Polícia



Operação Impostore

Mais três suspeitos de falsificar assinaturas de delegados para tirar carros de depósitos do Detran são indiciados

Inquérito foi concluído nesta segunda-feira e remetido à Justiça

15/12/2020 - 09h45min

Atualizada em: 15/12/2020 - 09h50min


Cid Martins
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Polícia Civil / Divulgação
Um dos documentos falsificados usados pelos criminosos

A Polícia Civil indiciou mais três pessoas na Operação Impostore, que apura o funcionamento de uma organização criminosa especializada em falsificar assinaturas de delegados para retirar carros de depósitos vinculados ao Departamento de Trânsito do RS (Detran). O inquérito foi concluído e remetido à Justiça nesta segunda-feira (14). No início do ano, outras seis pessoas foram indiciadas pelos crimes de falsidade ideológica, violação de sigilo funcional, corrupção ativa e passiva e associação criminosa. Um deles era apontado como mentor do esquema.

A investigação foi realizada pelo delegado Adriano Nonnenmacher, titular da  Delegacia de Repressão à Lavagem de Dinheiro do Departamento de Investigações do Narcotráfico (Denarc). Esta fase teve como objetivo identificar e responsabilizar outros integrantes da quadrilha. Os nomes dos suspeitos não foram divulgados.

— Os suspeitos desta etapa eram quem vendiam as informações sigilosas. Nas outras três fases da operação, que ocorreram entre abril de 2019 a fevereiro deste ano, cinco integrantes já haviam sido presos temporariamente e indiciados, bem como tiveram bens imóveis e ativos financeiros sequestrados, a fim de ressarcimento ao Estado, totalizando 11 pessoas até o momento identificadas — diz Nonnenmacher.  

Nesta fase da operação, foram indiciados um dos líderes do esquema, que está foragido; um funcionário de um Centro de Remoção e Depósito (CRD) do Detran e um funcionário de um tabelionato. O homem apontado como mentor do esquema foi detido no início do ano e está sendo investigado por suspeita de adquirir informações sigilosas e selos notariais, oficiais e assinados, típicos de contratos e petições, para conseguir as liberações.

Segundo a polícia, as assinaturas de delegados eram falsificadas para que fossem liberados veículos apreendidos em operações de depósitos vinculados ao Detran. Esses carros não poderiam estar envolvidos em ocorrências de furto ou roubo. Após as falsificações, os carros eram revendidos pela quadrilha para terceiros ou até mesmo para os próprios criminosos que tiveram os bens confiscados. Além das assinaturas de delegados, o grupo também adulterava documentos de liberação de automóveis.

Nas primeiras fases da operação, foram recuperados três veículos, sendo um caminhão que estava no Paraná, e foram apreendidos mais de 10 documentos de liberação de carros adulterados. Com isso, o Detran mudou a forma de retirada de automóveis apreendidos, adotando medidas adicionais de segurança em depósitos credenciados. Antes, era preciso apenas um ofício de um delegado, o chamado auto de restituição, em um simples documento de texto. Com a mudança, passou a ser necessário que a própria autoridade policial emita um boletim de liberação, uma nova ocorrência, para evitar possíveis irregularidades. Além disso, a ação fica registrada no sistema e pode ser verificada de forma mais fácil antes de qualquer retirada dos carros.

Nonnenmacher ainda ressalta que os responsáveis pelos depósitos também foram orientados a ligar para as delegacias com o objetivo de confirmar a liberação dos automóveis. 

Investigação

Até o momento, a Operação Impostore obteve 24 quebras de sigilo bancário, fiscal e financeiro, 11 quebras telemáticas, 30 mandados de busca, cinco bloqueios de contas bancárias, um sequestro de bem imóvel, apreensão de dois veículos e prisões temporárias, totalizando 77 ordens judiciais cumpridas até este mês no Rio Grande do Sul e ainda no Paraná.

A quadrilha era especializada em falsificações, estelionatos, falsidade ideológica e receptação, tendo como meta principal a retirada fraudulenta de veículos sequestrados judicialmente em operações diversas da Polícia Civil.


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