Polícia



Ex-capitão do Bope

Líder de milícia do Rio de Janeiro é morto em confronto com a polícia na Bahia

Adriano Magalhães da Nobrega estava foragido há mais de um ano

10/02/2020 - 08h49min


AFP
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Secretaria de Segurança Pública da Bahia / Divulgação

Adriano Magalhães da Nobrega, investigado por envolvimento nos assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, foi morto neste domingo (9) em confronto com a polícia da Bahia, anunciaram as autoridades locais.

Foragido há mais de um ano, "Adriano foi localizado pela polícia na zona rural da cidade de Esplanada", a 170 km de Salvador, informou a Secretaria de Segurança do Estado em comunicado de imprensa. 

"No momento do cumprimento do mandado de prisão ele resistiu com disparos de arma de fogo e terminou ferido. Ele chegou a ser socorrido para um hospital da região, mas não resistiu aos ferimentos", diz o comunicado, que aponta que quatro armas foram encontradas na casa onde o suspeito estava escondido. 

Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes foram assassinados em 14 de março de 2018 às 21h30min na região central do Rio. A vereadora negra de 38 anos – identificada com a defesa da minoria LGBT e com as denúncias de violência policial nas favelas – voltava para casa depois de participar de um debate com jovens negras, quando seu carro foi baleado.

Dois ex-policiais militares foram presos sob a suspeita de serem os autores do crime: Ronnie Lessa, de 48 anos, suspeito de ter feito os disparos, e Elcio de Queiroz, de 46 anos, suposto motorista do carro que perseguiu os das vítimas. Até o momento ninguém foi oficialmente apontado como autor intelectual do assassinato, mas a principal suspeita recai sobre o "Escritório do Crime", milícia liderada por Adriano Magalhães da Nobrega.

O deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ), em um áudio enviado à imprensa, afirmou que Adriano não tem relação com o caso Marielle, ao contrário de Ronnie Lessa, também ligado ao Escritório do Crime.

Ex-capitão do Bope, batalhão de elite da política militar do Rio de Janeiro, recebeu em 2005 a medalha Tiradentes, por iniciativa do ex-deputado e atual senador Flávio Bolsonaro

QUEM É QUEM

Capitão Adriano
O ex-capitão já foi preso e solto três vezes, expulso da PM em 2014, homenageado pelo então deputado estadual Flávio Bolsonaro duas vezes. Também teve duas familiares nomeadas no antigo gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Sua ex-mulher, Danielle Mendonça da Costa da Nóbrega, foi empregada em 2007 e sua mãe, Raimunda Veras Magalhães, em 2016. Ambas foram exoneradas no fim de 2018 a pedido. Quem as indicou para os cargos foi Fabrício Queiroz.

Reprodução / Reprodução
Fabrício Queiroz

Fabrício Queiroz
O policial militar aposentado ex-assessor no gabinete de Flávio Bolsonaro. Trabalhou por mais de dez anos - de 2007 a outubro de 2018 - no gabinete do senador, que foi deputado estadual por quatro mandatos. Foi companheiro de Adriano no 18º Batalhão da PM fluminense e hoje é investigado por lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio. Queiroz é citado nessa investigação, que apura a prática de "rachadinha" no gabinete do filho mais velho de Bolsonaro na Alerj. De acordo com o Ministério Público, Flávio controlava contas bancárias usadas para abastecer Queiroz, suspeito de ser o operador do esquema.

REGINALDO PIMENTA / AGÊNCIA O DIA/ESTADÃO CONTEÚDO
Ronnie Lessa à esquerda

Ronnie Lessa
Sargento da reserva da Polícia Militar do Rio, Ronie Lessa é acusado de matar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes. Foi dono de um bingo clandestino na Barra da Tijuca e planejava, antes de ser preso em 12 de março, expandir seu negócio de distribuição de água para áreas dominadas por traficantes de drogas do Rio. As informações constam em relatório da Coordenadoria de Segurança e Inteligência do MP-RJ.

Montagem sobre fotos: Reginaldo Pimenta / Agência O Dia/Estadão Conteúdo
Élcio Vieira de Queiroz

Élcio Vieira de Queiroz
O ex-PM foi apontado nas investigações como o motorista do Cobalt prata usado na emboscada ao carro de Marielle e Anderson. Foi expulso da Polícia Militar do Rio de Janeiro depois de se tornar réu na Operação Guilhotina, deflagrada em 2011. Na época, as investigações apontavam para um grupo de policiais civis e militares acusados de corrupção e de ligação com traficantes da cidade.



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