Polícia



“Black Dolphin”

Operação contra pornografia infantil é realizada em quatro Estados e tem quatro presos no RS

Mandados foram cumpridos em nove cidades gaúchas nesta quarta-feira. Em todo o Brasil, são 220 alvos da ofensiva

26/11/2020 - 09h51min


Cid Martins
Enviar E-mail
Gustavo Gossen
Gustavo Gossen
Enviar E-mail
Polícia Civil / Divulgação
Cerca de 50 policiais gaúchos cumpriram mandados judiciais em nove cidades gaúchas nesta quarta-feira

As polícias de Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais realizaram nesta quarta-feira (25) a Operação Black Dolphin, contra uma organização criminosa investigada por pornografia infantil na internet. No Estado, quatro pessoas foram presas em flagrante por crimes sexuais em Gravataí, Porto Alegre, Pelotas e Frederico Westphalen.

A ação ocorreu também em outras cinco cidades gaúchas por meio do cumprimento de mandados de busca. O homem apontado como chefe da quadrilha foi detido em São José do Rio Preto, no interior paulista, onde morava com um filho de cinco anos.

Até as 10h30min, 40 pessoas foram presas nos quatro Estados — elas não tiveram os nomes divulgados. No RS, cerca de 50 agentes e oito servidores do Instituto-Geral de Perícias (IGP) participaram da ação.

Além das quatro cidades gaúchas onde houve prisões em flagrante — já que os peritos comprovaram os crimes de armazenamento e compartilhamento de material pornográfico envolvendo crianças e adolescentes —, ordens judiciais foram cumpridas em Rio Grande, Santa Rosa, Três de Maio, Soledade e Carazinho. Em Pelotas, um homem que já era investigado por abuso sexual de adolescente também foi detido por porte ilegal de arma de fogo.

— Eu ressalto a integração entre as polícias dos quatro Estados, mas também a participação do IGP, já que os peritos foram fundamentais para a prisão em flagrante ao comprovar na hora os delitos. Outros suspeitos, onde houve mandados de busca nas demais cidades, podem vir a ser presos, isso após análise pericial mais detalhada do material apreendido nas residências deles — dissea chefe da Polícia Civil do RS, delegada Nadine Anflor.

Investigação começou há dois anos

Polícia Civil / Divulgação
Peritos do Instituto-Geral de Perícias (IGP) acompanharam os policiais civis durante a operação Black Dolphin

A chamada Operação Black Dolphin começou há dois anos, após investigação da polícia paulista sobre a venda de uma adolescente para exploração sexual na Rússia. Inclusive, o suspeito pelo crime é o homem preso nesta quarta-feira em São José do Rio Preto, que é tio da vítima.

O investigado, de 43 anos, é apontado como chefe da organização criminosa que está interligada de forma online em todo o país. O filho dele, de cinco anos, foi encaminhado para os avós, já que a criança morava com o pai.

Na residência do detido, foram apreendidas máquinas fotográficas e computadores. Ele foi flagrado armazenando material pornográfico infantil.

Segundo o diretor do Gabinete de Inteligência e Assuntos Estratégicos (GIE), delegado Endrigo Marques, os agentes paulistas descobriam, em 2018, uma rede de criminosos que produz, vende e compra vídeos de crianças e adolescentes em situações de vulnerabilidade sexual. Marques ressalta que o trabalho agora, no Rio Grande do Sul, será interrogar os presos e analisar todos os computadores, notebooks e pen drives apreendidos.

Já o delegado Thiago Albeche, do Departamento Estadual de Proteção a Grupos Vulneráveis (DPGV), ressalta que os crimes previstos têm penas de até quatro anos de prisão no caso de armazenamento e de seis anos para compartilhamento de material pornográfico infantil.

Segundo ele, os suspeitos são homens entre 37 e 59 anos de idade, todos com boa condição financeira. Albeche destaca ainda que os criminosos se sentem seguros e intocáveis ao atuar nas chamadas deep e dark web — faces “ocultas” da internet —, além de não acreditarem que a investigação possa descobri-los.

A operação recebeu o nome de Black Dolphin devido ao perfil usado pelo chefe do grupo criminoso. Segundo a polícia, este também é o apelido de uma prisão de segurança máxima na Rússia.

A chefe de Polícia Civil gaúcha ainda faz um alerta aos pais e responsáveis pelas crianças e adolescentes. Segundo ela, é necessário acompanhar sempre o que eles buscam na internet e os contatos que têm na rua.

— Temos que cuidar mais das nossas crianças, acompanhem sempre e denunciem — ressaltou Nadine.

No total, são 220 alvos de busca e prisão nos quatro Estados nesta quarta-feira. Além dos quatro detidos em cidades gaúchas, há outros 32 em São Paulo, um no Rio de Janeiro e dois em Minas Gerais. Um dos suspeitos foi preso no Espírito Santo porque não foi localizado no Rio, mas é investigado pela polícia fluminense. 


MAIS SOBRE

Últimas Notícias