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Bebê atingido na cabeça por bala perdida recebe alta em Passo Fundo

Nesta quarta-feira (23), mesmo dia em que completou um ano e 10 meses, criança teve alta da pediatria do Hospital São Vicente de Paulo, após ficar 33 dias internada e passar por duas cirurgias

25/09/2020 - 08h47min

Atualizada em: 25/09/2020 - 09h13min


Jeniffer Gularte
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Arquivo Pessoal / Arquivo Pessoal

Na primeira noite do filho caçula fora do hospital, a dona de casa Juliana Lima Rodrigues, 30 anos, não conseguiu dormir. Passou a madrugada observando se Erick Boeira estava bem. O bebê recém voltara para casa, após ser atingido por uma bala perdida na cabeça na noite de 21 de agosto, em Passo Fundo. No mesmo em dia em que completou um ano e 10 meses, a criança teve alta da pediatria do Hospital São Vicente de Paulo, no final da tarde desta quarta-feira (23).

— Fiquei a noite toda acordada, olhando para ele. Eu não conseguia dormir. Mas ele dormiu tranquilo e acordou cedo — conta a mãe.

Arquivo Pessoal / Arquivo Pessoal

Em 33 dias internado, Erick ficou uma semana sedado no centro de terapia intensiva (CTI) e passou por duas cirurgias. Os pais consideram a recuperação do menino um milagre e a equipe médica também se surpreendeu com a resposta do garoto ao tratamento. Após ser vítima do disparo, Erick tinha 98% de chances do seu quadro evoluir para morte cerebral. A bala entrou do lado direito da cabeça, atrás do ouvido, e se alojou no meio do cérebro, do lado esquerdo.

Arquivo Pessoal / Arquivo Pessoal

Erick já consegue falar todas as palavras que pronunciava antes, come sozinho e segura o copo de água com a mão direita. Também ganhou peso: entrou no hospital com 12 quilos e agora está com 13. A criança, que começou a caminhar com 11 meses, por enquanto, não consegue andar e nem se firmar para sentar. Também apresenta déficit de força no lado esquerdo do corpo, que pode ser recuperado com fisioterapia. Além da atenção da família em período integral, é acompanhado por um fonoaudiólogo e seguirá tomando medicamentos para se recuperar totalmente.

— Ele sempre foi uma criança muito ativa, já estava cansado de ficar no hospital, em um lugar fechado. Quando viu que voltou para casa, ficou faceiro. Beijou e abraçou muito o mano dele. Ele conversa, movimenta o pescoço, adora bola, joga com o pé direto e estica a perna esquerda — conta a mãe.

A alta de Erick também permitiu o reencontro com o irmão Enzo, de quatro anos. Por mais de um mês, a dupla só se via por videochamada. O pai, o gesseiro Robson Boeira, 32 anos, diz que sente como se estivesse acordando de um pesadelo:

Divulgação / Acervo pessoal
Registro do encontro de Erick e o irmão Enzo, de quatro anos, após mais de um mês afastados

— Os primeiros cinco dias em que eu vi ele no CTI parecia que meu filho tinha ido embora. Foi muito difícil. Só Deus para explicar o que aconteceu. Agora, estamos aliviados, só de chegar em casa e ver o mano acho que ele já melhorou mais um pouco. Foi um milagre, nossa alegria é enorme e agradecemos muito a mobilização por orações que recebemos.

Segundo Juliana, os médicos disseram que Erick tem possibilidades de recuperar todas as habilidades. Até ser atingido por um tiro, o menino andava de bicicleta, era ágil e sapeca e se recusava a ganhar comida na boca, pois fazia questão de se alimentar sozinho. A mãe recorda com detalhes de cada avanço apresentado pela criança enquanto na internação e conta que todos os dias identifica uma nova melhora no filho:

— Primeiro começou a movimentar o pescoço, depois conseguiu firmar o pescoço, aí movimentou o lado direito, depois já conseguia segurar o celular para conversar com o avô e o mano. Foi uma evolução visível. Agora, ele está um pouco mais lento devido a gravidade do que aconteceu, mas a princípio ele tem tudo para voltar 100%.

Na noite em que foi atingido, Erick estava no colo da mãe, no banco de trás do carro. Eram 23h e a família voltava de trajeto curto, de cinco quadras, após dar uma carona ao irmão de Juliana.

— Não conseguíamos acreditar no que estava acontecendo. Essa realidade era muito distante de nós. Víamos isso acontecer no Rio de Janeiro e jamais achávamos que poderia acontecer com a gente — afirma a dona de casa.

Autor confesso denunciado por tentativa de homicídio qualificado

Um homem de 31 anos, apresentou-se à polícia cinco dias após o crime e admitiu que realizou três disparos na noite de 21 de agosto. A polícia não divulga o nome do suspeito, mas GZH apurou que trata-se de Tailor Rodrigues Fortes. O autor confesso, em depoimento, disse que estava caminhando acompanhado de um casal quando dois homens ameaçaram atacá-los com uma faca. Foi então que efetuou os disparos. Segundo ele, um tiro foi efetuado para o alto e dois em direção à dupla. 

A delegada Daniela Minetto, titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Passo Fundo, indiciou o homem por tentativa de homicídio e porte ilegal de arma.  O Ministério Público ofereceu denúncia em 3 de setembro por tentativa de homicídio qualificado. Preso preventivamente, está detido no Presídio Regional de Passo Fundo.


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