Polícia



Solidariedade

Moradora de Novo Hamburgo doa bicicleta para entregador de app atacado por condutor de veículo em Porto Alegre

História de jovem de 21 anos sensibilizou bancária, que decidiu ajudar

24/09/2020 - 09h48min


Leticia Mendes
Isadora Neumann / Agencia RBS
Cleiton Rangel, 21 anos, com sua nova bicicleta

A história de um entregador que teve a bicicleta que usava para trabalhar destruída, após ser atacado pelo condutor de um veículo em Porto Alegre, sensibilizou uma moradora de Novo Hamburgo. Ao ler sobre o caso em GZH, Cristiane Haubrich, 57 anos, decidiu doar ao jovem a Caloi 500 que guardava em casa. Na tarde desta quarta-feira (23), Cleiton Rangel, 21 anos, foi até o município do Vale do Sinos para buscar a bike.  

— Não tenho palavras para agradecer. Agradeço de coração — disse o rapaz, após receber a bicicleta nesta tarde.  

O jovem diz ter sido uma das vítimas de um motorista em um Voyage branco, que vinha perseguindo ciclistas na Capital. Na manhã desta quarta-feira, a polícia apreendeu o veículo e a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) do condutor. Na última quinta-feira (17), Cleiton estava a caminho de uma entrega na Rua José do Patrocínio, no bairro Cidade Baixa, quando precisou frear para não ser atingido pelo veículo e acabou caindo. Ele feriu o pé esquerdo e a bicicleta ficou com as rodas e o guidão tortos.  

Mesmo machucado, o rapaz terminou a entrega e nos dias seguintes ainda insistiu em usar a bike para atender os chamados. No domingo (20), com muita dor, já não conseguia ficar em pé, e precisou enviar a bicicleta para o conserto. No início da semana, conseguiu uma bike emprestada com um vizinho para voltar a fazer entregas. 

— Trabalho todo dia. Preciso trabalhar, não posso parar — contou o jovem.  

Na terça-feira, ao saber da história dele, Cristiane decidiu fazer a doação. Um dos motivos que comoveu a bancária é a ligação que ela mesma tem com o ciclismo. Todos os fins de tarde, costuma pedalar com o marido. Os dois utilizam a ciclovia de Campo Bom, município vizinho a Novo Hamburgo, onde trabalham. Ao final do expediente, o casal se equipa e percorre diariamente 18 quilômetros — são três voltas na ciclovia quem tem 6 quilômetros.  

— Essas pessoas que usam a bike para fazer telentrega inclusive poluem menos. Temos que valorizar esses grupos. Eles também são empreendedores — diz Cristiane.  

A bicicleta doada ao jovem foi usada pela própria bancária. Após comprar um novo modelo, Cristiane tinha resolvido doar a dela para a mãe. Mas, antes que isso se concretizasse, deparou com a história de Cleiton.  

— Entre minha mãe e o menino que precisava usar para o trabalho, fiz uma escolha. Era a bicicleta do meu pedal, de todos os dias. Mas está em perfeitas condições — descreve.  

A entrega foi feita em Novo Hamburgo. De lá, Cleiton retornou de trensurb para Porto Alegre, onde espera continuar trabalhando com suas entregas.

— Pensa numa pessoa feliz — comemorou o jovem. 

O caso do Voyage

Além do jovem, pelo menos outras 10 pessoas relataram terem sido vítimas do mesmo condutor. A maioria dos casos aconteceu na Avenida Edvaldo Pereira Paiva, a Beira-Rio, na orla do Guaíba. Em um dos casos, segundo o ciclista, o motorista chegou a descer do veículo para ameaçá-lo com uma chave inglesa. O condutor deverá ser ouvido na próxima semana pela Polícia Civil


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