Polícia



Feminicídio

Após corpo de suspeito ser encontrado, investigação de morte de motorista de aplicativo em Guaíba será encerrada

Testemunha confirmou ter visto momento em que homem se feriu com faca e caiu de ponte

30/06/2020 - 08h56min


Leticia Mendes

A investigação sobre o assassinato de Jennifer Graboski, 25 anos, em Guaíba, na Região Metropolitana, na última terça-feira (23) será encerrada, após o corpo do suspeito do crime ser encontrado no fim de semana. Richard Adriano de Oliveira Silveira, 24 anos, vinha sendo procurado pelo crime. Para a Polícia Civil, o ex-companheiro matou a motorista de aplicativo a facadas e na sequência cometeu suicídio. Uma testemunha confirmou aos policiais ter visto o momento em que um homem se feriu com uma faca e caiu da ponte do Guaíba próximo ao vão móvel, no mesmo ponto em que a motocicleta do suspeito foi encontrada.

Na sexta-feira, enquanto ainda investigavam tanto a hipótese de o suspeito estar morto quanto dele ter fugido, a polícia ouviu uma testemunha que reforçou a possibilidade de óbito. A mulher contou que estava dirigindo, quando foi ultrapassada por um motociclista em alta velocidade e sem capacete, nas proximidades do vão móvel. Junto ao local onde Jennifer foi assassinada, em um posto de combustíveis de Guaíba, foram deixados a faca e o capacete.

— Ela relatou que viu o momento em que ele abandonou a moto em cima da ponte e fez um movimento compatível com uma facada no peito. E teria caído no rio. Ele não teria pulado e, sim, caído, como se tivesse perdido os sentidos — explica a delegada Karoline Calegari, que investiga o feminicídio.

A partir desse relato, a polícia decidiu acionar o Corpo de Bombeiros. Os mergulhadores passaram a vasculhar o ponto onde a motorista afirmava ter visto o homem cair da ponte. Sem visibilidade, os chamados homens-rãs usam o tato e a orientação de outro bombeiro, do lado de fora, para fazer a procura.

— As condições ali são muito adversas, não há visibilidade e estava muito frio. Além disso, havia muito entulho naquele ponto, o que dificultou as buscas porque eles se guiam pelo tato. Não foi possível localizar o corpo naquele momento. Mas foi interessante porque os bombeiros nos informaram que, pelo tempo que havia passado, o cadáver deveria emergir no domingo. E foi o que aconteceu — explica a delegada.

Na manhã deste domingo (28), um corpo foi encontrado flutuando próximo da Ilha do Pavão. Ele foi reconhecido como sendo o suspeito. Segundo a delegada, havia pelo menos quatro marcas de perfurações no peito da vítima e ferimentos no rosto. Ela acredita que os machucados tenham sido provocados por ele mesmo, com a faca, e também pelos entulhos na água.

Para a investigação, Silveira perseguiu a ex, a atacou dentro do carro dela, com pelo menos 10 facadas, e depois fugiu até a ponte. O caso deverá ser encerrado como feminicídio, seguido de suicídio.

— Ainda no posto de combustíveis, ele pediu que chamassem socorro para ele e para ela (Jennifer). Ou seja, ele já havia se ferido e, na ponte, novamente foi visto se auto lesionando. Por mais que não haja indiciamento, porque a punibilidade é extinta, ao menos podemos esclarecer para os familiares o que aconteceu. Isso é importante para as famílias inclusive elaborarem o luto — afirma Karoline.  

A motorista de aplicativo havia recebido medida protetiva contra o ex no dia 10 de junho – menos de duas semanas antes do crime acontecer. A jovem havia obtido a ordem judicial, que determinava que ele não poderia se aproximar dela e nem fazer contato, após uma agressão. O casal havia mantido relacionamento por cerca de três anos e tinha uma filha.

Onde pedir ajuda

  • Na BM, pelo 190 
  • Disque Denúncia, pelo 181
  • No WhatsApp da Polícia Civil (51) 98444-0606
  • Pela internet, no site da SSP (clique aqui)
  • Pelo Disque 180

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