Polícia



Santo Antônio da Patrulha

Grupo criminoso está por trás de execução de adolescente com 120 tiros no Litoral Norte

Bruno Michaelsen da Silva, 15 anos, foi morto no dia 19 de julho

13/08/2020 - 09h09min


Leticia Mendes
Bruno Michaelsen da Silva / Arquivo Pessoal
Bruno saiu da casa onde morava com os pais em Gramado e horas depois foi encontrado morto

Um grupo criminoso vinculado ao tráfico de drogas no Vale do Paranhana e também na região de Gramado, na Serra, está por trás da execução de um adolescente, segundo a investigação da Polícia Civil. Bruno Michaelsen da Silva, 15 anos, foi encontrado morto no dia 19 de julho, na área rural de Santo Antônio da Patrulha, no Litoral Norte, a 70 quilômetros de onde morava. Na cena do crime, foram disparados pelo menos 120 tiros.

— A investigação está bastante avançada. Já apuramos que há vínculo com o tráfico de drogas. É o tipo de crime que tem mandante e tem quem executou — afirma o delegado regional do Litoral Norte, Heraldo Guerreiro.

Para a polícia, embora o crime tenha acontecido em Santo Antônio da Patrulha, o município só foi usado como área para a execução. O adolescente foi encontrado morto na localidade de Pinheirinhos, que fica próxima do limite com Rolante, no Vale do Paranhana. Tanto a vítima era de fora da cidade, como o grupo que é investigado por envolvimento no crime. A polícia acredita que a escolha do local possa ter sido estratégia dos autores para tentar dificultar a investigação.

Bruno não possuía passagens policiais, mas é apurada a possível ligação do adolescente com os investigados. O grupo teria atuação em Três Coroas, no Vale do Paranhana, e em outras cidades próximas, segundo a investigação. A própria família do adolescente suspeitava desde o início de envolvimento de alguma facção criminosa, em razão da brutalidade da execução.

O garoto morava com os pais em Gramado, de onde saiu e não retornou mais. Na manhã seguinte, foi encontrado morto, em uma cena brutal — ele foi alvejado diversas vezes. Na execução foram usadas pistolas e também fuzil. Segundo o delegado regional, para traçar o perfil de Bruno, foram ouvidas pessoas vinculadas a ele no município onde vivia, como pais, amigos e uma namorada, também adolescente. Para isso, a investigação conta com a colaboração da equipe de Gramado.

O avanço da apuração depende agora especialmente do retorno de perícias solicitadas pela polícia em telefones celulares e armas apreendidos recentemente durante buscas. Desde o fim do mês passado, dois policiais de Porto Alegre foram deslocados para o Litoral Norte para auxiliar na investigação. Eles seguem trabalhando em Santo Antônio da Patrulha.  

— Foi enviado muito material para a perícia. Isso demora um pouco. Mas temos uma linha de investigação bem definida e suspeitos. Pelas características do crime, a execução teve vários participantes. O reforço policial está sendo imprescindível nesse trabalho, que é bastante complexo— avalia o delegado Guerreiro.

Segundo a polícia, até o momento ninguém foi preso.

O crime

Na madrugada de 19 de julho, Bruno saiu de casa por volta da 1h30min e não chegou a dizer aos pais, que já estavam deitados, onde estava indo. Os familiares acreditavam que ele havia ido até um amigo, vizinho da família. Mas como não retornou, no dia seguinte começaram as buscas por ele. O corpo foi localizado durante a manhã, no Litoral Norte.

A polícia acredita que o adolescente tenha sido levado até Santo Antônio da Patrulha em algum veículo, para ser executado. Moradores relataram aos familiares que naquela madrugada o adolescente foi visto nas proximidades de casa, parado na rua. Questionado sobre o que estava fazendo ali, teria dito que aguardava por alguns amigos, e na sequência teria embarcado em um veículo branco. O corpo de Bruno foi abandonado sem documentos, sem o celular e com disparos no rosto, o que poderia dificultar inclusive a identificação — a família reconheceu por uma tatuagem.


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