Polícia



 Foragido

Investigado por tiros no Hospital Cristo Redentor foge menos de uma hora após receber tornozeleira

Apontado como chefe do tráfico na Vila São Borja, em Porto Alegre, tem mais de 50 anos de condenação

18/11/2020 - 09h53min


Cid Martins
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Isadora Neumann / Agencia RBS
Tiros em frente à emergência do Hospital Cristo Redentor, zona norte da Capital, ocorreram dia 16 de outubro

Com 53 anos de condenação e investigado por envolvimento em seis homicídios, Adalberto Arruda Hoff, 41 anos, está foragido. Ele rompeu a tornozeleira eletrônica usada para monitoramento de seus passos menos de uma hora depois de ter recebido o benefício de cumprir pena fora do sistema fechado.

Segundo a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe), após passar pela Penitenciária Estadual de Charqueadas (PEC), Hoff foi transferido para a Penitenciária de Alta Segurança do município (Pasc) e, nos últimos dias, estava na Penitenciária Modulada, também na cidade. No dia 11 deste mês houve a solicitação do benefício de progressão de regime devido ao tempo de pena cumprido, o que foi concedido 24 horas depois. Nesta segunda-feira, na casa prisional, a tornozeleira eletrônica foi colocada no apenado exatamente às 17h21min. Às 18h13min, o aparelho foi rompido, o que foi detectado imediatamente pela Susepe. Todas as autoridades de segurança foram comunicadas do fato.

Adalberto Arruda Hoff, 41 anos, conhecido como Beto Fanho é apontado como um dos chefes do tráfico de drogas na Vila São Borja, zona norte de Porto Alegre. Por isso, o nome dele também consta como um dos envolvidos por dar ordens para uma tentativa de triplo homicídio no local no mês de outubro. O caso terminou somente na frente da emergência do Hospital Cristo Redentor, momentos depois do ataque inicial, quando suspeitos atiraram contra o trio que buscava atendimento médico e atingiram uma mulher de raspão em um dos braços.

Retrabalho

A delegada Vanessa Pitrez, diretora do Departamento de Homicídios da Polícia Civil, confirma que Hoff é investigado por estar envolvido nos disparos contra três homens que buscavam atendimento depois de terem sido baleados no condomínio Irmãos Maristas, na Vila São Borja, local em que o foragido é apontado como chefe do tráfico. Os tiros — na região e no hospital — foram motivados por disputa por território entre traficantes na região e ainda por desavenças entre grupos criminosos dentro de presídios.

— Não foi levado em conta no benefício concedido o grau de periculosidade e demais critérios subjetivos que envolvem o preso. São requisitos meramente objetivos ou justificativas humanitárias para as solturas. Ele é uma das principais lideranças do tráfico na região, responsável também pela guerra entre traficantes da Vila São Borja com o bairro Sarandi, o que gerou inúmeros homicídios. Agora ele ganha as ruas e cabe a nós prender ele novamente — explica Vanessa.

Vanessa ainda ressalta que toda a informação possível sobre o investigado já havia sido repassada para as autoridades competentes. A Brigada Militar informou que foi necessário manter efetivo no hospital até que o último dos três baleados continuasse em atendimento médico. 

Isadora Neumann / Agencia RBS
Além da Polícia Civil informar que vai ter retrabalho, foi necessário manter efetivo da Brigada Militar para segurança do local

Benefício

A juíza Sonáli da Cruz Zluhan, da 1ª Vara de Execuções Criminais de Porto Alegre, diz que não havia referência no processo a fatores como investigação por outros homicídios, envolvimento em guerra do tráfico na zona norte da cidade e suspeita de ligação com os tiros na frente do Hospital Cristo Redentor.

Segundo a magistrada, só havia a referência sobre a troca recente de um presídio. Além disso, ela destaca que, quando a defessa de Hoff solicitou a progressão de regime, não houve parecer contrário do Ministério Público. Sonáli explica ainda que o benefício só foi concedido porque a conduta do preso era plenamente satisfatória, além do fato de que ele já tinha direito legal para progressão.

— Avaliamos todos os critérios possíveis para conceder um benefício, tanto é que, por precaução, solicitamos a colocação da tornozeleira na casa prisional, mas no processo não tinha referências da polícia sobre as questões investigadas. Além disso, não concedemos esse benefício para condutas regulares durante cumprimento de pena. E a dele era plenamente satisfatória, havia prazo legal para isso, um pedido da defesa e sem parecer contrário da promotoria – explica Sonáli. 

GZH tenta contato com a defesa de Hoff para contraponto. 


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