Polícia



Operação em dois Estados

Como agia a quadrilha que usava vendas falsas para sequestrar e extorquir vítimas

Criminosos atraiam vítimas com ofertas na internet, realizavam os sequestros e exigiam valores que chegavam até R$ 300 mil

10/12/2020 - 09h47min


GZH
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Reprodução / Polícia Civil
Foram apreendidos documentos, celulares, pen drives, tablets, 03 veículos e valores em espécie.

A Polícia Civil do RS, através da 1ª Delegacia de Polícia de Repressão a Roubos, do Departamento Estadual de Investigação Criminal, desarticulou na quarta-feira (9) uma organização criminosa que praticava extorsão mediante sequestro no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina

Segundo a Polícia Civil, eles faziam anúncios em diferentes plataformas de vendas na internet e atraiam pessoas de vários Estados do país. As vítimas eram convencidas a fazer a retirada dos produtos do Rio Grande do Sul, os suspeitos marcavam encontros com elas e, no momento da suposta venda, e rendiam elas com arma de fogo. O sequestro era realizado e as vítimas eram forçadas a transferir os valores exigidos para as contas bancárias dos integrantes da organização criminosa.

 O dinheiro recebido pelo resgate era depositado em contas bancárias no Brasil, de onde era enviado para outras contas e até para casas de câmbio no Exterior, onde era sacado em espécie. De acordo com a Polícia Civil, os criminosos responsáveis pela negociação costumavam chamar as vítimas de “gado”. Segundo a polícia, em alguns casos, os resgates chegaram a R$ 300 mil.

De acordo com a Polícia Civil, os crimes foram praticados em Santo Antônio da Patrulha, Porto Alegre, Osório e  Torres. O delegado responsável pela operação, João Paulo de Abreu, acredita que possa haver muitas outras vítimas. 

— Temos certeza de que mais pessoas foram vítimas [da organização]. Mas, pela intensa ameaça desses criminosos, essas pessoas nem sequer procuraram a polícia para dar conta do que tinham passado.  

A polícia já havia efetuado prisões dos criminosos que faziam as ameaças e os sequestros. A operação deflagrada nesta quarta tinha o objetivo de deter os autores intelectuais dos crimes, ou seja, aqueles que planejavam as ações, negociavam os resgates e organizavam a lavagem de dinheiro.

Quatro anos de trabalho

A Polícia Civil afirma que o trabalho para descobrir os autores dos crimes começou em 2016.  

 — Já se tinha um indício de participação de pessoas de SC e especialmente de Joinville nesses sequestros. Na ocasião, não conseguimos descobrir quem eram os autores. Quando os crimes voltaram a acontecer em 2019 e 2020 novos pedidos de investigação foram feitos, novos meios de produção de provas  tinham sido adotados pela Polícia Civil e finalmente  conseguimos identificar a autoria intelectual desses crimes —, destacou o delegado João Paulo de Abreu. 

Até o momento nenhum suspeito foi ouvido, eles estão presos temporariamente e serão transferidos para o Rio Grande do Sul. 

— Os próximos passos da investigação serão as análises de todo o intenso material apreendido, computadores, telefones, documentos. Nosso objetivo nessa busca e apreensão era reunir elementos que possam contribuir com a ratificação dos indícios de autoria já identificados — afirma Abreu. 

Na operação de quarta-feira (9) foram cumpridas 24 medidas judiciais nas cidades gaúchas de São Leopoldo, Rio Grande, Chuí, Porto Alegre, Gravataí, Igrejinha e nas cidades catarinenses Joinville, Camboriú e Jaguaruna. Houve também o bloqueio das contas bancárias e de ativos de pessoa física e jurídica que receberam valores de um dos sequestros. As prisões foram efetuadas em Joinville (SC) e Igrejinha (RS). Também foram apreendidos documentos, celulares, pen drives, tablets, 03 veículos e valores em espécie. 


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