, não houve pedido de prisão.  

— Até começou exercendo a atividade de forma legal. Mas, depois, começou a praticar estelionato. Quando não conseguiu mais resolver a situação, fechou a revenda. Procuramos por ele nos endereços registrados, mas não foi encontrado. Há suspeita de que possa estar no Interior — diz Áurea.

Na maioria dos casos, segundo a delegada, os donos deixavam o veículo no local para ser vendido. Na sequência, eram convencidos a assinar um documento que permite transferir a propriedade do carro. Aguardavam pelo pagamento, mas não recebiam. Os automóveis eram vendidos a outras pessoas. 

— Esses veículos foram repassados para outros, que compraram de boa-fé. Em alguns casos, os proprietários chegaram a registrar como furto porque os carros sumiram. Embora, no nosso entendimento, seja estelionato e não furto. A pessoa que comprou sem saber de nada pode estar circulando num automóvel registrado como furtado — explica. 

Depois da primeira ocorrência, em junho, o proprietário da revenda chegou a ser ouvido. Na época, o caso não era tratado como estelionato. Conforme a delegada, no depoimento ele alegou que estava passando por dificuldades financeiras e se comprometeu a resolver a situação com o dono. Em junho e julho, o número de registros foi aumentando. Conforme a delegada, Assunpção não foi mais localizado para prestar esclarecimentos: 

— Naquela oportunidade, ele resolveu a situação com a vítima. Não havia, até então, outras ocorrências que pudessem desencadear investigação ou indiciamento por estelionato. A partir dali, as pessoas começaram a fazer registros. Tentamos contato com ele e não conseguimos mais. 

O pátio onde funcionava a revenda foi esvaziado no fim de junho. GaúchaZH tentou contato com dois telefones (fixo e móvel) cadastrados em nome da empresa, mas estão desligados. 

Sem dinheiro e sem carro

Dono de um Agile, Marcelo de Arruda Quinteiro, 48 anos, conta que foi na revenda por acreditar que seria a forma mais segura de vender o carro. No mesmo dia, diz que foi procurado por Assunpção, que afirmava ter um interessado na negociação. Assinou o documento que permitia que o veículo fosse transferido para outra pessoa. Mas nunca recebeu o valor. 

— Fiquei sem dinheiro e sem o carro. Ele nunca mais atendeu. 

No recibo, consta um número de Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) como sendo da revenda. Na Receita Federal, esse CNPJ possui nome fantasia de empresa baixada em fevereiro de 2015, por omissão contumaz – quando a empresa deixa de apresentar a declaração de imposto de renda por mais de cinco anos seguidos.

Preste atenção

O proprietário deixava o veículo na revenda. Logo após, algumas vezes até no mesmo dia, era informado de que o automóvel foi vendido.

O dono era convencido a assinar o documento que autorizava a transferência de propriedade do veículo, mesmo antes de receber o valor pela venda. Com isso, o suposto golpista podia vender o carro para outra pessoa.

Sem receber o pagamento pela venda, a vítima retornava até a revenda. Neste momento, descobria que a empresa não existia mais e se dava conta do golpe.

Cuidados para não cair

 Se deixar o carro em loja, pesquise antes o histórico da empresa, em sites de reclamações e defesa do consumidor.

 Exija assinatura de contrato para a venda consignada. 

 Só entregue ou transfira o bem negociado depois da confirmação do pagamento.

 Não faça depósitos, transferências ou pagamentos para desconhecidos.

 Se for vítima de golpe ou de tentativa, procure a polícia e registre ocorrência.


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