Polícia



Devido à pandemia

Mulher apontada como mandante da morte de sargento da reserva em Novo Hamburgo vai para prisão domiciliar

Evandra Palmira de Oliveira, 40 anos, é ré por homicídio triplamente qualificado e estava presa desde janeiro. Policial foi morto com cinco tiros

03/09/2020 - 09h52min


Jeniffer Gularte
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Arquivo Pessoal / Divulgação
Ezequiel Freire, 50 anos, ingressou na Brigada Militar em 1990 em Novo Hamburgo

Considerada mandante do assassinato do companheiro em Novo Hamburgo, no Vale do Sinos, e presa preventivamente desde janeiro, Evandra Palmira de Oliveira, 40 anos, teve sua detenção convertida em prisão domiciliar. A decisão é do dia 26 de agosto e Evandra foi para casa na última sexta-feira (28). O sargento da reserva Ezequiel Freire dos Santos, 50 anos, foi assassinado com cinco tiros na cabeça e no peito na noite de 10 de novembro do ano passado, quando estava em sua usina de reciclagem.

O benefício a acusada foi concedido pela juíza Angela Roberta Paps Dumerque, da Vara do Júri de Novo Hamburgo, e também se estende a outros dois réus do processos. Um deles é Ricardo de Melo, 35 anos, identificado como o criminoso que atirou no sargento e confessou ser o autor da execução.

Evandra é ré por homicídio triplamente qualificado. Os três qualificadores são motivo torpe, pagamento e promessa de recompensa e recurso que impossibilitou defesa das vítimas. Em janeiro, o Ministério Público também ofereceu denúncia pelo mesmo crime a outros quatro coautores – Ricardo de Melo, Alex Sebenello de Oliveira, João Carlos Ribeiro e Veronilda Velsi de Oliveira. Veronilda e Ribeiro já estão em prisão domiciliar. O casal, segundo a polícia, teria ajudado a orquestrar o plano da morte e entregue o revólver de calibre 38 ao atirador.

Na decisão, a magistrada justifica que a pandemia de coronavírus gerou suspensão de prazos o que "acaba por desenhar um contexto de incertezas quanto ao tempo necessário para a concretização da instrução do processo". Por isso, com base na recomendação nº 62 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que orienta que devido à situação imposta pela covid-19 as prisões sejam reavaliadas de acordo com o caso concreto, a juíza entendeu que era possível converter de preventiva a domiciliar as prisões de Evandra, Melo e Oliveira – segundo a investigação, ele levou o autor até o local do crime e auxiliou na fuga. É filho de criação de Veronilda e Ribeiro.

A magistrada argumenta que o trio é réu primário e que não há "indícios de que, em liberdade, podem colocar em perigo a ordem pública". A decisão prevê que Evandra, Melo e Oliveira devem se manter recolhidos em seus domicílios e deles não podem se ausentar sem autorização judicial. Também devem manter endereço atualizado e comparecem aos atos processuais para os quais forem intimados, sob pena de revogação do benefício.

Durante o inquérito policial, Melo contou que foi procurado por Oliveira para fazer uma ligação clandestina de água na casa dos pais dele em Novo Hamburgo. Ao chegar na moradia, teria sido informado que o serviço era outro. A oferta era de R$ 300 para matar um policial aposentado, vizinho deste casal. Para isso, na residência de Veronilda e Ribeiro recebeu um revólver de calibre 38, usado no crime.

Evandra mantinha relacionamento com o policial há um ano e 10 meses, e é considerada como uma das pessoas que teria arquitetado e ordenado a morte. A mulher, conforme o depoimento do autor confesso, teria alegado que era agredida pelo marido e, por isso, queria que ele fosse morto. Ela, no entanto, negou envolvimento no crime em depoimento. Ribeiro e Veronilda se mantiveram em silêncio ao serem ouvidos. A reportagem tenta contato com a defesa de Alex Sebenello de Oliveira.


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