Polícia



Três Passos

Após criar perfil falso de adolescente, homem é preso por suspeita de integrar grupos de pornografia infantil

Segundo a polícia, investigado atuava no noroeste do Estado e foi preso na casa de parentes em Novo Hamburgo

14/08/2020 - 10h57min


Jeniffer Gularte
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Carlos Macedo / Agencia RBS

Um homem de 29 anos foi preso nesta terça-feira (11) por suspeita de se passar por adolescente em redes sociais para integrar grupos de pedofilia. O suspeito era investigado por furto quando teve o celular apreendido pela polícia. Mediante autorização judicial, foi feita extração dos dados e identificada sua participação em grupos de troca de vídeos e fotos de pornografia infantil em duas redes sociais. Em ambas, utilizava um perfil falso com a foto de um adolescente de 12 anos e o nome fictício de Artur Carlos.

Indiciado por pedofilia, a prisão aconteceu quando o suspeito estava na casa de parentes no bairro Canudos, em Novo Hamburgo, no Vale do Sinos. O crime investigado, porém, foi praticado, segundo a Polícia Civil, em Três Passos, no noroeste do Estado, onde o homem vivia há cinco anos e trabalhava como servente de pedreiro. O nome do suspeito não foi divulgado devido à Lei de Abuso de Autoridade.

— Suspeitamos que a administração desse grupos é feita de fora do Brasil. No país, localizamos somente ele de integrante. Utilizava o perfil falso para receber e enviar fotos e vídeos. Não temos indicativo de que ele tenha produzido esse material. O fato de armazenar, distribuir e receber este conteúdo no telefone, já configura crime — afirma o delegado de Três Passos Marion Volino.

Conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), pedofilia é "oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive por meio de sistema de informática ou telemático, fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente". A lei também considera crime adquirir, possuir ou armazenar este tipo de conteúdo.

Nos grupos identificados pela polícia, o investigado dizia ser um menino que jogava futebol e que gostava desse tipo de material. A foto do adolescente usada no perfil falso foi pega na internet. Em todos as gravações armazenadas no seu telefone, as crianças falavam em inglês e espanhol.

— Eram vídeos muito chocantes. Muitas coisas nas quais tu não entendes como um ser humano consegue se interessar por isso. Não encontramos conversa dele com crianças, mas tinha conversas nos grupos de pedofilia. E ele se passava por criança para conversar nesses grupos.

Natural de Novo Hamburgo, o suspeito morava em Três Pessoas e tinha antecedentes por furto. De acordo com o delegado, ele fugiu para casa de parentes no Vale do Sinos quando a polícia apreendeu seu celular. Uma semana após sair da cidade, foi localizado e preso. 

Os investigadores encaminharam pedidos de informações ao Facebook e WhatsApp mas, segundo a polícia, ainda não tiveram retorno. O perfil falso foi retirado do ar no Facebook. O delegado, porém, não sabe se a iniciativa foi da rede social ou do próprio suspeito.

"É preciso manter diálogo sempre", diz delegada

O delegado ressalta a importância dos pais acompanharem as atividades dos filhos ao utilizarem internet e redes sociais, especialmente diante de todas as possibilidades de contatos que estes meios oferecem:

— O pedófilo não tem fronteira. É preciso estar sempre cuidando, tentar buscar informações de com quem ele está falando. Pedófilos e criminosos se aproveitam da falta de atenção dos pais para praticar esse tipo de crime. Muitas vezes, os pais trabalham muito e focam em dar boa educação, mas não estão preocupados e atentos a cuidar o que o filho está fazendo no computador ou no celular, com que está falando e que tipo de vídeo esta assistindo.

A titular da Delegacia de Polícia para Criança e Adolescente Vítima de Delitos de Porto Alegre, delegada Sabrina Doris Teixeira reforça que a vigilância deve ser constante e salienta que os pais devem estar atentos às regras de uso das redes sociais:

— Na maioria das redes, o acesso é permitido para maiores de 13 anos. Também é possível instalar aplicativos de monitoramento de uso. É mais perigoso deixar crianças soltas nas redes sociais do que sozinhas em praças e parques.

Segundo a delegada, os pais devem estar atentos às pessoas que dão atenção excessiva aos seus filhos. Sabrina também ressalta que o abusador é, normalmente, progressivo. Começa a agir de forma que nem sempre a criança percebe e depois vai avançando. Até em que, em dado momento, a própria vítima passa a se sentir culpada.

— É preciso manter o diálogo sempre aberto para que os filhos tenham confiança nos pais para conversarem. Trabalhamos com muitos crimes cometidos pela internet. E como esse pai vai tomar conhecimento disso? Se mantendo próximo do filho.


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