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Norte do RS

Mãe e advogados da família de jovem morta em Soledade sofrem ameaças de facção

A Polícia Civil apurou que a morte foi encomendada e executada pelo grupo criminoso que atua no município

28/08/2020 - 08h40min


Jeniffer Gularte
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Taís Vicenzi / IGP
Corpo de Paula foi localizado na madrugada de 17 de agosto no interior de Soledade

Com o avanço na elucidação da morte de Paula Perin Portes, 18 anos, em Soledade, a mãe da jovem e os advogados da família passaram a receber ameaças. A principal suspeita da Polícia Civil é de que as intimidações venham da facção criminosa que atua no tráfico de drogas na cidade e que tem base no Vale do Sinos. A investigação aponta que o assassinato de Paula foi encomendado e executado por esta organização criminosa. Paula desapareceu na madrugada de 11 de junho, após marcar um encontro com um dos integrantes do grupo, e seu corpo foi encontrado em 17 de agosto enterrado no interior do município.

Depois que a bolsa da jovem foi localizada dentro de um açude, em 4 de agosto, Marisete Perin, 49 anos, recebeu mensagens em uma rede social. Segundo a mãe, no texto uma pessoa desconhecida ameaça sua família de morte e diz que sabe seu endereço:

— A pessoa escreveu um monte de coisa e eu bloquei o contato. Não sei do que essa facção é capaz. Acho que são capaz de tudo.

Marisete não registrou ocorrência, mas contou para a polícia. Dias depois, a advogada da mãe, Salete Canello foi informada de que estavam fotografando e filmando a entrada e a saída do seu escritório e da sua casa em Soledade.

— Pessoas conhecidas minhas viram essas fotos sendo feitas e me informaram. Fui até a delegacia e registrei ocorrência. Agora, com qual intuito isso é feito? Provavelmente para intimidar e tentar nos acuar depois que a investigação teve um grande impulso e começamos a receber muitas informações.

Advogado do pai de Paula, Alisson da Silva Doneda conta que recebeu uma ligação de um número privado no dia do velório da jovem, em 17 de agosto. Segundo Doneda, um homem lhe disse que ele não devia ter assumido o caso e que seu lugar era em Passo Fundo, cidade onde mantém o escritório:

— Disseram que sabiam quem eu era, que era para eu cuidar quando fosse a Soledade, que me acompanhavam quando estava na cidade. Estou tranquilo, mas tomei algumas precauções em relação a minha segurança.

Responsável por investigar a morte de Paula, delegada Fabiane Bittencourt irá anexar ao inquérito os relatos de ameaças. Avalia que são atitudes intimidatórias e que não podem ser menosprezadas pela polícia:

Arquivo pessoal / Arquivo Pessoal
Paula desapareceu na madrugada de 11 de junho ao ir encontrar Ortiz, que segue foragido

— Especialmente a ameaça envolvendo o doutor Alisson. Eles foram precisos ao se referir ao caso Paula. Estamos monitorando essas situações, se voltar a acontecer, vamos tomar medidas mais contundentes, o que pode até caracterizar alguma coação no curso do processo.

Fabiane reforça que os quatro homens que serão indiciados são vinculados à facção criminosa. Um deles seria líder do tráfico em Soledade. Outro, ainda está foragido: Micael Willian Rossi Ortiz, 22 anos. O suspeito foi usado para atrair a jovem para o local do crime. No entendimento da polícia, Paula foi asfixiada pois sabia de crimes cometidos pelos suspeitos.

— Estamos em um momento em que muito já se descobriu, inclusive a localização do corpo. Devem estar se sentindo surpresos e querem qualquer meio possível para se livrar da responsabilização que é nítida e comprovada. Juntamos muitas provas de que existe a organização criminosa, que atuavam na comercialização de cigarros contrabandeados e no tráfico de drogas — afirma a delegada.

O inquérito deve ser concluído na próxima semana. A polícia também busca responsabilizar outras pessoas que tenham se envolvido na ocultação do corpo de Paula, que ficou 67 dias desaparecido.


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