Polícia



Desfecho trágico

Polícia segue buscas por suspeito de feminicídio de motorista de aplicativo em Guaíba

Jennifer Graboski, 25 anos, havia feito primeiro registro de violência doméstica em junho e tinha medida protetiva contra o ex

25/06/2020 - 09h28min


Leticia Mendes

Após procurar a ajuda da polícia por ter sido vítima de uma agressão, no início de junho deste ano a motorista de aplicativo Jennifer Graboski, 25 anos, teve medida protetiva deferida pela Justiça. De acordo com a ordem judicial, o ex-companheiro, um rapaz de 24 anos, não poderia se aproximar dela. Mas na tarde desta terça-feira (23), a jovem acabou morta a facadas, enquanto trabalhava em Guaíba, na Região Metropolitana. O principal suspeito do feminicídio é o ex, que está sendo procurado.

— Ela estava sendo monitorada pelas instituições para verificar se estava havendo descumprimento de medida. Nesse caso, caberia representação pela prisão dele. Mas, infelizmente, a primeira vez que ele descumpriu a medida foi de maneira irreversível, da pior forma possível — afirma a delegada Karoline Calegari, que investiga o caso.

Segundo a policial, Jennifer procurou a polícia em 9 de junho após ser vítima de uma agressão por parte do ex, com quem manteve relacionamento por três anos — o casal tinha uma filha — e teve medida deferida no dia seguinte, 10 de junho. Conforme o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, a ordem determinava o afastamento do local de convivência com Jennifer. Ele não deveria se aproximar dela a uma distância inferior a 100 metros e nem tentar  qualquer espécie de contato, mesmo por telefone.

Aos familiares, a jovem teria relatado que o ex teria lhe dado um prazo para que voltasse para ele, ou lhe mataria e se suicidaria na sequência. Esta é uma das linhas investigadas pela polícia, já que após o crime a motocicleta dele foi encontrada junto à ponte do Guaíba. Por isso, seguem sendo feitas buscas. Imagens do local estão sendo analisadas nesta quarta-feira (24) para saber se ele realmente pode ter se jogado na água.  

— Também não descartamos que ele tenha usado isso para tentar se eximir e tenha fugido. Estamos com equipes procurando por ele. É um caso clássico de violência doméstica, de feminicídio. Agora no mês de junho foi a primeira ocorrência dela contra ele, embora já viesse sofrendo violências. Foi determinado o afastamento e a Patrulha Maria da Penha da Brigada Militar passou a monitorar a situação — explica a delegada.

Segundo Karoline, na quinta-feira (18) foi feito o último contato da BM com a vítima. A jovem não teria comunicado nenhuma tentativa de descumprimento da medida por parte do ex. Na tarde desta terça-feira, conforme a polícia, o rapaz seguiu Jennifer de motocicleta, enquanto ela realizava de carro uma corrida de aplicativo, e em um posto de combustíveis invadiu o veículo da jovem pelo lado do carona. Segundo a perícia, ela foi atingida por pelo menos 10 facadas. Na sequência, o autor fugiu deixando a faca e o capacete no local.  

— A Polícia Civil está dedicando a esse caso a importância e seriedade que ele tem. Quando acontece um caso desses, existe uma decepção, uma frustração por parte de todos os órgãos envolvidos na proteção dessas vítimas — confidencia a delegada.

Karoline destaca que no município, além da Patrulha da BM — que acompanha vítimas de violência com medida protetiva e reporta os casos de descumprimento ao Judiciário — existem outras ações, como um programa desenvolvido pelo Ministério Público, para tentar aproximação e fortalecimento das mulheres agredidas. Segundo a delegada, a Polícia Civil ampliou os pedidos de prisão de agressores e de mandados de busca nos últimos meses, em relação ao ano passado.  

— Estamos sempre nos articulando para fortalecer a rede e aumentar a proteção. O que pedimos é que isso não sirva de desestímulo às mulheres vítimas de violência, que não deixem de denunciar. E que a sociedade se articule para evitar que tragédias como essa aconteçam — afirma a delegada.

Patrulha Maria da Penha

Segundo o capitão Volmir da Silveira Quintana, do 31º Batalhão de Polícia Militar, de Guaíba, a equipe da Patrulha Maria da Penha esteve na residência de Jennifer na semana passada, mas ela não estava em casa, possivelmente porque estaria trabalhando atendendo corridas por aplicativo. 

— Por isso, a equipe fez contato com ela por telefone. Mas ela relatou que, naquele momento, estava tudo calmo, que ele não tinha feito mais contato com ela. É um fato triste, que nos choca muito, mesmo sendo policial — disse o oficial. 

Conforme a BM, em Guaíba são 150 mulheres que contam com acompanhamento da Patrulha. São realizadas, em média, oito visitas por dia nas casas das vítimas que possuem medida protetiva. 

Onde pedir ajuda

  • Na BM, pelo 190 
  • Disque Denúncia, pelo 181
  • No WhatsApp da Polícia Civil (51) 98444-0606
  • Pela internet, no site da SSP (clique aqui)
  • Pelo Disque 180

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