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Perfil falso

Golpe do WhatsApp: como criminosos se disfarçam para pedir dinheiro pelo aplicativo; veja dicas para se prevenir

Golpistas costumam se passar por pessoas que são ativas nas redes sociais e têm perfis abertos, como os influenciadores

31/08/2020 - 09h55min


Mariana Fritsch
Mariana Fritsch
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Khunatorn / stock.adobe.com

Depois de crimes cibernéticos envolvendo o auxílio emergencial, clonagem de celulares, falsos depósitos e furtos de cartões, outro golpe tem se tornado mais frequente no Rio Grande do Sul. Trata-se de um estelionato aplicado a partir da criação de um falso perfil de WhatsApp, usado para pedir dinheiro a amigos e familiares da vítima.

Embora o modelo de golpe não seja novo, vem fazendo cada vez mais vítimas, conforme a Polícia Civil, principalmente entre pessoas ativas nas redes sociais, que utilizam o Instagram como ferramenta de trabalho. O fato de a pessoa ter um perfil aberto e com muitas informações sobre vida pessoal e relacionamentos pode facilitar a atuação dos criminosos.

O golpe começa a ser aplicado quando os bandidos criam um perfil de WhatsApp com a foto da vítima, possivelmente encontrada em redes sociais. Por meio do aplicativo de mensagens instantâneas, os criminosos entram em contato com amigos e familiares da pessoa, passando-se por ela. Os golpistas informam que o número de WhatsApp mudou e, após algumas trocas de mensagens, pedem uma transferência bancária. A ajuda financeira é solicitada com histórias fajutas, como a necessidade de pagamento a um fornecedor, após a pessoa já ter excedido o limite de transferências bancárias do dia.

Segundo o delegado André Anicet, da Delegacia de Crimes Cibernéticos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), o destino do depósito solicitado costuma ser para contas em Estados diferentes. Para o delegado, uma forma de identificar se a história é, de fato, um golpe, é entrar em contato com a pessoa que supostamente esteja pedindo dinheiro por meio de outro número de telefone, como o do "antigo" WhatsApp.

A influenciadora gaúcha Larissa Ughini foi vítima desse tipo de golpe recentemente. Assim que foi informada por uma amiga (que identificou a armadilha) de que alguém estava usando sua foto para pedir dinheiro, Larissa passou a entrar em contato com familiares com a intenção de advertir sobre a situação. Quando telefonou para a mãe, já era tarde:

— Ela me disse: "Acabei de ir na lotérica para fazer um depósito para ti". Eu tinha mudado de operadora, e a minha mãe achou que eu tivesse mudado de número também. Foi uma triste coincidência. Usaram uma foto muito recente, que eu tinha postado no dia anterior. E a pessoa iniciou a conversa perguntando se minha mãe tinha visto a foto nova que eu postei. Minha mãe caiu e fez um depósito de R$ 1 mil.

Depois, Larissa descobriu que o número de WhatsApp usado com sua imagem também era usado para enganar outras pessoas, mas com uma nova foto. Com isso, usou sua influência no Instagram, onde acumula mais de 50 mil seguidores, para alertar outras pessoas.

— Toda vez que a foto era trocada, eu ia nos meus stories e dizia: "Pessoal, essa é a nova vítima". Eu identifiquei, por meio dos meus seguidores, mais duas vítimas — conta Larissa.

Além dos influenciadores, os médicos passaram a ser vítimas desse tipo de crime com mais frequência, como mostrou uma reportagem do Jornal Nacional, neste sábado (29). Um dos casos citados pelo programa foi de um profissional que relatou sete tentativas de aplicação de golpe em pessoas próximas por meio da criação de perfis falsos. Outra vítima, o pai de um médico, disse que caiu na armadilha e fez cinco transferências para os criminosos, totalizando R$ 30 mil:

— Ele (estelionatário) falou: "Estou na clínica, precisando de um favor seu, meu limite excedeu, preciso tirar um dinheiro hoje, preciso para pagar com urgência um fornecedor e não tenho como" — contou a vítima ao Jornal Nacional.

Previna-se

Os estelionatos cresceram durante o período do distanciamento social no Rio Grande do Sul. No primeiro semestre de 2020, foram 22.183 casos de golpes comunicados à polícia, maior número para o período desde 2002, quando os dados começaram a ser divulgados pela Secretaria da Segurança Pública do Estado. O aumento, em relação ao mesmo período do ano passado, é de 74%.

A prevenção ainda é considerada a principal estratégia de combate a esse crime. Confira dicas para não cair em golpes:

  • Não acredite em desconhecidos que lhe abordam na rua ou por telefone. Não acesse links na internet dos quais não tenha segurança. Desconfie;
  • Golpistas, em geral, oferecem alguma vantagem para atrair a vítima e têm pressa para obter a vantagem. Fique atento a isso;
  • Converse com familiares, amigos ou mesmo gerente de banco se tiver desconfiança. Estelionatários tentam criar meios de impedir que a vítima busque orientação, como mantê-la ao telefone, para que não seja alertada;
  • Não faça depósitos bancários e nem recargas de celulares para quem não conhece;
  • No caso dos leilões, verifique se os leiloeiros estão cadastrados junto ao Judiciário. As contas para depósito em leilões oficiais não são de pessoa física ou jurídica e, sim, judiciais;
  • No WhatsApp, habilite a verificação em duas etapas e não forneça esse tipo de código por telefone. Mas, caso já tenha sido vítima, tente rapidamente deletar o aplicativo, baixar e registrar novamente. Caso isso não funcione, se o PIN for solicitado, insira o número errado até que o app seja bloqueado temporariamente. Avise seus contatos, por meio das redes sociais ou pessoalmente, sobre o risco de alguém pedir dinheiro em seu nome. Comunique a clonagem por e-mail ao WhatsApp (support@whatsapp.com) para que a conta seja bloqueada;
  • Caso seja contatado por alguém próximo, dizendo que mudou de WhatsApp, ligue para o número que já tinha da pessoa e confirme isso
  • Em aluguéis de imóveis, desconfie de preços abaixo do mercado, se o dono exigir adiantamento e tiver pressa para que o depósito seja feito ou mesmo se o proprietário não aceitar atender a ligações ou se recusar a receber visita do locatário, para conferir a casa;
  • Se receber contato por telefonema ou mensagem de familiar pedindo ajuda, certifique-se de que é real. Converse com outros parentes antes de fazer qualquer depósito;
  • Se estiver vendendo algo, não entregue o bem antes de ter certeza de que recebeu o valor do pagamento. Depósitos só são confirmados pelo banco após a conferência do envelope. Então, aguarde para enviar a mercadoria;
  • Se tiver um familiar ou conhecido idoso, oriente a pessoa sobre os golpes mais comuns e como se prevenir deles;
  • Se for vítima, chame a Brigada Militar ou vá até a Polícia Civil. Tente repassar aos policiais o máximo de informações sobre os golpistas;
  • Se você sabe quem está praticando golpes, denuncie pelo 197, pelo WhatsApp da Polícia Civil (51)b98444-0606 ou procure a Delegacia de Polícia mais próxima.

Fonte: Polícia Civil-RS

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